quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Um jogo de soma zero, a vida não o é

 Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

Para os empreendedores, investidores, empregadores e empregados, ”stakeholders” e os consumidores. Eles pensam, agem e solucionam os conflitos de visão de mundo e de interesses, que baseados em seus julgamentos de valor, decidem sobre: visão de futuro, ideia do negócio e proposta de valor e promovem suas preferências temporais, individual e coletiva, hoje e amanhã na bacia hidrográfica.

Pois, nesses últimos 30 anos, o empreendedorismo continua praticamente ausente para a grande maioria dos 3,9 milhões de agricultores familiares com renda de até 0,5 salário mínimo e de outros milhões de indivíduos em atividades não agrícolas, porque não conseguem acumular, nem poupar, só repor alguns bens de capital. Eles geram pouca riqueza, embora realizem um trabalho duro e desconfortável; não criam valor para a sociedade. Para Piketty riqueza  é “o valor total, a preços de mercado, de tudo que os residentes e o governo de um país possuem num determinado momento e que possa ser comprado e vendido em algum mercado”, e ilustra Bastiat - riqueza, o custo de oportunidade, "consiste em serviços reais, em satisfações reais, em coisas úteis" - quem cria valor é o consumidor Essas pessoas, segundo o Conceito Estatístico do Décimo, estão entre os 50% da base da distribuição de renda na pirâmide social. 

Sucede, que tal fato alavanca, inexoravelmente, o êxodo dos jovens rurais e enfraquece a sucessão familiar, tanto na atividade agropecuária como outras; inclusive de modo grave, perde-se o bônus demográfico ainda em alta. Essa precária situação compromete o sucesso do empreendedor e do contratado, que empobrecem, os primeiros, porque não acumulam a renda do capital e o segundo, porque mal acumulam a renda do trabalho – longe do estado de satisfações.

Todavia, para que uma coisa possa ser considerada um bem econômico, diz Carl Menger – “Em primeiro lugar, a imensa maioria das coisas, na forma como se encontram em seu estado natural, não nos permite satisfazer nossas necessidades. Por mais que toda a matéria já exista e esteja disponível na natureza, ela não nos foi dada de uma forma que nos permita satisfazermos nossas necessidades. A matéria tem de ser trabalhada e transformada por meio do trabalho e de investimentos” – “Em segundo lugar, a incapacidade dos objetos em seu estado natural em satisfazer diretamente nossas necessidades advém do fato de que nem sequer conhecemos todas as suas combinações e usos possíveis. A tecnologia, que é a arte de combinar e ordenar a matéria para que ela gere o resultado desejado, também não nos vem dada; antes, ela deve ser descoberta por meio da investigação e da experimentação, duas atividades que, por sua vez, requerem o uso de outros bens econômicos.” 

Os indivíduos devem superar as “deficiência de impulsos e preferências pessoais” (Mill) e sua baixa autoestima ao exercitar sua individualidade, liberdade e propriedade para alavancar o Desenvolvimento Sustentável (Oliveira) – um ”processo, conflitos e alianças, que compartilhado em redes multidimensionais pelos indivíduos em pleno Estado de Direito utilizam a ideia de negócio para preservar e usar os fatores de produção e os tributos, transformando-os em bens e serviços, proposta de valor, do autoconsumo ao mercado para suprir as necessidades e desejos, a expectativa de vida, pelo usufruto dos bens inalienáveis – individualidade, liberdade, propriedade, confiança e felicidade – o Estado da Arte”.

Um jogo de soma zero, a vida do indivíduo não o é. Porque "cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar (Rawls). Ressalte-se, que este século é marcado pelo avanço rápido, barato, ágil e onipresente da interação computador-internet-dispositivos móveis de banda larga que, dia a dia beneficia muito o indivíduo, mas, o expõe a ataques mais virulentos; daí a relevância da ética ao competir e cooperar em sua ação intencional para realizar seus propósitos. Porém, anuncia Bastiat – “Se cada homem tem o direito de defender – até mesmo pela força – sua pessoa, sua liberdade e sua propriedade, então os demais homens têm o direito de se concertarem, de se entenderem e de organizarem uma força comum para proteger constantemente esse direito”.

 

 

 

 

 



[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, engenheiro agrônomo, articulista da Tribuna Independente de Alagoas e do blog:sabecomquemestafalando.blogspot.com, dirigente sindical e professor da Universidade Estadual de Alagoas.

 

11 comentários:

  1. Recentemente li um TCC no qual foi realizada uma pesquisa nas cidades alagoanas, analisando a correlação entre o crescimento econômico e desemprego sobre a taxa de empreendedorismo. No presente trabalho, por meio de dados do IBGE, foi constatado que as cidades com menores PIB, eram subsequentemente as cidades com menores números de empreendedores (formais e informais). Fator determinante para o citado êxodo rural de jovens.

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  2. Michael Caetano da Costa26 de fevereiro de 2024 às 10:58

    O destaque para a exclusão do empreendedorismo em estabelecimentos familiares de baixa renda, a conexão entre êxodo rural e sucessão familiar, e a abordagem econômica associada à transformação da matéria são pontos notáveis. Além disso, a ênfase na importância de valores como individualidade, liberdade e propriedade para impulsionar o Desenvolvimento Sustentável é uma perspectiva interessante.

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  3. Para empreendedores, investidores, trabalhadores, trabalhadores, consumidores e partes interessadas, a resolução de conflitos de visão e interesses é crucial. O empreendedorismo negligenciou os agricultores familiares e outros, causando empobrecimento e êxodo rural. É necessário transformar recursos naturais em bens econômicos e promover o Desenvolvimento Sustentável, respeitando os direitos individuais. O século atual é marcado pela rápida evolução tecnológica, que oferece benefícios e desafios à segurança individual, exigindo cooperação para proteger os direitos fundamentais.

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  4. É importante reconhecer os desafios enfrentados por diferentes grupos de pessoas, especialmente aqueles que estão envolvidos na agricultura familiar e em atividades não agrícolas. A ideia de capacitar indivíduos para transformar recursos em bens econômicos e serviços valiosos é crucial para o desenvolvimento sustentável e a melhoria das condições de vida. Além disso, a proteção dos direitos individuais e a busca pela justiça social são aspectos fundamentais para equilibrar o progresso econômico com a dignidade humana.

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  5. Nataly De Lima Silva7 de março de 2024 às 03:32

    Uma reflexão profunda sobre o papel do empreendedorismo e suas implicações na sociedade, especialmente para agricultores familiares e outros em atividades não agrícolas. Destacando a importância da acumulação de capital e da geração de riqueza para o desenvolvimento sustentável, bem como a necessidade de superar desafios individuais e coletivos. Além disso, o texto aborda questões fundamentais como a individualidade, liberdade e propriedade, ressaltando a importância da justiça e da proteção dos direitos individuais.

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  6. O artigo destaca a importância dos indivíduos no Desenvolvimento Sustentável, enfatizando seu papel na preservação e utilização dos recursos por meio de ideias de negócio. Também aborda a necessidade de proteger os direitos individuais, mesmo em um ambiente digital onde surgem novos desafios, defendendo a ideia de que cada pessoa tem o direito de proteger sua liberdade e propriedade, enquanto os outros têm o direito de se unir para proteger esses direitos em comum.

    Artigo muito top!!!👏👏

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  7. O artigo discute o papel dos indivíduos no Desenvolvimento Sustentável, enfatizando a importância de exercer sua individualidade, liberdade e propriedade. Ele destaca que, em um Estado de Direito, os indivíduos compartilham ideias de negócio para preservar e utilizar os recursos de produção e tributação, transformando-os em bens e serviços. O autor argumenta que, apesar dos desafios, como os ataques virtuais em uma era de rápida interação digital, cada pessoa tem o direito de defender sua pessoa, liberdade e propriedade, e que os outros têm o direito de se unir para proteger esses direitos em comum.

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  8. O artigo fala sobre a importância do empreendedorismo e do desenvolvimento sustentável, principalmente para pessoas que vivem em áreas rurais, como os agricultores familiares. Ele enfatiza a dificuldade dessas pessoas em acumular riqueza e a necessidade de transformar recursos naturais por meio do trabalho e investimento para atender às necessidades humanas.
    Também fala-se sobre como as ações individuais podem beneficiar toda a sociedade, e destaca a importância de proteger os direitos individuais, liberdade e propriedade. Além disso, menciona os desafios e benefícios trazidos pela rápida evolução da tecnologia

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  9. Diante dos fatos expostos, se visualiza uma necessária intervenção do Estado na vida da população rural/agricultora para que se diminua sua inevitável saída do campo atrás de melhores trabalhos ou condições de vida por muitas vezes, falta de melhor entendimento financeiro ou técnico. Culpa da falta de ensino focado para estas pessoas/setor da sociedade.

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  10. Como o autor deste artigo cita o empreendedorismo, a falta dele e o que Carl Menger fala sobre bem econômico. Evidencia que realmente há oportunidades para empreendimentos no ramo da agricultura. Como o ser humano tem desejos ilimitados e insaciáveis. Recentemente vi uma publicação em um site, onde falava “para ser um empreendedor de sucesso, precisa sustentar o vício ou a necessidade de alguém”. Relacionando esta postagem com o artigo, percebe-se que a agricultura por ser algo necessário, poderia ser melhor aproveitada por aqueles que não possuem conhecimentos de administradores e fazem o trabalho pesado. Caso houvesse a ajuda de um empreendedor/administrador.

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  11. Arthur Victor Lima Nogueira21 de abril de 2024 às 10:15

    O texto destaca a importância dos diferentes atores na sociedade, como empreendedores, investidores, empregadores, e empregados, na resolução de conflitos e na criação de valor. Também aborda as dificuldades enfrentadas pelos agricultores familiares e outros indivíduos na acumulação de riqueza e na geração de valor para a sociedade. Além disso, ressalta a necessidade de superar obstáculos pessoais e promover o desenvolvimento sustentável, enfatizando a ética e a cooperação como elementos essenciais nesse processo.

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