domingo, 6 de dezembro de 2015

Em busca do ESTADO da ARTE

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

.                                             “O homem desacomodado não é mais do que um pobre animal, nu e dividido”, diz o Rei Lear [SHAKESPEARE].
    
   Dito isso, afirmo, ainda assim, é exuberante o processo evolutivo dos homens e das mulheres, pois, têm usado a comunicação como ferramenta para perpetuação da espécie como de aproximação entre si e terceiros para atingir o estado da arte – o convívio social. Desse modo, eles inventam e reinventam todos os dias as relações sociais reconhecendo nelas os conflitos, os diálogos e a confiabilidade das alianças, que acabam em alguns casos se tornando marcas distintivas – é assim que a Extensão Rural também se reproduz. A história da Extensão Rural, sua cultura e sua identidade, nos últimos 60 anos, tem tido o reconhecimento da sociedade, dos governos, dos organismos não governamentais, da academia, dos rurícolas, e especialmente dos beneficiários da Lei 11.326/2006, suas famílias e suas organizações.

   É verdade. Contudo, via de regra, o serviço de Extensão Rural [o serviço de educação não formal, de caráter continuado - Lei 12.188] está em dificuldade, pelo pouco investimento, muitas demissões e poucas admissões, por chamadas públicas que não levam em consideração às demandas das unidades produtiva e social, da Anater que caduca sem sair do papel..., ainda assim, o extensionista, mulher e homem, está em júbilo, pois, nestes 60 anos, além de discutir, manter, inovar e/ou difundir os sistemas produtivos e sociais, ainda estimula a participação dessas categorias no processo decisório: municipal, estadual e federal, para afirmar e garantir a reprodução de sua lógica familiar – terra, água, trabalho e família, sob a complexa sustentabilidade e suas dimensões; e assegurar-lhe o acesso, o usufruto e o controle dos recursos naturais e dos impostos, sobretudo, na gestão dos assuntos públicos. É motivo de regozijo para o extensionista, que se dedica diuturnamente à busca ao bem-estar pelo usufruto dos bens primários – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos, segundo Rawls – daqueles a quem destinam seu esforço.
              
   Desse modo, o serviço de Extensão Rural deve orientar seus objetivos para a distribuição da renda e da riqueza privada e pública [repartição dos tributos, encargos e benefícios] mais justa para melhorar as atuais condições de vida dos rurícolas, a maioria com renda de até 2 salários; ao uso, conservação e preservação dos recursos naturais [diversos biomas]; e ao exercício das liberdades reais, da cidadania igual dos beneficiários da Lei 11.326/2006, do rurícola e suas organizações, ao corrigir as imperfeições do processo capitalista, da montante à jusante da produção agrícola, garantir-lhes tipos de desenvolvimento sustentável que respeitem as formas e estilos de vida, em resposta à sua capacidade de discernir, aceitar, trocar, adotar, manter e indagar as relações consigo, com os outros e com o mundo – com o comprometimento social.

   Há um sentimento de pertencimento, um senso de justiça que se cristaliza na possibilidade de servir, construir, relacionar-se aos demais, em especial com aqueles que precisam da liberdade individual e da cidadania para melhorar suas posições sociais. Sobretudo, há uma característica vigorosa na relação extensionista/beneficiário da Lei 11.326/2006: a intensa relação de confiança – assim, a marca distintiva da Extensão Rural, mesmo com as especificidades regionais, é rigorosamente o EXTENSIONISTA – o sacerdócio de dezenas de milhares de mulheres e homens pelo respeito que constroem nas comunidades em que trabalham e divertem-se; e pelo autorrespeito animam o serviço de Extensão Rural [25 mil pessoas]. Essa marca distintiva é sustentada também pelo relacionamento com outros milhares agentes sociais e econômicos.
                         
   Decerto que, o homem e a mulher por sua capacidade de libertar-se, por sua história, por sua inquietação moral; e por aperfeiçoar-se ao longo da vida, eles, no particular e no universal, contemporizam-se para encontrarem-se na história; e ao escrevê-la revivem; vivem o dia a dia e garantem sua continuidade. De modo que, essa atuação cheia de significados [sacrifícios, realizações e prazeres], a esse aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a ser; e aprender a viver junto, “onde a compreensão é a só tempo meio e fim da comunicação” (MORIN) para enfrentar as incertezas e para promover o bem-estar em Rawls – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos  para compartilhar o estado da arte.

   Em tempo: O XII CONFASER ao debater o estado da arte da Extensão Rural, o direito do trabalhador [na admissão e na demissão], o papel do movimento sindical, por exemplo, colocou em evidência a necessidade de líderes capazes de usar a autoridade para "influenciar o comportamento de outros para a promoção de metas coletivas, com base em alguma forma constatável de consentimento destes outros" (BERNARDES citando BUCKLEY) para buscar o estado da arte - Bento Gonçalves/RS, novembro de 2015.
                         
   Desejo vida longa, à mulher e ao homem Extensionista – salve 06 de dezembro.

   E Boas Festas!!!
     





[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, professor da UNEAL, extensionista da EMATER-AL/Carhp, diretor do SINDAGRO                                                                 Blog:   sabecomquemestafalando.blogspot.com