Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]
Será que os 'donos do mundo',
seguidos daqueles que dão ordens e daqueles que dão conselhos, estão certos, a
desigualdade vem diminuindo?
No Brasil, PIB em queda livre,
inflação alta, corrupção impune, desemprego em ascensão, poupança em baixa, estado
ineficiente, governo [poderes constituídos] sem credibilidade, sociedade
apática, a desigualdade econômica e social continuará em alta - a participação
na renda total dos 10% mais pobres em 1960, era de 1,9%, cinquenta anos depois
regrediu, em 2011 foi de 1,6%; e a renda dos 10% mais ricos que era de 39,6%
praticamente continuou a mesma 39,3%. Ouça agora Dona Severina, acessando https://www.youtube.com/watch?v=fk70CFfO7rE&hootPostID=6e822c5b70bff6b0fed962ffdc008dbd
Em Alagoas, vida caótica,
mais de 60% da população ganha até ½ salário, em maioria, rurícolas, beneficiários
da Lei 11.326, trabalhadores de aluguel e suas famílias - http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/05/pl-da-terceirizacao-ira-precarizar-trabalhadores-rurais-apontam-movimentos-do-campo/
E Maceió e Arapiraca,
principalmente por êxodo rural como por empobrecimento de citadinos, a
favelização. Essa miséria está em expansão, pela pouquíssima renda ao maltrato
a natureza, pelo trabalho familiar penoso ao ineficiente serviço de pesquisa
agrícola e extensão rural estatal e não estatal, pelo precário serviço de saúde
e educação à crescente violência: roubos e homicídios, trabalho e prostituição,
também por aqueles de menor de idade – http://www.ecodebate.com.br/2014/11/25/trafico-de-criancas-aumenta-e-meninas-sao-2-em-cada-3-criancas-vitimadas/
Outro dado, o déficit
habitacional rural em Alagoas é de 40.000 lares (Ministério das Cidades, 2005).
Portanto, é necessário que essas categorias, principalmente, os jovens rurais
convoquem seus pares para acompanhar qualquer movimentação que inviabilize
o Programa Nacional de Habitação
Rural/PNHR. Por exemplo, hoje é comum os construtores contratarem o teto máximo
permitido; contudo, o teto deve ser usado em função da renda do proponente e da
disponibilidade desses recursos para outras famílias. E a não observância
desses critérios pode gerar inadimplência, e com isso inviabilizar o programa
Minha Casa, Minha Vida Rural, à vida daquelas que optaram por viver e
trabalhar no campo, principalmente.
A solução para o usufruto do
bem-estar, do problema de pobreza multidimensional implica necessariamente no
acesso e no usufruto dos bens primários, em Rawls, [autoestima, inteligência, imaginação,
saúde e vigor, oportunidades, renda,
riqueza, liberdades, direitos]; pelo acesso aos
recursos naturais, principalmente, terra e água; pelo aumento do valor da
produção por hectare e por estabelecimento, incremento esse muito dependente da
inovação, da produtividade de todos os fatores, da gestão, da legislação
trabalhista e ambiental, e da política pública; pelo acesso aos mercados
[nacional e internacional] com regularidade com produtos dentro dos critérios
estabelecidos pelo serviço de saúde pública; pela geração de rendas [incluídas
as não produtivas] capazes de assegurar aos beneficiários da Lei 11.326, a
efetivação do artigo 7º da Constituição federal, bem como assegurar os tributos
como riqueza de todos.
Então, é oportuno incrementar e
aprimorar o serviço de extensão rural estatal, realçando-se as empresas de
pesquisa agrícola e assistência técnica e extensão rural pela sua capilaridade
e pelo referencial no mercado de trabalho e salários para os profissionais que
atuam direta e indiretamente na área. E também a extensão não estatal precisa
ter seu papel ampliado na agricultura familiar. O serviço público de pesquisa
agrícola e extensão rural estatal e não estatal, não deve ser um jogo de
soma zero.
Ademais, para manter a população
em pequenos municípios usufruindo de bem-estar, exige-se que o Estado dê conta
de suas atribuições: garantir o estado de direito, a arrecadação e a
distribuição dos tributos, e com isso, melhorar as condições das estradas vicinais
e da energia elétrica, da educação e da saúde, dos serviços de comunicação e de
informação, da segurança jurídica e da pública, da política agrária e da
agrícola, dos conselhos [com maioria da sociedade civil] de saúde, educação,
agricultura, tutelar... .
E os jovens sem opções migrarão,
não farão à sucessão quando seus pais se afastarem das lides nas quais
construíram seu bem-estar. Jovens rurais alagoanos estiveram em encontro
nacional sobre políticas para juventude, encerrado em 30 de abril, em Brasília
– http://radioagencianacional.ebc.com.br/politica/audio/2015-04/manifestacao-por-politicas-para-juventude-rural-vai-encerrar-encontro-no-df
É da conta da sociedade a
geração, o uso e o controle [vigiar e punir os infratores] da riqueza privada e
da pública para seu bem-estar.
Por que continuar à toa? Avante,
como cidadão livre e igual!!
[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da
Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, professor da UNEAL,
extensionista da EMATER-AL/Carhp Blog:sabecomquemestafalando.blogspot.com
Só com o exercício da cidadania avançamos. Jason
ResponderExcluirUma ótima provocação esse seu texto. Ricardo
ResponderExcluirMuito interessante seu texto, acho que deveria, entretanto, fazer comparações em diversos setores por décadas, não podemos negar os avanços brasileiros nem os retrocessos internacionais, nem também negar o esforço de milhões de brasileiros nos bancos escolares, universidades, industria, zona rural, tampouco o crescimento populacional. Um forte abraço.
ResponderExcluirLi e texto e assisti com atenção a situação de penúria de Dona Severina. Muita mídia para pouco resultado. Vera
ResponderExcluirEstou refletindo seu texto. Claúdio
ResponderExcluirDar atenção para nossas crianças deve ser um dos nossos objetivos de vida. Gabi
ResponderExcluirfalta leitura para o exercício da cidadania. Paulo
ResponderExcluirAcredito que é a partir destes entraves que nosso país acabará encontrado o caminho certo. Pois, é sabido que aprendemos com os erros e através deles crescemos. Por isso sempre vejo como MUITO POSITIVA suas provocações e reflexões. Parabéns Marcos, por mais esse artigo. Thereza Christina
ResponderExcluirSaúde pública, sempre em descaso pelo governo. Chico
ResponderExcluirRepito Cristina: muito positiva suas provocações e reflexões. Davi
ResponderExcluirJovens continuam com dificuldades de acesso à terra. Hélio
ResponderExcluirSempre nos provocando. Antonio
ResponderExcluirA atenção às crianças em seus textos, nos mostra que há esperanças para melhorar suas condições de vida. Stella
ResponderExcluirAssertivo em suas colocações. Oto
ResponderExcluirAssisti dona Severina, comentando sobre sua pobreza, e ficou claro quem o governo prefere. Susana
ResponderExcluirOs ricos.... . Manoel
ResponderExcluirPrezado Marcos
ResponderExcluirÉ doloroso mas verdadeiro o quadro que voce expõe. De qualquer
forma seria pior se não tivesse havido alguns avanços na melhoria do quadro
social e mitigação da pobreza nos últimos 15 anos.
Foram 500 anos de atraso impostos pela Casa Grande !!!
Temos problemas no Executivo mas o tumor maligno que impede
avanços na questão das desigualdades está situado no PODER LEGISLATIVO.
Este Congresso que aí está é um esgoto. E o JUDICIÁRIO faz justiça
seletiva porque determinado grupo é intocável e parece que sonegação no
país não é crime!!! Veja os casos do HSBC e o CARF que são simplesmente
vergonhosos.
E que dizer desta mídia podre capitaneada pela GLOBO e a VEJA
que me manipularam durante 20 anos e continua empulhando a maioria do povo
brasileiro. A chamada IMPRENSA/EMPRESA. Severino