sábado, 14 de abril de 2018

A DITADURA degrada ...

 Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

 

Uma vez que, umas pouquíssimos pessoas, homens e mulheres, e suas instituições econômicas e políticas extrativistas com muita riqueza privada, poder e sem restrição ao exercício arbitrário, inclusive pela apropriação da máquina estatal, exercem essa ditadura com vigor ao usar no conforto de suas vidas, o consumo supérfluo de produtos [programadamente obsoletos], quer oriundos da natureza, quer produzidos artificialmente; ao utilizarem suas posições sociais privilegiadas e suas éticas de compadrio para engendrarem seus desejos e demandas, como direito secular; uma cultura senhorial, que usa o consumo de luxo como ferramenta para enfraquecer ou aniquilar de outrem, o bem-estar pelo usufruto dos bens primários anunciados por Oliveira (2013) – individualidade, liberdade, posse, confiança e felicidade; por conseguinte demarcar ainda o inoportuno e desnecessário abismo social entre os vários segmentos da sociedade: homens e mulheres, ricos e pobres, brancos e índios, brancos e pretos, índios e pretos escolarizados e analfabetos, príncipes e escravos modernos, sem nenhuma razoabilidade -   
http://br.blastingnews.com/sociedade-opiniao/2017/08/facebook-deveria-pagar-renda-minima-aos-seus-usuarios-entenda-001918995.html

hhttps://g1.globo.com/politica/eleicoes/2018/eleicao-em-numeros/noticia/2018/10/05/datafolha-democracia-e-a-melhor-forma-de-governo-para-69-dos-brasileiros-ditadura-em-certas-circunstancias-e-opcao-para-12.ghtml


Uma vez que, é uma ditadura da minoria, pois pouquíssimas pessoas devastam a natureza pela forma mais degradante de consumo – ouro em pias e em ralos – a opulência [aqui se mede o tamanho da desigualdade pela avareza, soberba, luxúria], ora por excesso de prerrogativas econômicas e patrimoniais. Esses ditadores usam suas influências pelo uso do poder e do dinheiro em todas as instâncias do fluxo circular da vida humana para provocarem danos, muitos irreversíveis aos biótipos, biótopos e biomas, e com rigor as muitas e muitas outras pessoas, homens e mulheres, e principalmente, as crianças, severamente.

Uma vez que, essas muitas e muitas outras pessoas, homens e mulheres, sob o domínio de instituições políticas e econômicas extrativistas [e do exercício arbitrário] e com pouca riqueza privada, tais como, o índio, o agricultor familiar, o quilombola, a quebradeira de coco, a catadora de mangaba, o faxinalense, o fundo de pasto, a marisqueira, enfim, o rurícola e sua heterogênea tipificação e hierarquia, também fazem danos, muitos irreversíveis, e irremediavelmente degradam os biótipos, biótopos, biomas e à vida humana severamente; nesse caso, pela carência de alimentação, vestuário, renda, moradia, educação e políticas públicas que lhes sustentem com vida digna; e assim usam os recursos naturais, renováveis e não renováveis, como ferramenta de manutenção de suas lógicas familiares e de suas éticas de compadrio.

Uma vez que, o sobreviver precário, para muitas e muitas pessoas é uma tarefa árdua: do emprego precário ao desemprego, do sobretrabalho ao subemprego de pessoas adultas, de adolescentes e de crianças. É uma situação ilegal, um desrespeito ainda maior ao Estatuto da Criança e do Adolescente/ECA. No Brasil, "despachos judiciais permitem a adolescentes de 14 e 15 anos trabalhar; e a quantidade de autorizações envolvendo crianças mais novas, até 13 anos", é grave e assustadora.

Uma vez que, essa, é uma ditadura da maioria, pois muitas e muitas pessoas dessa ditadura devastam a natureza pela forma mais decidida de resistência – lenha para cozinhar, aquecer e vender – a sobrevivência [aqui se mede o tamanho da desigualdade pela falta ou insuficiência do usufruto dos bens primários propostos por Oliveira (2013)]. Nessa ditadura, ora pela ausência de prerrogativas econômicas e patrimoniais e pela vigorosa presença de instituições econômicas e políticas extrativistas, por exemplo, dos 4,5 milhões de agricultores familiares, 03 milhões vivem precariamente pelo não usufruto de bens primários, e estão presentes em todos os estados, mas os nortistas e os nordestinos são maioria, inclusive com um serviço estatal de pesquisa agropecuária e extensão rural ineficiente.

Uma vez que, doutro modo, não há nenhuma vantagem: ecológica, comparativa, competitiva, social e ética de agricultores e extrativistas familiares [de povos e comunidades tradicionais] em seus sistemas de preservação, produção e consumo devido a baixa produtividade, pouco consumo e quase nenhuma poupança https://www.ecodebate.com.br/2017/07/05/pnudonu-premia-organizacoes-indigenas-por-projetos-de-sustentabilidade-comunitaria-na-amazonia-brasileira/

Uma vez que, o resultado de tal situação inclui o procriar aflito: por moradia insalubre, desnutrição, assistência social precária e insuficiência ou ausência de rendas produtivas e/ou não produtivas, apesar dos avanços na aquisição de bens e serviços, na expectativa de vida, etc..

Uma vez que, é fato público que as relações entre essas pessoas e suas categorias sociais por conviverem no mesmo território, no locus privado e público, requerem argumentações e alianças para reordenarem os assentamentos humanos com novas relações para educar, usar, conservar e preservar os recursos naturais, os impostos, os princípios da Administração Pública [legalidade, impessoalidade, moralidade, publicização e eficiência], a diversidade de políticas públicas, bem-estar. É imperativa uma convivência assentada no compartilhamento da [re]distribuição da riqueza pública - potenciais ecológicos, patrimônios imateriais, impostos e na garantia da riqueza privada - propriedade, bens, serviços, patentes e lucro. 


Uma vez que, indagações sobre viver junto e pertencimento são necessárias e oportunas para entender as frágeis, desiguais e complexas relações ecológicas e sociais e pessoais, e assim atingir mortalmente essas imperativas ditaduras que usam o Ótimo de Pareto, por exemplo, e impedem as pessoas de serem livres, iguais e felizes, terem vida digna, para além do Homo economicus, para o Desenvolvimento Sustentável como acentua Oliveira (2013) - "um processo em rede dialética compartilhada pelo indivíduo e suas categorias [conflitos e alianças] ao preservarem e ao usarem os recursos naturais e os tributos [planejamento, gestão, ideia de negócio] transforma-os em bens e serviços [proposta de valor]: do autoconsumo ao mercado, das renda ao bem-estar pelo usufruto dos bens primários: individualidade, liberdade, posse, confiança e felicidade, intra e intergeracional" uma concertação para a justiça social - https://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2018/04/11/concentracao-renda-ibge.htm


Uma vez que, compreender o estado da vida e de vida de todos, é criar, reinventar e compartilhar cenários para reorganizar e melhorar as trocas desiguais ecológicas e econômicas; e a dialética como exercício máximo da liberdade individual e da cidadania, lhes assegura não só uma vida confortável, sobretudo, escolhas individuais e coletivas aperfeiçoadas ao longo da vida para desfrutar dos bens primários em contínuos processos de aprendizagem, desaprendizagem e reaprendizagem dos princípios ecológicos propostos por Capra (2002) [fluxo cíclico da natureza, interdependência, parceria, reciclagem, cooperação, diversidade, flexibilidade], e dos fundamentos econômicos [ativos, passivos, dividendos e lucros], ao pensar, ao dialogar e ao agir para que o planejamento e a gestão estratégica dos recursos naturais e a estrutura dos impostos na bacia hidrográfica efetivem os objetivos estabelecidos pelos setores: estatal e privado, pela sociedade e pelas pessoas ao primarem pela eficiência, eficácia e ótima qualidade da produção e do consumo; da legislação e da fiscalização; da política pública de educação, de saúde e de segurança pública; do serviço de pesquisa agropecuária e extensão rural; da vigilância da mídia e do eleitor à corrupção em qualquer instância social.

Uma vez que, salvemo-nos nossos estilos de vida, nosso bem-estar da promessa equivocada do consumo programadamente precoce e obsoleto dos recursos naturais e dos bens e serviços por excesso por umas pouquíssimas pessoas ricas assombra o mundo, bem como pela carência, a segurança alimentar e nutricional de muitas e muitas pessoas pobres, também assombra o mundo, contudo, ricos e pobres praticam vigorosas éticas de compadrio para degradarem a coesão social e a natureza, num desrespeito ao Código Florestal e Código das Águas, por exemplo.

Uma vez que, assim falava Zaratustra, "mas dizei-me, irmãos, se falta objeto à humanidade, não é porque ela mesma não existe?". Então, quem somos? Porque fazemos o que fazemos? Como queremos ser uns com os outros? Aonde queremos chegar? Afinal, nesse cenário de tantas incertezas e inseguranças, inclusive a jurídica, o índio, o agricultor familiar, o quilombola, a quebradeira de coco, a catadora de mangaba, o faxinalense, o fundo de pasto, a marisqueira e suas famílias necessitam compartilhar os recursos naturais, os impostos, a máquina estatal, a cultura e as subculturas com os diversos agrupamentos humanos. E esse sistema cooperativo ao usar a educação e a tecnologia transformacional age como uma força motriz que inova, produz, consume, especializa, armazena, intercambia e otimiza ideias e bem-estar em escala ascendente e abundante, e pode garantir que o usufruto da riqueza pública e da privada não é um jogo de soma zero nesse mundo globalizado online; sobretudo porque "cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar. Por essa razão, a justiça nega que a perda de liberdade de alguns se justifique por um bem maior partilhado por outros" (Rawls, 2002); além disso, para assegurará-lhes, um sim à singularidade, um sim à humanidade, um sim à vida nesse século XXI, as pessoas devem compartilhar leituras sobre o pensar e o agir, e assim promover a abundância da hierarquia das necessidades humanas e de autorrealizações - Maslow (1943) e Diamandis (2012): comida, água, abrigo, energia, educação, tic, saúde e liberdade. De maneira que, compartilhar ideias, especializações, cooperações, ciência, filantropia bilionária, ética e conectividade em ambientes institucionais e ambientes não institucionais públicos e privados, o estado de Direito aumentam as possibilidades de abundância de bem-estar – http://tribunahoje.com/marisqueiras-da-lagoa-mundau





[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável [engenheiro agrônomo], professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, diretor do Sindagro, articulista do jornal Tribuna Independente, Maceiò – AL, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com