Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]
É relevante notar e anotar que o baixo grau
de ativismo e da prática social dos 'donos-cooperados' pelo não exercício da
democracia direta, repercute negativamente nos debates, alianças e práticas
cooperativistas. É ruim para o sucesso da prática cooperativista: o menosprezo ao
estatuto; a má influência da relação de compadrio entre governo, dirigentes e
'donos-cooperados'; a apatia dos 'donos-cooperados' ao edital de convocação; a
não distribuição de sobras; e a frágil gestão, cultura e clima organizacionais
estão entre as causas que podem aniquilar a cooperativa econômica e
socialmente, sobretudo, o 'dono-cooperado'.
Assim, primeiro, para ter êxito, é preciso
avaliar: 1) a influência da relação de compadrio autoritária exercida pelo
Estado (e governos) e cooperativas (e dirigentes e cooperados) agindo com sua
mão de força, promovem a hierarquização de seus interesses, uma reprodução das
práticas clientelistas vigentes; e, via de regra, garantem
suas gestões e reeleições; 2) a apatia dos
'donos-cooperados' em relação ao projeto social, ideário e prática
cooperativista é generalizada nas assembleias e no dia a dia; e 3) a
distribuição de sobras está em desuso na maioria das cooperativas, em outras
poucas, é rara e de pequena monta sua distribuição em relação a seu faturamento
bruto.
Só,
então, pode-se afirmar que as cooperativas sofrem uma intensa e diversa má
influência de terceiros na gestão, uma perversa relação de compadrio, seus
presidentes agem como chefe – usa a troca como meio de "controle ou
influência tendo por base recursos materiais e recompensas na forma de
remuneração pelo recebimento de algum tipo de contribuição" (Bernardes),
em noutras agem como condutor – usa o poder como "controle ou influência
sobre as ações dos outros no intuito de atingir as próprias metas, sem o consentimento
destes outros, contra a vontade deles ou sem o seu conhecimento ou
compreensão".
Segundo, é inaceitável, que uma assembleia geral,
em 2ª ou 3ª convocações com no mínimo de 10 ou com qualquer número de
‘donos-cooperados’ para deliberar e votar qualquer pauta; sobretudo, porque sua
presença é uma obrigação para que seu negócio privado
prospere.
Terceiro, via de regra, sua cooperativa não o
faz prosperar, ora vive em desconforto. Em muitos casos, a cooperativa
enriquece, porém, em outros muitos casos, o ‘dono-cooperado continua pobre,
inclusive, por não receber as sobras ou receber uma quantia muito modesta. Observe
que a Cotrisal teve um faturamento bruto de R$ 3.267.822.113,25 e distribuiu sobras
de R$ 31.259.461,09 aos 12.190 'donos-cooperados' – https://somoscooperativismo-rs.coop.br/noticias/cotrisal-distribui-r-62-5-milhoes-em-sobras-e-atualiza-estatuto-2
Essas três condições desobrigam até mesmo os
dirigentes de votarem para alavancarem o ideário, o ativismo, a prática
cooperativista, a ideia de negócio; e desconfia-se que a gestão da cooperativa
não trará resultado econômico e social.
Sem dúvida, faz todo sentido, que o dirigente
aja como líder para o êxito do seu negócio privado – Líder, aquele que faz o "controle ou
influência sobre o comportamento de outros para a promoção de metas coletivas,
com base em alguma forma verificável de consentimento destes outros em razão de
estarem informados desta situação" (Bernardes).
Quão relevante é que os 'donos-cooperados' alterem o estatuto social deliberando e aprovando em assembleia geral, só duas convocações: a 1ª (primeira) com 75% e a 2ª (segunda) com 50% mais 1 (um) dos 'donos-cooperados' aptos a votarem. E as sobras podem satisfazer suas preferências temporais, ora poupando e ora consumindo, e assim saírem vitorioso em seus propósitos, individual e coletivo – em seu negócio privado.
Como empreendedores, ademais, necessitam
aprender, desaprender e reaprender as relações sociais e éticas. Nessas
condições é que a participação cognitiva, instrumental, política e social do
'dono-cooperado' assegurará à prosperidade do seu negócio privado: recursos,
processos e valores. Qual deve ser o nosso ramo? Quem é o nosso cliente? Quanta
lucratividade precisamos?
Logo,
o 'dono-cooperado' ao exercitar o Estado de Direito promove o Desenvolvimento
Sustentável, via, gestão eficiente, edital de convocação com todos presentes e robusta
distribuição de sobras, que são ótimos começos para prosperar com conforto e,
se, a cooperativa negociar bens e serviços, funcionais,
convenientes e confiáveis no livre mercado pelo conceito do consumidor para
valor serão exitosos.
Dito isso. Uma mudança de atitude, por certo, enquanto consumidor repercute em suas preferências temporais, individual e coletiva, eudaimônica e hedônica, hoje e amanhã, para vivenciar seus valores, o bem viver!