segunda-feira, 31 de julho de 2023

Em viés de alta, aniquilar outrem

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

É um fato inconteste e sutil, a submissão. Em 2016, o Fórum Econômico Mundial e a nova ordem, divulgou o vídeo – “Você não possuirá nada. E será feliz” – https://blocktrends.com.br/voce-nao-possuira-nada-e-sera-feliz-o-que-e-o-tal-grande-reset/

“Todos os homens que diferem entre si, para pior no mesmo grau que a alma difere do corpo e o ser humano difere de um animal, são naturalmente escravos, e para eles nada melhor do que estarem sujeitos à autoridade de um Senhor", afirmava Aristóteles.

É inegável, o homem vive em perigo, porque “a vida do homem é solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta”, segundo Hobbes. Todavia, os indivíduos são “perfeitamente livres para agir e dispor de suas posses e pessoas do modo que achem apropriado (...) sem precisar perguntar a ninguém nem depender da vontade de qualquer outro homem”, evidencia Locke, para buscarem à prosperidade e o bem viver.

Acontece, porque os indivíduos onde quer que morem, trabalhem, estudem, andarilhem, filosofem e divirtam-se, em qualquer bacia hidrográfica, todo dia, são acossados por instituições extrativistas políticas, estas "concentram poder nas mãos de uma pequena elite e impõem poucas restrições ao exercício de seu poder", e, quando econômicas, "são incapazes de engendrar os incentivos necessários para que as pessoas poupem, invistam e inovem”, anunciam, Acemoglu e Robinson.

É fato – “Temos o direito de nos conduzir de variadas maneiras em relação a uma pessoa, seguindo nossa opinião desfavorável sobre ela, não para oprimir sua individualidade, mas para exercer a nossa”, argumentava Mill. Por certo, é pelo exercício das liberdades fundamentais que o indivíduo baseado em seu julgamento de valor incorpora estratégias para usufruir do Estado de Direito e de seus benefícios.

É o indivíduo, a ação humana, o solucionador quanto a seu estado de desconforto de qualquer natureza sob a ótica dos conflitos de interesses e de visões de mundo, ora restrita para muitos, ora irrestrita para outros tantos numa ordem (e realidade) ampliada. É fato, a mente humana não é uma tábula rasa. A mente é “a significativa resposta do ego aos estímulos e às condições de seu ambiente; é o consciente ajuste de uma pessoa ao estado do universo que determina a sua vida", afirma Mises.

É a resposta do ego que permite o exercício da liberdade de indivíduos que em cooperação e troca pacíficas garanta-lhes acesso e uso sobre os recursos naturais, ideias de negócio de bens e serviços, tributos e lucro em suas unidades: familiar, produtiva e geográfica, inclusive, por suas participações e avaliações do PPA, da LDO e da LOA. É a ação dos indivíduos, ora consumidores e ora poupadores e dos skateholders; esta ação objetiva melhorar o bem-estar subjetivo do agente acima do estado em que se encontra, a cerca de suas preferências temporais individuais e coletivas, no presente e no futuro, e o livre mercado de bens e serviços salvaguardados pelo Estado de Direito – "significa que todas as ações do governo são regidas por normas previamente estabelecidas  e divulgadas – as quais tornam possível prever com razoável grau de certeza de que modo a autoridade usará seus poderes coercitivos em dadas circunstâncias, permitindo a cada um planejar suas atividades com base nesse conhecimento" (Hayek). Assista, Dr. Ives Gandra sobre Estado de Direito – https://jovempan.com.br/programas/jornal-da-manha/sensacao-de-que-estao-escrevendo-uma-nova-constituicao-diz-ives-gandra-em-critica-a-ministros-do-stf.html

Dito isso, está posto o ponto de inflexão, o questionamento filosófico sobre a conduta do indivíduo (do agricultor) de quaisquer categorias e atividades: econômica, social ou não, de agir em prol de suas preferências temporais fundamentadas em seu julgamento de valor sempre em viés de alta, todo dia, para cooperar e trocar objetivando prosperidade e bem-estar, afiançados por instituições inclusivas políticas que "asseguram a ampla distribuição do poder e restringem seu exercício arbitrário", e econômicas "geram uma distribuição mais equitativa de recursos, facilitando a persistência de instituições políticas inclusivas" (Acemoglu e Robinson). E que, uma lei para o bem viver do indivíduo e suas criações, sociedade e estado, numa ordem ampliada, faz sentido; daí a lei como “a organização coletiva do direito individual em legítima defesa”, como bem diz Bastiat.

– “Você não possuirá nada. E será feliz”. Com efeito, impossibilita o indivíduo de pensar e agir, pois, "ação é a vontade posta em movimento e transformada em força atuante” (Mises). Quer dizer que, “a sociedade não equivale à soma de seus indivíduos, e a diferença entre a adição que ela não é e o sistema que a define consiste na troca e na reciprocidade pelas quais os homens se ligam, diz Clastres. E a solução para esse hiato na comunicação; é que o indivíduo "tem liberdade de decisão e é solicitado a sacrificar voluntariamente as vantagens pessoais à observância de uma regra moral”, afirma Hayek; e age eticamente. 


         Sugestões de leitura sobre “Você não possuirá nada. E será feliz” –

https://gizmodo.uol.com.br/artigo-futuro-2030-aluguel-servicos/

https://revistaoeste.com/revista/edicao-44/sorria-voce-nao-tem-nada/

 

1]

 


2 comentários:

  1. Seu texto consistente e focado na ação do indivíduo, abre janelas para pensar saídas sobre o momento atual, Roberto

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  2. Muito pertinente a reflexão

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