segunda-feira, 18 de abril de 2016

Viver BEM é para POUQUÍSSIMOS

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

Pois, o curso da história tem mostrado que os interesses privados, as ideologias, as éticas e o poder têm sobreposto às liberdades fundamentais, principalmente, a liberdade individual; essas devem forjar os valores, os princípios, as leis e as normas da convivência humana -   https://www.ecodebate.com.br/2016/04/18/assassinatosno-campo-explodem-em-2015/  

Dessa forma, é importante relatarmos os esforços em favor de um desenvolvimento fracassado, que acontece por não considerar os fatores: ecológico, demográfico, filosófico, cultural e afetivo; e toda a cadeia de relações existentes no centro de toda cultura; no caso, o estilo de vida rural e suas estreitas relações com a terra, com a natureza e com o citadino.

Ademais, esse modo de vida é subdimensionado e subavaliado na maioria dos projetos de desenvolvimento. E os beneficiários da Lei 11.326/2006 e outros rurícolas sentem a lógica de suas reproduções culturais – natureza e mitos, cultivos e extrativismos, suor e mais-valia, sucessão e posse, patrimônio imaterial e bem-estar em Rawls - que se dar pelo usufruto de bens primários: autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos -, escapar-lhes por entre os dedos.

Entrementes, os beneficiários da Lei 11.326/2006 em seus habitats sofrem acossamento por parte de uns poucos inclinados a instituir, cada vez mais, novas prerrogativas em detrimentos dos seus modos de produção, consumo e entretenimento tão degradantes aos potenciais ecológicos e valores culturais. Aliás, ”a pressão da sociedade sobre o indivíduo pode voltar, sob uma nova forma, a ser tão grande quanto nas comunidades bárbaras, e as nações irão se vangloriar, cada vez mais, de suas realizações coletivas em detrimento das individuais”, diz Bertrand Russel.

Convém ressaltar que o sistema capitalista baseia-se em uma ordem, numa ética, em que os atores evoluem e se comportam de acordo com normas que assegurem o fluxo da vida econômica [produz muita riqueza para uns pouquíssimos e muito egoísmo] – apropriação, lucro e acumulação de rendas e riquezas – e a reprodução do capital. E, também, danos sociais [como impunidade e corrupção, por exemplo operação Lava-jato], e danos ecológicos [como perda da biodiversidade, por não cumprir o Código florestal] e patrimoniais [como a pouca riqueza privada de muitos, o alto imposto regressivo e a insegurança jurídica], principalmente, aos beneficiários da Lei 11.326/2006, aos rurícolas e suas famílias, que são abrandados pela hipnótica mídia e ética normativa geradas pelos príncipes, pelos que dão ordens e pelos os que dão conselhos. 

Não obstante esse sistema continua produzindo muita riqueza privada e pública. E mesmo com o PIB mundial em torno de 100 trilhões de dólares o fosso entre pobres e ricos é brutal e crescente; porquanto, é um acinte que essa riqueza gerada continue aumentando a desigualdade em todos os aspectos da vida circular de homens e mulheres em qualquer quadrante terrestre, esteja sobre a prática do ensinamento de Maquiavel – “aquele que promove o poder de um outro perde o seu...”- em Alagoas, Maquiavel impera.
Nesse sentido, não há nenhuma razoabilidade no excesso de bens de uns poucos e na carência de bens de muitos, já observava o filósofo Aristóteles. Entretanto, a concentração de renda e de poder gerou um colonialismo ambiental grave, exercido pelos ricos, entre países e dentro dos países, sobre os pobres. Nunca os problemas ambientais foram tão graves – o homem assume-se como “um fazedor de desertos” [Euclides da Cunha: Os Sertões]  as dimensões são globais. Nunca a liquidação das culturas tradicionais foi tão perversa e global.

Portanto, continua prevalecendo, o projeto e a prática senhorial sobre os recursos naturais e os tributos, indo de encontro aos interesses da maioria das nações, dos rurícolas, dos beneficiários da Lei 11.326/2006 e suas famílias e, como resultado: os insustentáveis estilos de vida desses beneficiários e dessa geração comprometem os das futuras gerações. http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2015/09/vulnerabilidade-social-cai-mas-ainda-e-alta-no-norte-e-no-nordeste-diz-ipea.html

De modo que, o enfrentamento desses conflitos pelos beneficiários da Lei 11.326/2006, pelos familiares e pelas comunidades, enfim, pelos brasileiros em um contexto local e mundial em transformação, é o de provocar uma alteração social equitativa nos benefícios e encargos da cooperação social resguardada por uma governança baseada nos princípios da Administração pública e na multidimensão do Desenvolvimento sustentável. É o de afirmar os valores democráticos [liberdade, igualdade e fraternidade], e a eles se ajustar sem negar-lhes a riqueza de elementos de suas tradições, e assim, elevar o bem-estar pelo usufruto dos bens primários em Rawls [autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos], pensando e agindo como cidadãos iguais e livres.




[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, professor da UNEAL, extensionista da EMATER-AL/Carhp, diretor do SINDAGRO, articulista da Tribuna Independente, Maceió/AL - publicado na Tribuna Independente.                                                                   Blog:   sabecomquemestafalando.blogspot.com

25 comentários:

  1. Suas colocações sobre bem-estar são oportunas. Ricardo

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  2. Sua chamada sobre o ensinamento de Maquiavel é interessante e reflexiva. Aldo

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  3. De fato viver bem é o objetivo do homem. Rui

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  4. O texto reflete muito bem a situação caótica em que vivemos. Por isso, você nos alerta, devemos exercitar a liberdade individual e o da cidadania para seguirmos rumo ao bem-estar. Stella

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  5. Boa observação, Stella

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  6. A citação de Aristóteles sobre excesso e carência consubstanciou esse texto que trata das desigualdades entre as pessoas. Parabenizo-o. Ivo

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  7. Um texto sensível aos dias difíceis dos agricultores familiares, mas também sugere soluções. Artur

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  8. É verdade, Maquiavel sempre presente há pelos 500 anos na vida dos príncipes. Precisamos romper essa situação. vanessa

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  9. Caro Marcos Dantas parabéns pelo crítico artigo sobre desigualdade social e concentração de renda.
    Kleber

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  10. Suas indagações estão em consonância com o momento em que os que têm menos, vivem numa pobreza que é secular. Valter

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  11. Muito interessante e oportuno. Carlos

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  12. Falta-nos o exercício dos princípios da administração pública. Edson

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  13. Um artigo sensível ao exercício da cidadania e da liberdade individual. Jason

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  14. Intenso para esse 1 de maio. Cecília

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  15. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  16. Concordo plenamente. Gustavo

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  17. parabenizo pela crítica tão atual. Lúcia

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  18. Nesse Brasil a única ética que funciona é a do compadrio. André

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  19. As representações dos técnicos do setor agrícola e a dos agricultores familiares precisam se posicionar sobre a ineficiência do governo municipal, estadual e federal, se não os agricultores familiares vão continuar empobrecendo. Susana

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  20. Atual esse artigo, marcos. Geraldo

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