sábado, 31 de agosto de 2019

A quem interessa Ouvidos moucos?

   Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

Em Alagoas [a maior desigualdade de renda do país (Gazeta de Alagoas, 06/09/2019)] e no Brasil, em geral, pela fragilidade política dos agricultores minifundiários, analfabetos, descapitalizados e de suas representações nos espaços públicos e privados precarizam ainda mais seu modo de vida: social, econômico e ecológico. Essas categorias permanecem com dificuldades de acesso à cultura e ao lazer; às TICs  e à segurança jurídica; aos serviços [saúde, educação, segurança pública, crédito rural]; e tampouco têm acesso à terra, aos meios de produção, à renda  em êxodo, principalmente os jovens, pelo insucesso ou a interrupção na sucessão familiar, a consequente masculinização do campo, e de idosos em viés de alta na atividade agrícola, inclusive pela falta de objetividade em suas finalidades, o Cedafra/Conselho Estadual da Agricultura Familiar e a Emater/AL, têm atuações ineficientes. Na Emater não há prescrição de receita agronômica para o uso de agrotóxico, e é pouca a fiscalização do CREA do uso na propriedade. Essa precarização de vida é acentuada pela ineficiência de governo [municipal, estadual, distrital e federal] em empregar o poder substantivo do chefe – a troca como meio de “controle ou influência tendo por base recursos materiais e recompensas na forma de remuneração pelo recebimento de algum tipo de contribuição” (Bernardes, 2009) –, a tal ética de compadrio, que leva-os à iniquidade –https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/04/crise-empurra-74-milhoes-de-brasileiros-para-pobreza-segundo-dados-do-banco-mundial.shtml

É sabido que o êxito das pessoas e de qualquer negócio sustentável, inclusive do negócio agrícola - preservação e uso dos recursos naturais, posse, produção, tributos, bens de capital, lucros, liberdade individual, a vida na bacia hidrográfica – que impulsionado pela interação do computador-internet-dispositivos móveis de banda larga facilita e barateia o planejamento de curto a longo prazo e a gestão [o quê, quem, como, quando, quanto, onde, por que]; diminui as incertezas quanto a visão de futuro, a ideia do negócio e a proposta de valor dos empreendedores, investidores, empregados, consumidores e stakeholders; principalmente, importa-se com o debate acerca do intervencionismo do grupo de pressão, da ética, do governo eficiente, e da sociedade de avaliar e corrigir os benefícios e malefícios da tecnologia, da lei Moore, da globalização, da mudança climática, da demografia e da migração, da poupança e do capital (dos bens de capital); da troca desigual econômica e ecológica; da vantagem comparativa e ou competitiva, e do custo de oportunidade; de cenários, tendências e opções estratégicas para maximizar o desempenho da cadeia produtiva pela suficiência de ciência, pesquisa agrícola, assistência técnica e extensão rural incrementa a produtividade de todos os fatores [preço competitivo por serviço e unidade produzida]; sobretudo pela qualidade de bens e serviços, e as vantagens em ofertá-los rastreados, certificados e fiscalizados aos consumidores, e pelo êxito das ferramentas de cooperação e associativismo com atuação em redes [associação, sindicato e cooperativa]; enfim, pelo acesso e o uso da internet das coisas pelas pessoas, empresas e governos impele à prosperidade e o bem-estar.

Portanto, uma política de desenvolvimento sustentável é assegurada pelo exercício da individualidade, liberdade e posse de homens e mulheres, de agricultores e extrativistas familiares (dos povos e comunidades tradicionais) e de crianças e adolescentes, garanta-lhes o acesso e o uso dos recursos naturais, tributos e lucro em suas unidades: familiar, produtiva, social e geográfica; sobretudo pelas suas participações, acompanhamentos e avaliações do PPA, da LDO e da LOA, federal, estadual e municipal. Esse processo aponta para a necessidade de estratégias para garantir que as diretrizes e a execução de programas, ações e projetos construam uma visão de futuro, um propósito de vida, garantindo o Desenvolvimento sustentável como conceitua Oliveira um processo, conflitos e alianças, que compartilhado em redes multidimensionais pelos indivíduos em pleno Estado de Direito, usam a capacidade organizacional, a ideia de negócio para preservar e utilizar os fatores de produção e os tributos, transformando-os em bens e serviços: do autoconsumo ao mercado para suprir as necessidades e desejos, a expectativa de vida, pelo usufruto dos bens inalienáveis – individualidade, liberdade, propriedade, confiança e felicidade – o Estado da Arte.

E afirma Bastiat (2010): “se cada homem tem o direito de defender – até mesmo pela força – sua pessoa, sua liberdade e sua propriedade, então os demais homens têm o direito de se concertarem, de se entenderem e de organizarem uma força comum para proteger constantemente esse direito”. Indubitavelmente, falta-nos líderes que organizem a lei. E argumenta Bernardes, 2009, líder é aquele que usa a autoridade, que é o “controle ou influência sobre o comportamento de outros para a promoção de metas coletivas, com base em alguma forma verificável de consentimento destes outros em razão de estarem informados dessa situação”. E essa nova era das máquinas potencializa pensar e o agir dos homens e mulheres  [sobre individualidade, liberdade, posse, vigilância e confiança], e suas atuações nas organizações para enfrentar às incertezas e o intervencionismo de qualquer natureza, principalmente a do Estado; de maneira que a economia política possa "prover uma receita farta [...] para as pessoas, ou, mais propriamente, capacitá-las [...]; segundo, suprir o estado [...] com receitas suficientes para seus serviços públicos", afirmava Adam Smith.

Quando Ouvidos moucos interessam?


[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Engenheiro agrônomo, professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, diretor do Sindagro, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com