segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Homo sapiens – UM EXÍMIO PREDADOR

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

Homo sapiens – o homem e suas extrativistas instituições políticas, com controle social na base de troca e ou de poder, e sem restrição ao exercício arbitrário, e as econômicas com muita riqueza e renda privadas; e que, pela apropriação da máquina estatal exercem uma vigorosa ditadura para o conforto de suas vidas, o consumo supérfluo de serviços e produtos [programadamente e precocemente obsoletos], quer oriundos da natureza, quer produzidos artificialmente; pois, ao usarem suas posições privilegiadas e suas éticas de compadrio engendram seus desejos e demandas, como direito secular; uma cultura senhorial, que usa o consumo de luxo como ferramenta para enfraquecer ou aniquilar de outrem, o bem-estar pelo usufruto dos bens primários (Oliveira (2019) – individualidade, liberdade, posse, confiança e felicidade. Por conseguinte, demarcar o inoportuno e desnecessário abismo social entre os vários segmentos da sociedade: homens e mulheres, ricos e pobres, brancos e índios, brancos e pretos, índios e pretos escolarizados e analfabetos, príncipes e servos, sem nenhuma razoabilidade. E que cada vez mais afasta-se da “philia – amizade” – sob a perspectiva de Aristóteles – https://www.ecodebate.com.br/2020/08/04/relatorio-mostra-brasil-mais-longe-do-desenvolvimento-sustentavel/

Uma vez que, essa ditadura de minoria, é exercida por pouquíssimas pessoas que ajudam a devastar a natureza pela forma mais degradante de consumo – ouro em pias e em ralos – a opulência [aqui se mede o tamanho da desigualdade pela avareza, soberba, luxúria], ora por excesso de prerrogativas econômicas e patrimoniais. Esses ditadores usam suas influências e controles pelo uso da troca e ou do poder em todas as instâncias do fluxo circular da vida humana para provocarem danos, muitos irreversíveis aos biótipos, biótopos e biomas, e com rigor as muitas e muitas outras pessoas, homens e mulheres, e principalmente, as crianças, severamente.

E, há uma outra ditadura, essa, é uma ditadura de maioria, pois, muitas e muitas pessoas dessa ditadura devastam a natureza pela forma mais decidida de resistência – lenha para cozinhar, aquecer e vender – a sobrevivência. Nesse caso, se mede a ditadura pelo tamanho da desigualdade, ora pela falta ou insuficiência de prerrogativas econômicas e patrimoniais, e pela vigorosa presença de instituições políticas e econômicas extrativistas. Nessa ditadura, ora pela ausência de usufruto dos bens primários propostos por Oliveira (2019), por exemplo, dos 3,9 milhões de agricultores familiares, 03 milhões vivem precariamente por não usufruir desses bens primários; eles estão presentes em todos os estados, mas os nortistas e os nordestinos são maioria, inclusive, pela necessidade e oportunidade de um serviço estatal e não estatal de pesquisa agropecuária e extensão rural eficiente.

À vista disso, Malthus já denunciava no século XVIII esses tipos de ditadura, ao anunciar que, ”Num mundo já ocupado, se sua família não possui meios de alimentá-lo ou se a sociedade não tem necessidade de seu trabalho, esse homem, repito, não tem o menor direito de reclamar uma porção qualquer de alimento: está em demasia na terra. No grande banquete da natureza, não há lugar para ele. A natureza lhe ordena que se vá e ela mesma não tardará a colocar essa ordem em execução...” –https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/08/18/casa-propria-e-carro-ainda-sao-desejo-da-maioria-dos-jovens-de-periferia.htm

Uma vez que, indagações sobre viver junto, pertencer e comunicar-se, pela “philia – amizade”, vida em comum, em Aristóteles, é necessária e oportuna para entender e resolver as frágeis, desiguais e complexas relações ecológicas, sociais e pessoais, e assim atingir mortalmente essas imperativas ditaduras – uma que usa a acumulação crescente de riqueza e renda privadas e a posse de benefícios resultantes do controle do Estado por uns poucos; e, a outra ditadura, porque muitos não acumulam riqueza e renda privadas, tampouco têm controle do Estado. As pessoas, no exercício de sua individualidade, podem e devem solucionar essas divergências, persuadindo esse exímio predador em qualquer uma dessas ditaduras viver sobre a salvaguarda da “philia – amizade”, e participarem do banquete da prosperidade e do bem-estar.



[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Engenheiro agrônomo, professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, jornalista, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, diretor do Sindagro, articulista da Tribuna Independente/Alagoas, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com