domingo, 13 de março de 2016

MAQUIAVÉLICO!

                     Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

“Aquele que promove o poder de um outro perde o seu ...” !

Será que depois de votar em qualquer candidato, aos agricultores e extrativistas familiares, entre outros [aos beneficiários da Lei 11.326], resta-lhes contentar-se com a mídia governamental à respeito de sua relevância para a mesa farta de uns poucos escolhidos, e com a exuberância da sua penitência a um dos seus sonhos de consumo, longínquo e para pouquíssimo, seu bem-estar pelo usufruto de bens primários – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos, propostos por Rawls?

É verdade que, o baixo capital humano desses beneficiários – escolaridade e conhecimento – prejudica a participação política na elaboração, na fiscalização e na correção das políticas públicas distributivas, redistributivas e reguladoras de saúde pública, de crédito rural, de pesquisa agropecuária e extensão rural, de seguridade social, de educação entre outras. Assim como influencia negativamente no ativismo dos associados para promover a democracia direta na cooperativa, sindicato e associação.
                      
 E a enfrentar outros agravantes: as dificuldades para o acesso ao mercado interno [principalmente o de compra governamental] e ao mercado externo dos seus produtos in natura, artesanais e industrializados. Pois, o governo federal precisa garantir que o Sistema Harmonizado de mercadorias da Organização Mundial do Comércio/OMC – o Acordo sobre Agricultura [baseado nos critérios: apoio interno, acesso a mercados, subsídios à exportação] – não excluam esses beneficiários da Lei 11.326com ofertas inelásticas de seus produtos e serviços ao mercado interno e externo – um mercado desafiador.

E mais, o mundo do consumo que exige sua presença, principalmente transferindo sua mais-valia, sua pouca renda para os industriais, os comerciantes, os financistas e para o Estado em troca, em geral, de produtos e serviços de baixa qualidade. 

E entre esses tantos motivos: a baixa produtividade da terra e da mão de obra, e o descumprimento às leis ambientais, trabalhistas e ao Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA, os agricultores e os extrativistas familiares rivalizam-se com o trabalho não remunerado das mulheres, das crianças e dos adolescentes; com a procura pelo emprego na cidade pelos familiares com baixíssima escolaridade; e com a pouca inovação e baixa capacidade para gerenciar a unidade produtiva e social, a precariedade em seus lares é real.
                        
Aliás, apesar de vital para os agricultores e extrativistas familiares e para a sociedade, o serviço de pesquisa e extensão rural oficial por sua capilaridade, por seu quadro de servidores capacitados, inclusive com mestres e doutores; pela sua capacidade de reinventar-se ao longo desses mais de 60 anos de serviços prestados à promoção do bem-estar pelo usufruto de bens primários em Rawls, está na mira de governantes que exercitam Maquiavel; daí o desmonte brutal do serviço público em desfavor daqueles que mais pagam tributos e mais precisam desse serviço executado pelo Estado, é fato – Estudo do IPEA confirma: “as pessoas que recebem até dois salários mínimos despendem 53,9% do que ganham pagando tributos e as que recebem mais de 30 salários mínimos, 29%”. E entre elas, os agricultores e os extrativistas familiares entre outros – http://www.jb.com.br/economia/noticias/2015/08/01/aumento-da-tributacao-direta-o-caminho-para-um-brasil-menos-desigual/

Entrementes, é a Emater/AL e a Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola/EBDA, por exemplo, casos recentes desse desmonte. Aliás, além de abusivo, o governo ao manter a ineficiência do serviço estatal de pesquisa agropecuária e extensão rural, principalmente nos estados nortistas e nordestinos, torna-o um dos responsáveis pela penúria social vivida pelos agricultores e extrativistas familiares; e é a causa do desmonte. E essa penúria é potencializada, porque o voto, não é um exercício da cidadania, mas, um bem negociável, uma mercadoria.
                                                                 
E em tempo de Lava-Jato e de gesto principesco do governante, chegou a hora: que todos [crianças, jovens e adultos] pratiquem os princípios da Administração Pública: legalidade, moralidade, impessoalidade, publicização e eficiência, rumo ao bem-estar pelo usufruto dos bens primários propostos por Rawls – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos.

Eleitores, a eleição para vereadores e prefeitos poderá ser um marco para alavancar o estado da arte para a prosperidade; para o estado de direito; e para o bem-estar estar em Rawls.

Se posicione. Exercite sua liberdade individual, sua cidadania, ou vai continuar com Maquiavel: “aquele que promove o poder de um outro perde o seu ...” !





Mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, professor da UNEAL, extensionista [engenheiro agrônomo] da EMATER-AL/Carhp, diretor do SINDAGRO                                                                   Blog:   sabecomquemestafalando.blogspot.com


                   

11 comentários:

  1. Estava com saudades seus textos lúcidos e comprometidos com a melhoria do bem-estar dos agricultores. Vera

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  2. Essa reflexão sobre a vida dos agricultores e a corrupção não deixa dúvidas de quando estamos apáticos ao exercício da cidadania. Oto

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  3. Um texto arretado! jason

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  4. Prezado companheiro e colega Marcos

    Muito bom o seu artigo. O problema é que os DONOS DA CASA GRANDE E SENZALA nao dao trégua. Sao insaciaveis e nao aceite de os pobres subam mais um degrau.
    Quem condena hoje a CORRUPCAO SÃO EM VERDADE OS MAIORES CORRUPTOS.
    E um cinismo sem paralelo!!!Os FORA CORRUPTOS sao CORRUPTOS a enésima potencia.
    A elite podre deste país continua semeando o ódio querendo intimidar os que defendem um Brasil mais justo estimulada pelo PIG. Uma corja de ladroes e sonegadores e ladroes posando de vestais.
    Com os cumprimentos de Severino


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  5. Nesses tempos difíceis, um texto lúcido sobre a situação do agricultor familiar. Marcelo

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  6. A discussão é sobre bem-estar. Você acerto a mão. Paulo

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  7. Certo Severino: os donos da casa grande e senzala não dão trégua. André

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  8. Que vício ruim, continuar com Maquiavel. Cátia

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  9. Oportuno e reflexivo para os fatos de hoje. Claúdia

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