domingo, 3 de maio de 2015

Por que continuar À TOA?

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

  Será que os 'donos do mundo', seguidos daqueles que dão ordens e daqueles que dão conselhos, estão certos, a desigualdade vem diminuindo?
      
  No Brasil, PIB em queda livre, inflação alta, corrupção impune, desemprego em ascensão, poupança em baixa, estado ineficiente, governo [poderes constituídos] sem credibilidade, sociedade apática, a desigualdade econômica e social continuará em alta - a participação na renda total dos 10% mais pobres em 1960, era de 1,9%, cinquenta anos depois regrediu, em 2011 foi de 1,6%; e a renda dos 10% mais ricos que era de 39,6% praticamente continuou a mesma 39,3%. Ouça agora Dona Severina, acessando https://www.youtube.com/watch?v=fk70CFfO7rE&hootPostID=6e822c5b70bff6b0fed962ffdc008dbd
                 
  Em Alagoas, vida caótica, mais de 60% da população ganha até ½ salário, em maioria, rurícolas, beneficiários da Lei 11.326, trabalhadores de aluguel e suas famílias - http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/05/pl-da-terceirizacao-ira-precarizar-trabalhadores-rurais-apontam-movimentos-do-campo/
                                       
  E Maceió e Arapiraca, principalmente por êxodo rural como por empobrecimento de citadinos, a favelização. Essa miséria está em expansão, pela pouquíssima renda ao maltrato a natureza, pelo trabalho familiar penoso ao ineficiente serviço de pesquisa agrícola e extensão rural estatal e não estatal, pelo precário serviço de saúde e educação à crescente violência: roubos e homicídios, trabalho e prostituição, também por aqueles de menor de idade – http://www.ecodebate.com.br/2014/11/25/trafico-de-criancas-aumenta-e-meninas-sao-2-em-cada-3-criancas-vitimadas/
              
  Outro dado, o déficit habitacional rural em Alagoas é de 40.000 lares (Ministério das Cidades, 2005). Portanto, é necessário que essas categorias, principalmente, os jovens rurais convoquem seus pares para acompanhar qualquer movimentação que inviabilize o Programa Nacional de Habitação Rural/PNHR. Por exemplo, hoje é comum os construtores contratarem o teto máximo permitido; contudo, o teto deve ser usado em função da renda do proponente e da disponibilidade desses recursos para outras famílias. E a não observância desses critérios pode gerar inadimplência, e com isso inviabilizar o programa Minha Casa, Minha Vida Rural, à vida daquelas que optaram por viver e trabalhar no campo, principalmente.   
                
  A solução para o usufruto do bem-estar, do problema de pobreza multidimensional implica necessariamente no acesso e no usufruto dos bens primários, em Rawls, [autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos]; pelo acesso aos recursos naturais, principalmente, terra e água; pelo aumento do valor da produção por hectare e por estabelecimento, incremento esse muito dependente da inovação, da produtividade de todos os fatores, da gestão, da legislação trabalhista e ambiental, e da política pública; pelo acesso aos mercados [nacional e internacional] com regularidade com produtos dentro dos critérios estabelecidos pelo serviço de saúde pública; pela geração de rendas [incluídas as não produtivas] capazes de assegurar aos beneficiários da Lei 11.326, a efetivação do artigo 7º da Constituição federal, bem como assegurar os tributos como riqueza de todos.
                    
  Então, é oportuno incrementar e aprimorar o serviço de extensão rural estatal, realçando-se as empresas de pesquisa agrícola e assistência técnica e extensão rural pela sua capilaridade e pelo referencial no mercado de trabalho e salários para os profissionais que atuam direta e indiretamente na área. E também a extensão não estatal precisa ter seu papel ampliado na agricultura familiar. O serviço público de pesquisa agrícola e extensão rural estatal e não estatal, não deve ser um jogo de soma zero.
                
 Ademais, para manter a população em pequenos municípios usufruindo de bem-estar, exige-se que o Estado dê conta de suas atribuições: garantir o estado de direito, a arrecadação e a distribuição dos tributos, e com isso, melhorar as condições das estradas vicinais e da energia elétrica, da educação e da saúde, dos serviços de comunicação e de informação, da segurança jurídica e da pública, da política agrária e da agrícola, dos conselhos [com maioria da sociedade civil] de saúde, educação, agricultura, tutelar... .

 E os jovens sem opções migrarão, não farão à sucessão quando seus pais se afastarem das lides nas quais construíram seu bem-estar. Jovens rurais alagoanos estiveram em encontro nacional sobre políticas para juventude, encerrado em 30 de abril, em Brasília – http://radioagencianacional.ebc.com.br/politica/audio/2015-04/manifestacao-por-politicas-para-juventude-rural-vai-encerrar-encontro-no-df

  É da conta da sociedade a geração, o uso e o controle [vigiar e punir os infratores] da riqueza privada e da pública para seu bem-estar.

  Por que continuar à toa?  Avante, como cidadão livre e igual!!




[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, professor da UNEAL, extensionista da EMATER-AL/Carhp                                                                                                                        Blog:sabecomquemestafalando.blogspot.com   

17 comentários:

  1. Só com o exercício da cidadania avançamos. Jason

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  2. Uma ótima provocação esse seu texto. Ricardo

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  3. Muito interessante seu texto, acho que deveria, entretanto, fazer comparações em diversos setores por décadas, não podemos negar os avanços brasileiros nem os retrocessos internacionais, nem também negar o esforço de milhões de brasileiros nos bancos escolares, universidades, industria, zona rural, tampouco o crescimento populacional. Um forte abraço.

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  4. Li e texto e assisti com atenção a situação de penúria de Dona Severina. Muita mídia para pouco resultado. Vera

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  5. Estou refletindo seu texto. Claúdio

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  6. Dar atenção para nossas crianças deve ser um dos nossos objetivos de vida. Gabi

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  7. falta leitura para o exercício da cidadania. Paulo

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  8. Acredito que é a partir destes entraves que nosso país acabará encontrado o caminho certo. Pois, é sabido que aprendemos com os erros e através deles crescemos. Por isso sempre vejo como MUITO POSITIVA suas provocações e reflexões. Parabéns Marcos, por mais esse artigo. Thereza Christina

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  9. Saúde pública, sempre em descaso pelo governo. Chico

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  10. Repito Cristina: muito positiva suas provocações e reflexões. Davi

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  11. Jovens continuam com dificuldades de acesso à terra. Hélio

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  12. Sempre nos provocando. Antonio

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  13. A atenção às crianças em seus textos, nos mostra que há esperanças para melhorar suas condições de vida. Stella

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  14. Assertivo em suas colocações. Oto

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  15. Assisti dona Severina, comentando sobre sua pobreza, e ficou claro quem o governo prefere. Susana

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  16. Prezado Marcos

    É doloroso mas verdadeiro o quadro que voce expõe. De qualquer
    forma seria pior se não tivesse havido alguns avanços na melhoria do quadro
    social e mitigação da pobreza nos últimos 15 anos.

    Foram 500 anos de atraso impostos pela Casa Grande !!!

    Temos problemas no Executivo mas o tumor maligno que impede
    avanços na questão das desigualdades está situado no PODER LEGISLATIVO.
    Este Congresso que aí está é um esgoto. E o JUDICIÁRIO faz justiça
    seletiva porque determinado grupo é intocável e parece que sonegação no
    país não é crime!!! Veja os casos do HSBC e o CARF que são simplesmente
    vergonhosos.

    E que dizer desta mídia podre capitaneada pela GLOBO e a VEJA
    que me manipularam durante 20 anos e continua empulhando a maioria do povo
    brasileiro. A chamada IMPRENSA/EMPRESA. Severino

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