segunda-feira, 31 de maio de 2021

Ainda não é um caso de sucesso

 

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

 

Na noite, de 24 de outubro de 1844, a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, localizada na Travessa do Sapo, em Rochdale, Manchester, Inglaterra, abre suas portas para atendimento aos operários e suas famílias, baseada em regras bem estabelecidas, para dar conta de suas necessidades e de seus desejos comida, água, abrigo, educação, saúde, individualidade, liberdade, posse e felicidade; tal como para promover novas relações sociais, de modo a alavancar à melhoria do desenvolvimento humano e do bem-estar.

 

Essa ideia teve ressonância na região fumageira de Arapiraca, Alagoas, Brasil, que começa com o entusiasmo de Lourenço de Almeida – em 1963, funda-se a primeira cooperativa agrícola na região, a Cooperativa Agropecuária e Industrial de Arapiraca Limitada/Capial, que obteve sucesso entre os anos de 1978-1983, porque garantiu que a oferta e a demanda inelásticas do “dono-cooperado” atendessem à demanda elástica dos consumidores e das indústrias do fumo; a aquisição de insumos para os “donos-cooperados”; e chegou a distribuir as sobras. Hoje, vive em estagnação, mas continua a ser uma referência. Em 1987, mais uma cooperativa abre suas portas para atender aos fumicultores: a Cooperativa Mista dos Produtores de Fumo de Alagoas Limitada/Cooperfumo, de duração efêmera, situação cadastral: extinção por Encerramento Liquidação Voluntária. Alguns sindicalizados e o pessoal das associações comunitárias criam, em 1992, a Cooperativa dos Produtores Rurais de Arapiraca Limitada/Cooperal; está estabelecida, porém, tem uma prática cooperativista tímida. E, por último, a Cooperativa Agropecuária de Desenvolvimento do Agreste Limitada/Coopagreste, que, em 1998, abre suas portas para produzir e comercializar ovos de galinha caipira, com o intuito de ser uma alternativa à cultura do fumo. Também vive momento ruim, não realiza seu Estatuto. 


Vale ressaltar, a Cooperfumo, a Cooperal e a Coopagreste nunca distribuíram sobras aos "donos-cooperados".


Essas cooperativas foram e continuam incapazes de gerenciarem a estrutura de custos e a capacidade organizacional – recursos, processos e valores –, para criar redes de valor, que as levem a mercadejar com êxito pela oferta de produtos e serviços funcionais, confiáveis, convenientes a preço concorrente nesse ambiente de negócio. 

 

Contudo, as experiências desses "donos-cooperados" continuam lastreando, que medidas essas cooperativas necessitam para motivá-los, e assim, discutirem e criarem mecanismos de garantia não só da gestão empresarial, mas assegurando trabalho e produção, renda e consumo de bens e serviços, sobretudo, a preservação e o uso dos fatores de produção, impostos, e de melhoria das condições de vida, inclusive da população por elas envolvidas, em termos econômicos, sociais, ambientais e culturais, em sintonia com o Desenvolvimento Sustentável – Um processo, conflitos e alianças, que compartilhado em redes multidimensionais pelos indivíduos em pleno Estado de Direito, utilizam a capacidade organizacional, a ideia de negócio, para preservar e usar os fatores de produção e os tributos, transformando-os em bens e serviços, a proposta de valor, do autoconsumo ao mercado para suprir as necessidades e desejos, a expectativa de vida, pelo usufruto dos bens inalienáveis – individualidade, liberdade, propriedade, confiança e felicidade – o Estado da Arte.


“Nossa geração corre perigo de esquecer não só que a moral é, por essência, um fenômeno da conduta pessoal, mas também que ela só pode existir na esfera em que o indivíduo tem liberdade de decisão e é solicitado a sacrificar voluntariamente as vantagens pessoais à observância de uma regra moral” (Friedrich August von Hayek). 

 



[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável [engenheiro agrônomo], membro da ABER, professor da UNEAL, diretor do SINDAGRO, articulista da Tribuna Independente de Maceió - Alagoas, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.co