Pois, um homem que nasce num mundo já ocupado,
se sua família não possui meios de alimentá-lo ou se a sociedade não tem necessidade de seu trabalho, esse
homem, repito, não tem o menor direito de reclamar uma porção qualquer de
alimento: está em demasia na terra. No grande banquete da natureza, não há
lugar para ele. A natureza lhe ordena que se vá e ela mesma não tardará a
colocar essa ordem em execução... (MALTHUS citado por PROUDHON). E as crianças são as
mais afetadas por essa ordem, e o mais grave pelo nosso egoísmo - www.ecodebate.com.br/.../34-milhoes-criancas-trabalhando-e-inaceitavel
Portanto, é dura e penosa a vida de
mulheres e homens, crianças e adolescentes, adultos e idosos, agricultores e
extrativistas familiares, povos e comunidades tradicionais de maioria
analfabeta, minifundiária, em insegurança alimentar, nutricional e jurídica, e em estado de
pobreza. Dê uma espiada na situação dos índios no http://www.portugues.rfi.fr/brasil/20130926-le-monde-denuncia-ameacas-contra-tribo-ianomami-no-brasil, dos jovens no http://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2013/11/29/um-em-cada-cinco-jovens-de-15-a-29-anos-nao-estuda-nem-trabalha-diz-ibge.htm, e dos agricultores alagoanos no http://gazetaweb.globo.com/noticia.php?c=356959&e=14
Como se não bastasse a crônica
falta de dinheiro oriundo das atividades agropecuárias e sem rendas não
produtivas de maior alcance social; e o abandono pelo Estado, está posto pela
ineficácia dos serviços, entre eles, o de logística, estocagem de produtos, e pela má gestão dos recursos públicos e da governança, daí o insucesso das
políticas públicas e da sucessão familiar; e a vida em penosidade é real. E o que seria uma boa
notícia, torna-se um pesadelo, a expectativa de vida vem aumentando celeremente
e chega a 74,1 anos em 2011, segundo IBGE. Contudo, no Brasil, a cada cinco
minutos morre uma criança. A maioria de fome. Neste país, 36 milhões nunca
sabem quanto terão a próxima refeição. E outra espiada agora no http://www.coladaweb.com/sociologia/fome-no-brasil
e no http://www.ecodebate.com.br/2013/12/06/nota-publica-das-entidades-que-trabalham-o-semiarido-brasileiro-os-pipas-e-as-cisternas/
E um complicador a mais,
constatam, Duarte et al.,(2006): para cada R$ 1,00 gerado da agricultura
familiar: R$ 0,18 ficam para quem comercializa sementes e outros
insumos; R$ 0,70 ficam com quem industrializa e comercializa e
somente R$0,12 ficam com o agricultor. Portanto, da renda gerada por esse
agronegócio, só 12% é apropriado pelo agricultor familiar. Agora acesse - http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2013/12/cooperativa-de-campo-mourao-distribui-primeira-parte-dos-lucros.html, e confira o valor disponibilizado para as sobras e o número de associados. Ele e sua família continuam transferindo brutalmente suas mais-valia, rendas, para os setores: comercial, financeiro, estatal e industrial. E indague-se a quem serve o associativismo, a cooperativa?
Também convém anotar! O preço do leite continua abaixo do custo de produção real. Mesmo com o
aumento em torno de 25% – acesse: Preço do leite tem aumento de 25% em comparação com 2012
. Em geral, é uma renda precária e instável, e
não chega a um salário mínimo por membro da família. Aliás, longe de atender o
salário mínimo estimado de DIEESE de R$ 2.761 para o mês de novembro, e de
garantir o BEM-ESTAR previsto no artigo 7º da Constituição Federal. Essa
penúria é acentuada pela inefetividade das
políticas públicas [distributivas, redistributivas e reguladoras] destinadas a essas categorias. Portanto, dê uma olhada no http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2013/12/agricultores-enfrentam-um-momento-critico-causado-pela-seca-no-nordeste.html?fb_action_ids=7439873656311
E que,
via de regra, é agravada pelo ineficaz serviço de pesquisa agropecuária e extensão
rural destinado aos agricultores e extrativistas familiares,aos povos e
comunidades tradicionais. Como exemplo: o uso alarmante de agrotóxicos - http://www.ecodebate.com.br/2013/11/29/brasil-e-o-maior-consumidor-de-veneno-agricola-do-mundo/
E, ainda por uma reforma agrária que não cumpre a
função social da propriedade [Artigo 186 da Constituição
Federal: é o aproveitamento racional e adequado; a utilização dos recursos
naturais disponíveis e preservação do meio ambiente; a observância das
disposições que regulam as relações de trabalho; e a exploração que favoreça o
bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores], porque não se realiza sob o módulo rural.
Tem mais, ainda convivemos com a grilagem de terras,
face a negligente ação do Estado: http://www.ecodebate.com.br/2013/12/06/mpfes-entra-com-acao-contra-antiga-aracruz-celulose-por-grilagem-de-terras-publicas/, com o comércio ilegal da flora e fauna – http://www.ecodebate.com.br/2013/01/15/em-crimes-contra-a-fauna-ibama-emite-r-630-milhoes-em-multas-em-5-anos-mas-so-recebe-2-disso/, e com a economia subterrânea que chegou a 16,8% do PIB em 2011, segundo a FUNGEVAR e ETCO.
Sobretudo, que o incremento de riqueza privada e maior acessibilidade à
riqueza pública favoreçam a reprodução das lógicas familiares: modos de
produzir, distribuir, consumir, conviver e entreter sob os princípios ecológicos
[Capra] – interdependência, parceria, cooperação,
diversidade, flexibilidade, reciclagem, fluxo cíclico da natureza]; e que resultem em vida digna aos
rurícolas, aos agricultores e extrativistas e suas famílias, aos povos e
comunidades tradicionais, e como protagonistas estejam baseados no acesso e
usufruto dos bens primários, propostos por Rawls – autoestima,
inteligência, imaginação, saúde e vigor, direitos, liberdades e oportunidades,
renda, riqueza. Não obstante ao trabalho não remunerado das mulheres, principalmente das rurícolas - Renda de mulheres cresce 13%, mas equivale a 70% do ganho de ...
É real e importa. Os bens primários são presentemente definidos pela
necessidade das pessoas em razão de
sua condição de cidadãos livres e iguais e de membros normais e plenos da
sociedade durante toda a sua vida. As comparações interpessoais que a justiça
política pode ser levada a fazer devem ser feitas em termos de um índice de
bens primários para os cidadãos e essas necessidades são consideradas como
respostas as suas necessidades como cidadãos e não mais a suas simples preferências
e desejos (RAWLS citado por Van PARIJS, 1997).
Ademais, anuncia Van
Parijs (1997), “toda pessoa tem um
direito igual ao conjunto mais extenso de liberdades fundamentais que seja
compatível com a atribuição a todos desse mesmo conjunto [princípio de igual liberdade];
as desigualdades de vantagens socioeconômicas só se justificam se contribuem
para melhorar a sorte dos menos favorecidos da sociedade [princípio de diferença,
e são ligadas a posições que todos têm oportunidades equitativas de ocupar
(princípio de igualdade de oportunidade]” para promover o Desenvolvimento
Sustentável – um processo dialético, de desinteresse mútuo, de
cidadania igual e de liberdades reais, que compartilhado pelas diversas
categorias [conflito] ao utilizarem, conservarem e preservarem os recursos
naturais, transforma-os em bens e serviços: do autoconsumo ao mercado, do PIB
às rendas [gestão] destinados ao bem-estar social e ecológico de todos no
presente e no futuro [justiça social].
E para exercitar as liberdades fundamentais, o
exercício da cidadania igual, interpretar um texto e fazer as quatro operações
matemáticas, é o ponto de inflexão para êxito do exercício. No entanto, o Brasil tem 4,2 mil escolas
que nunca conseguiram atingir sua meta do Ideb – http://g1.globo.com/educacao/noticia/2013/06/brasil-tem-42-mil-escolas-que-nunca-conseguiram-atingir-sua-meta-do-ideb.html – e mais:http://tribunadoceara.uol.com.br/noticias/ceara/ceara-tem-11-de-estudantes-ultra-inteligentes-em-matematica-estado-e-o-6o-do-brasil/
É real e importa, que no ANO NOVO, o trabalho de mulheres e homens, agricultores e extrativistas familiares, povos e comunidades tradicionais, principalmente, daqueles que moram no Semiárido, não seja mais uma expiação de seus pecados, mas para usufruto do seu BEM-ESTAR.
Em tempo: A previsão de Chuva no Semiárido em 2014; e o que acontece hoje no Semiárido: http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/12/animais-e-arvores-estao-morrendo-por-causa-da-seca-no-nordeste.html
As últimas notícias
sobre as chuvas para o próximo ano 2014, têm sido constantemente enfatizadas
pela mídia escrita e televisiva ao longo destes últimos meses e nada de
previsões animadoras. As informações transmitidas ao publico em geral têm sido,
quase sempre, muito breve, tímida e com ausência de clareza, exatidão e
precisão. Mas, sempre anunciando a continuidade de mais dois (2) anos de seca.
Neste sentido, não somente a população, mas principalmente os tomadores de
decisão, nem sempre tem conseguido discernir as certezas e incertezas com
relação às ocorrências ou não das chuvas para o ano vindouro. Este artigo o qual submeti a escrever e divulgar
representa um esforço na direção de apresentar aos meus irmãos e irmãs do meu
querido semiárido, um pequeno feixe de luz e esperança aquele que “antes de
tudo é um forte”. Nosso bravo sertanejo!
Chover
tem uma explicação teórica simples: basta o ar encharcar, ficar lotado de água,
com 100% de umidade. Aí o vapor
condensa, as gotas ficam maiores e desce chuva. 84% da água presente na
atmosfera vêm dos oceanos. Os outros 16% é água evaporada dos continentes.
Assim, acontece o verdadeiro papel da natureza... Quem faz ou não chover, são os Oceanos. Esse poder tem efeito tanto
pela superfície coberta pelas águas quanto pela capacidade dos oceanos de
manterem estável a temperatura em todo o planeta. Mas basta um leve desvio na
temperatura dos oceanos que altera a umidade do ar. E isso muda drasticamente,
na esfera global, o calendário e intensidade das chuvas. As mudanças climáticas
já estão mostrando seus efeitos por aqui. Veja as ocorrências de chuvas
recentemente no nosso semiárido, na véspera de finados deste ano (2013), choveu
em vários municípios do semiárido nordestino. Teve município da Paraíba que
choveu 114 mm, a exemplo de Paulista-PB, segundo os dados da AESA – Agência
Reguladora de Águas da Paraíba.
No ano de 2014, é provável
ocorrências de chuvas no nordeste brasileiro.
Outro argumento ou explicação, se
dará com a possibilidade da temperatura do Oceano ficar sutilmente maior logo
nos primeiros meses de 2014, lançando assim mais vapor de água no ar. Também o
aumento médio da temperatura, deve chegar na casa dos 0.6 °C, mesma temperatura ocorrida durante todo o século XX. Dá
para imaginar o que pode provocar a elevação de um simples grau centígrado em
um ritmo acelerado de apenas 10 anos. São enchentes, chuvaradas com trovoadas,
alagamentos e até chuvas de pedras de gelos ocorridas nos anos de 1934, ...44,
54, 84,94 e 2004, houve chuvas no semiárido
acima da média com acúmulos de 1.300 mm/ano, ou seja, mais de 100% do previsto,
onde a média não passa de 450 mm.
Texto de IVANILDO PEREIRA DANTAS –CREA 2136 TD-PB
Técnico agrícola e escritor. CONTATO: (83) 3221-8844 e 8726-0362 – ipdtec@uol.com.br