domingo, 31 de março de 2019

A enxada e o celular, que desencontro

   Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

 O sucesso das pessoas e de qualquer negócio sustentável, inclusive do negócio agrícola - preservação e uso dos recursos da natureza, da posse, da produção, dos lucros, da liberdade e da vida na bacia hidrográfica - que impulsionado pelo uso da inovação disruptiva [interação do computador-internet-dispositivos móveis de banda larga] facilita e barateia o planejamento de curto a longo prazo e a gestão [o quê, quem, como, quando, quanto, onde, por que]; diminui as incertezas quanto a visão de futuro, a ideia do negócio, a proposta de valor e o propósito de vida do empreendedor, do investidor, do empregado e do consumidor; principalmente, importam-se com o debate acerca da ética, do governo ineficiente, e da apatia da sociedade em avaliar e corrigir os benefícios e malefícios da tecnologia, da lei Moore, da globalização, da mudança climática, da demografia e da migração, do capital, do trabalho, da intervenção do Estado e dos grupos de pressão; da troca desigual econômica e ecológica, da vantagem comparativa e ou competitiva, e do custo de oportunidade; de cenários, tendências, opções estratégicas e conexões para maximizar o desempenho da cadeia produtiva pela suficiência de ciência, pesquisa agrícola e ATER incrementa a produtividade de todos os fatores [preço competitivo por serviço e unidade produzida]; e de todo modo, a qualidade de bens e serviços protegida por um seguro, e as vantagens em ofertá-los rastreados, certificados e fiscalizados ao alcance de todos por longo tempo; pelo êxito das ferramentas de cooperação e associativismo com atuação em redes [associação, sindicato e cooperativa]; enfim, pela confiança, o acesso e o uso da internet das coisas pelas pessoas, empresas e governos impele à prosperidade e o bem-estar. 

  Porque agora é possível intervir, pois não há nenhuma razoabilidade no excesso de bens de uns poucos e na carência de bens de muitos, já observava o filósofo Aristóteles. Indagamo-nos: Quem somos? O que fazemos agora? O que vamos fazer amanhã?  
  Acrescente-se, a tais questões, o sistema tributário altamente regressivo; o alto grau de informalidade [de ilegalidade] da economia; a baixa coesão na normatização internacional e nacional das relações entre estados, empresas e indivíduos [pela insegurança jurídica]; a alta concentração de poder político e econômico, patrimônio e renda de uns pouquíssimos, enquanto muitíssimos vivem com pouquíssima posse e renda - sobrevivem em estado de pobreza. E aqueles afetados diretamente por uma Reforma Agrária pífia, que, por não levar em consideração o módulo rural [a propriedade familiar] - ler Estatuto da Terra - e a composição familiar como critérios de acesso a terra; o alto número de analfabetos entre os beneficiários da Lei 11.326/2006 [agricultores e extrativistas familiares, povos e comunidades tradicionais]; o elevado nível de descapitalização [pouca posse e nenhuma poupança] desses beneficiários; a visão de curto prazo dos planejadores, tanto estatais como da iniciativa privada; e, sobretudo, o caráter político-ideológico da Lei 11.326/2006, que contamina o entendimento sobre a agricultura familiar como atividade econômica. 
 Decerto que, a baixa conectividade das tecnologias de informação e de comunicação (TIC) ainda que barata, fácil de usar, rápida e onipresente para uso de governos, empresas e pessoas, principalmente; evidenciando que há uma repercussão negativa pelas suas baixas capacidades de planejamento e gestão quando da aplicação da inovação: computador-internet-dispositivos móveis de banda larga; por exemplo, os agricultores e extrativistas familiares, os povos e comunidades tradicionais, e principalmente os jovens rurais, que descapitalizados e de maioria analfabeta, e utilizando seu esforço físico para aplicar uma tecnologia de baixa produtividade pouco eficiente e cara em mão de obra como a enxada, terão dificuldades para oportunizar o artigo 186 da Constituição Federal – a função social da propriedade - e a sucessão familiar; doutro modo, oportunizarão se utilizarem o esforço mental para aplicar uma tecnologia de alta produtividade, elevada eficiência e de baixo custo como a interação: computador-internet-dispositivos móveis de banda larga; e assim terão conhecimento e compreensão para pensarem e agirem sobre seu planejamento, gestão e proposta de valor com liberdade de decidir - esse é o ponto de inflexão entre essas tecnologias. 

Então, problematizar a agricultura, principalmente a agricultura familiar, quando do cultivo agrícola e da recuperação da estrutura e funções ecossistêmicas sobre a produtividade de todos os fatores, a eficiência do planejamento e gestão, e a qualidade dos bens, serviços e o bem-estar, é necessária sob a ótica do trade-off: esforço físico e esforço mental quando do uso da enxada para libertá-lo da espoliação.
             Essa nova era das máquinas potencializa e amplifica a individualidade, a liberdade, a posse, a vigilância e a confiança pela atuação das pessoas, dos agricultores familiares, e de suas organizações conectados para enfrentarem as incertezas e os intervencionismos de quaisquer naturezas, principalmente do Estado, de maneira que, a economia política possa reinar, ao "prover uma receita farta [...] para as pessoas, ou, mais propriamente, capacitá-las [...]; segundo, suprir o estado [...] com receitas suficientes para seus serviços públicos", afirmava Adam Smith. A voz da rua ainda não enxerga a economia política como essa possibilidade; e, assim aniquile a intervenção do Estado, por exemplo: a distribuição de cargos, a tal ética de compadrio que faz o governador - ://www1.folha.uol.com.br/poder/2019/03/renan-filho-distribui-cargos-entre-parentes-de-membros-da-justica-promotoria-e-tce.shtml. E de igual modo, nos leve ao Desenvolvimento Sustentável – um processo, conflitos e alianças, que compartilhado em redes multidimensionais pelos indivíduos em pleno estado de Direito, preservam e utilizam os fatores de produção e os tributos, a capacidade organizacional, a ideia de negócio,  transforma-os em bens e serviços: do autoconsumo ao mercado para suprir suas necessidades e desejos, a expectativa de vida, pelo usufruto inalienável dos bens primários: individualidade, liberdade, propriedade, confiança e felicidade - o estado da Arte.


[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável [engenheiro agrônomo], professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, diretor do Sindagro, articulista da Tribuna Independente, Maceió/AL –  Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com