segunda-feira, 30 de novembro de 2020

Aplausos para o EXTENSIONISTA!

Marcos Antonio Dantas de Oliveira

É oportuno citar Thomas Malthus (Ensaio sobre o Princípio da População, 1798) – ”Num mundo já ocupado, se sua família não possui meios de alimentá-lo ou se a sociedade não tem necessidade de seu trabalho, esse homem, repito, não tem o menor direito de reclamar uma porção qualquer de alimento: está em demasia na terra. No grande banquete da natureza, não há lugar para ele. A natureza lhe ordena que se vá e ela mesma não tardará a colocar essa ordem em execução...”.

E Paul Ehrich (A bomba populacional – uma previsão catastrófica em 1968) – "Precisamos diminuir a população do mundo, ou vamos chegar ao colapso da população global. Não é possível ter sustentabilidade com aumento da população".

Dito isso, nós vamos continuar fazendo essa execução?

Por certo, é que essas previsões alarmantes foram superadas, a primeira pela alta magnitude e relevância da revolução industrial (no século XVIII) com o uso de inovações e de tecnologias que provocaram transformações, que impulsionaram a produtividade na produção de mercadorias, as relações de trabalho com avanços nos direitos trabalhistas e políticos, e alavancou a expectativa e a perspectiva de vida. Afastou a previsão catastrófica de Malthus. Tal como a previsão catastrófica de Ehrich, no século XX, foi frustrada pelo uso de inovações e tecnologias na produção agrícola que aumentaram a produtividade de todos os fatores, a renda (o consumo de bens e serviços), os bens de capital, o bem-estar, que o diga o construtor da revolução verde, o agrônomo Ernest Borlaug. Essas revoluções diminuíram a ameaça catastrófica da fome mundial. Agora, o problema é de distribuição e não de oferta de alimentos. 

No Brasil de 1975, a produção de grãos era de 40 milhões de toneladas, um importador de alimentos – a fome estava na avenida; no Brasil de hoje, produzimos 250 milhões de toneladas de grãos, um exportador de alimentos – a fome agora está num beco sem saída. Esse feito teve origem com a criação pelo governo federal do SNPA e da Embrapa, do SIBRATER e da Embrater – e suas afiliadas estaduais, uma rede capilar de unidades operativas e de profissionais qualificados em mais de 5.300 municípios –foram responsáveis pela observância do Código Florestal e pelo notável aumento de produtividade dos cultivos e da mão de obra, da eficiência econômica, da educação financeira, alimentar, nutricional e sanitária, da prosperidade e bem-estar. 

Sobretudo, é pela engenhosidade do extensionista e do agricultor que ainda usa pouca tecnologia, é possível revolucionar o campo com a ATER 4.0. E assim, retirar a fome do beco, nos obriga a fazer uma fundamentação com informações que fortalecerá a ATER e a Pesquisa Agropecuária estatais. A saber: 1) diz o IBPT, 79,02% da população brasileira que ganha até 03 salários mínimos (3.135 reais) são responsáveis por 53,79% dos impostos arrecadados pelo governo. Quer dizer, para cada 1 trilhão arrecadado, 53,79% vem das pessoas que ganham até 03 salários mínimos; 2) que dentre os 79,02% da população que ganha até 03 salários mínimos, estão os agricultores familiares, em maioria; 3) que o Censo agropecuário de 2017, informa que existem 3,9 milhões de estabelecimentos familiares; 4) que o IBGE, 2020 (Uma Jornada pelos Contrastes do Brasil), informa que “0,6% dos estabelecimentos foram responsáveis por cerca de 53% da produção, enquanto que, no outro extremo, 69% dos estabelecimentos, os quais três quartos eram produtores familiares e, em grande parte, encontravam-se no Nordeste, respondiam por 4% da produção”; 5) e, o pouco uso da interação computador-internet-dispositivos móveis de banda larga (TIC) pelos agricultores e famílias, ora pelo elevado preço ofertado pelas operadoras, via de regra, pela baixa qualidade da conectividade e sem acesso em muitos lugares, enfim, pelo mau serviço prestado. 

E tem mais: 5) que no caso das entidades estaduais estatais, a Asbraer informa que mais de 25 mil profissionais estão envolvidos na prestação do serviço de ATER aos agricultores, principalmente aos familiares levando inovações e tecnologias sobre preservação e uso dos fatores de produção – bens e serviços naturais, mão de obra e capital; apesar da situação caótica causada, de igual modo, pelo desmonte do SIBRATER no governo Collor e pelo desprezo de todos os governos seguintes; 6) que o governo federal, a Asbraer e a Faser usem a expertise do bem avaliado serviço estatal de ATER  um processo de educação não-formal de caráter permanente e continuado  como uma ferramenta eficiente para melhorar à vida dos agricultores e famílias; 7) que faltam-lhes poupança e bens de capital para prosperarem, e um serviço de ATER que ajude-os, a tê-los; 8) e, que a economia política pode "prover uma receita farta [...] para as pessoas, ou, mais propriamente, capacitá-las [...]; segundo, suprir o estado [...] com receitas suficientes para seus serviços públicos", afirmava Adam Smith. 

À vista desses argumentos, soluções podem criadas, tais como: 1) que o governo federal dê condições a ANATER, para que ela seja capaz de centralizar e distribuir os recursos financeiros; e de avaliar o desempenho das entidades recebedoras de recursos financeiros; 2) que a Asbraer e a Faser, estimulem e cobrem do governo federal a criação um sistema nacional que coordene e capacite as entidades estaduais estatais para suas finalidades, uma delas, ofertar uma ATER 4.0; 3) que o governo federal, a Asbraer, a Faser e os agricultores usem as TICs, para melhorar à eficiência em seus processos de planejamento, gestão e marketing; 4) que os agricultores, os profissionais das ciências Agrárias e afins e suas representações participem das audiências públicas do PPA, LDO e LOA para assegurar nos orçamentos: federal, estadual, municipal e distrital dinheiro público para suas necessidades e demandas; 5) e, que, a Presidência da República, o Congresso Nacional, a Asbraer, a Faser e as representações dos agricultores em parcerias contínuas criem  soluções para fortalecer o serviço de ATER estatal.

Sugestão: Visitar a EPAGRI, a empresa, catarinense, estatal que desenvolve um serviço de atendimento aos agricultores e suas famílias com eficiência; um caso de sucesso – Observe o Balanço Social no https://www.epagri.sc.gov.br/

Indago: por que milhões de agricultores familiares como grandes pagadores de impostos - e suas representações - continuam sem se dar conta de sua não prosperidade e bem-estar?  

É inexorável, a criação de empregos e rendas diretas e indiretas que o serviço de ATER e Pesquisa Agropecuária gerou e continuará gerando ao longo de sua existência nas mais diversas atividades sociais e econômicas no campo e na cidade – Aplausos para o EXTENSIONISTA: comemore o dia 06 de dezembro! 

 


[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Engenheiro agrônomo, professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, jornalista, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, diretor do Sindagro, articulista da Tribuna Independente/Alagoas, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com