terça-feira, 31 de outubro de 2023

“Só sei que nada sei.”

 Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

Nessa afirmativa, Sócrates revela o caráter questionador do Homo sapiens sapiens. 

Se, ”num mundo já ocupado, se sua família não possui meios de alimentá-lo ou se a sociedade não tem necessidade de seu trabalho, esse homem, repito, não tem o menor direito de reclamar uma porção qualquer de alimento: está em demasia na terra. No grande banquete da natureza, não há lugar para ele. A natureza lhe ordena que se vá e ela mesma não tardará a colocar essa ordem em execução...” (THOMAS MALTHUS).

Se, “O Estado é a grande ficção através da qual todo mundo se esforça para viver às custas de todo mundo”, como anunciou Frédéric Bastiat. Os agentes públicos e privados não só o vivenciam, como se apropriam Dele pela troca de favores negociando cargos estatais, emendas parlamentares, sentenças judiciais, licitações e concessões, financiamentos e a lei orçamentária anual – os servidores do poder legislativo, executivo e judiciário nessa lei já garantem reajustes próprios aos seus altos salários, em detrimento dos empreendedores e dos trabalhadores que geram a riqueza privada; e seus propagandistas os aplaudem entusiasticamente em qualquer lugar, nada ético nessa atuação – https://noticias.uol.com.br/colunas/carolina-brigido/2023/11/29/procurador-pede-ao-tcu-suspensao-de-beneficios-aprovados-para-juizes.htm

E nesse cenário de tantas incertezas e inseguranças, inclusive a jurídica, o IBPT, anuncia que, 79,02% da população brasileira que ganha até 03 salários mínimos são responsáveis por 53,79% dos impostos arrecadados pelo Estado. E que dentre os 79,02% da população que ganha até 03 salários mínimos, o Censo agropecuário de 2017, informa que existem 3,9 milhões de agricultores (Lei 11,326 de 2006) com renda de até 0,5 salário mínimo. E o IBGE, 2020, informa que, “0,6% dos estabelecimentos foram responsáveis por cerca de 53% da produção, no outro extremo, 69% dos estabelecimentos, os quais três quartos eram produtores familiares e, em grande parte, encontram-se no Nordeste, respondiam por 4% da produção”.

De modo que, a vida privada – individualidade, liberdade e propriedade – do indivíduo vem sofrendo ataques severos, frequentes e intensos há séculos. Mas este século é marcado pelo avanço rápido, barato, ágil e onipresente da conectividade como resultado da interação computador-internet-dispositivos móveis de banda larga que, dia a dia, nos beneficia muito, mesmo nos expondo a ataques virulentos.

"Mas dizei-me, irmãos, se falta objeto à humanidade, não é porque ela mesma não existe – Assim falava Zaratustra (NIETZCHE)". Então, como cheguei até aqui como indivíduo e como espécie? Como quero ser com os outros? Como enxergo e pratico as virtudes e vícios, me leva à prosperidade, bem-estar e felicidade? Por que faço o que faço? Se, via de regra, muitos dos 8 bilhões de habitantes sobrevivem sem praticar sua individualidade, sua liberdade, sua propriedade, sem uma regra voluntária. Tampouco usam seus julgamentos de valor e suas preferências temporais individuais e coletivas, hoje ou amanhã, para gerarem prosperidade e bem viver numa ordem ampliada – o que há? 

Contudo, se o indivíduo exercitar o Estado de Direito, que "significa que todas as ações do governo são regidas por normas previamente estabelecidas e divulgadas – as quais tornam possível prever com razoável grau de certeza de que modo a autoridade usará seus poderes coercitivos em dadas circunstâncias, permitindo a cada um planejar suas atividades com base nesse conhecimento" (HAYEK), aumenta suas possibilidades tanto de questionar para prosperar como para o bem viver e felicidade.

Os indivíduos, de todo modo, em cooperação e troca pacíficas pensam e agem empregando a educação e a tecnologia transformacional como força motriz para usar, preservar, organizar, inovar, produzir, consumir, especializar, armazenar, intercambiar, otimizar os recursos naturais, os bens de capital, os tributos, a cultura e subculturas, para marquetear ideias e bem viver em escala ascendente; e, ao final, garantir pelo uso das preferências temporais, individual e coletiva, no presente e no futuro, o usufruto da riqueza pública e da privada baseada no Desenvolvimento Sustentável (OLIVEIRA) “como um processo, conflitos e alianças, que compartilhado em redes multidimensionais pelos indivíduos em pleno Estado de Direito, utilizam a capacidade organizacional, a ideia de negócio, para preservar e usar os fatores de produção e os tributos, transformando-os em bens e serviços, proposta de valor, do autoconsumo ao mercado para suprir as necessidades e desejos, a expectativa de vida, pelo usufruto dos bens inalienáveis – individualidade, liberdade, propriedade, confiança e felicidade – o Estado da Arte”.

Mas, “só sei que nada sei.”



[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Engenheiro Agrônomo, professor da Uneal, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, dirigente sindical, articulista da Tribuna Independente/Alagoas, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com