O brasileiro precisa ter no bolso
8.000 dólares por ano para atingir nota 7, em uma escala de felicidade,
desenhada Universidade de Michigan [2];
e o americano precisa de 32.000 dólares por ano para ter o mesmo nível de
felicidade. Então, a felicidade varia em função do acesso e usufruto dos bens
primários - autoestima, inteligência, imaginação,
saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza,
liberdades, direitos, segundo Rawls (2002). E continua Rawls, “os bens primários são presentemente
definidos pela necessidade das pessoas em razão de sua condição de cidadãos
livres e iguais e de membros normais e plenos da sociedade durante toda a
vida”.
E nesse país longe da felicidade está a classe média que tem
renda entre 291 a 1.019 reais por pessoa, segundo
a Secretaria da Presidência da República. Donde, conclui-se que muitos
brasileiros da classe média estão em insegurança alimentar; ridícula, mas
verdadeira sua condição social e econômica. Entre eles, os agricultores e
extrativistas familiares, e segundo Alves e Rocha (2010), “mais da metade das
propriedades rurais, por exemplo, com níveis de renda entre zero e meio salário
mínimo [53,4% do total] encontram-se, segundo os autores, inviabilizados
produtivamente, pois [...] a residência serve basicamente como moradia, sendo a
atividade agrícola insignificante”. E na Amazônia, a
coleta de copaíba faz parte do dia-a-dia de quarenta cooperados. Em 2012, a
venda do óleo gerou uma receita de R$ 1.200 para cada um [3].
Os minifúndios [agrícola ou extrativista] operam precariamente como
unidades para autoconsumo, de reserva de mão de obra, ainda
que analfabeta, desqualificada e barata, e de moradia; e, há poucas alternativas de
sobrevivência em outras atividades para esses minifundiários, principalmente, para as mulheres e os jovens rurais, no
Norte e no Nordeste. Alagoas tem o pior Índice de Desenvolvimento Humano/IDH – http://g1.globo.com/brasil/noticia/2013/07/veja-aqui-o-idhm-do-seu-municipio.html. E que o alagoano de 10 anos ou mais de idade teve rendimento médio
em 2011, de R$ 461 [5]; portanto,
ele é pobre, e ainda fica claro o trabalho de crianças e adolescentes.
Enfim, a maioria dos brasileiros
vivem intensamente “Vidas Secas” de Graciliano Ramos. Conheça mais Alagoas
acessando – http://informacao.seplande.al.gov.br/
E no lugar rural, muitas famílias ainda com posse precária da terra e sem documentos pessoais, sofrem ainda mais com o baixo
crescimento do negócio agrícola [incluído seu patrimônio imaterial]; a renda precária gerada, instável e baixa; o
baixo grau de escolaridade; a insegurança alimentar e nutricional, além da jurídica aliada ao baixo crescimento do PIB [menos de 3% para este ano]; aos serviços públicos
ineficazes; e a má gestão dos recursos privados e públicos aprofunda a vida penosa da
maioria dos agricultores e dos extrativistas familiares [ou melhor, dos
beneficiários da lei 11.326], e torna difícil a permanência na atividade e no imóvel e a sucessão familiar – “Quilombolas expõem miséria brasileira: 75% vivem em
situação de extrema pobreza” [6].
E mais, a esperança de vida ao
nascer do brasileiro que aumentou de 70,4 em 2000 para 74,1 em 2011[7],
pode significar para os que ganham abaixo do salário mínimo de 2.750,83 reais [em julho de 2013,
segundo o DIEESE], principalmente, os agricultores e extrativistas familiares, os povos e comunidades tradicionais que suas
vidas por trafegar na contramão da vida digna, do bem-estar, dos bens
primários vão continuar em penúria social, econômica e patrimonial.
E sabe por que: Em 2012, o governo arrecadou
R$ 1,5 trilhão em impostos, e gastou 440 bilhões em má gestão; a
corrupção drenou 69 bilhões de reais do cofre público [8];
e está perdendo o controle da inflação [e para as pessoas com renda abaixo de
02 salários a perda de poder aquisitivo é implacável].
Achou pouco! Cerca
de R$ 415 bilhões são sonegados todos os anos no Brasil [9].
Em Alagoas, a escola pública [IBED baixo] é
uma máquina de fazer pobres. Pois,
uma das ferramentas que permite tirá-los da pobreza, o tirocínio escolar, é
um fiasco –http://g1.globo.com/al/alagoas/noticia/2013/08/alagoas-tem-os-maiores-indices-de-evasao-escolar-segundo-unicef.html. E tem mais, “com 51 mortes por diarreia, secretário diz que Alagoas voltou ao
século XIX. Do total de óbitos por conta da doença, 29 foram idosos e 19
crianças”.
Não obstante o governo, brasileiro e alagoano, tem cumprido mal seu papel de arrecadador, distribuidor de
impostos e zelador dos princípios da Administração pública [legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicização e eficiência], tem sido um perverso e negligente gerente das contas e políticas públicas.
Imposto, essa riqueza pública de todos
continua indo para o bolso de uma minoria privilegiada e para a maioria inacessibilidade
aos bens primários. Esse despautério é uma afronta à dignidade de todos,
principalmente, dos agricultores e extrativistas familiares, dos povos e comunidades tradicionais, das crianças
e dos adolescentes; pois, “a taxa de pobreza entre as
crianças até 4 anos é hoje de 28,3%, já incluído a Bolsa Família da mãe, o
salário do pai, a aposentadoria dos avós” [10]. Alagoas é o primeiro
lugar em mortalidade infantil[11] – http://g1.globo.com/bemestar/noticia/2013/08/al-registra-maior-taxa-de-mortalidade-infantil-do-pais-e-sc-menor-diz-ibge.html
A insegurança alimentar dos rurícolas é de 56,4%, para aqueles que têm renda entre um ¼ a ½ salário mínimo. “Os brasileiros devem dar atenção ao hábito de lavar as mãos, para evitar a transmissão de doenças como hepatite A, conjuntivites, rotavírus, e parasitoses”, alerta infectologista[4]. No Ceará, água um bem comum escasso e de baixa qualidade – http://globotv.globo.com/rede-globo/globo-rural/v/moradores-do-ceara-reclamam-da-qualidade-da-agua-em-campos-sales-e-salitre/2723250/. A que serve uma cisterna de 20 litros diários por pessoa?
Então, a insegurança alimentar e nutricional, além da jurídica, a falta de água tratada para lavar as mãos, e a pouca leitura para interpretar um texto, principalmente das crianças, serão novas formas de genocídio?
Saia dessa tirania da conformidade.
Aliás, perde poder quem o entrega a um terceiro, portanto, exerça sua cidadania
igual! Exerça suas liberdades fundamentais! Saia
à rua! Dialogue e discuta sobre o controle dos recursos naturais [uso e não uso] e dos impostos,
sobre padrões e formas de sociabilidade, sobre Desenvolvimento sustentável. Faça alianças com seus pares para
acessar e usufruir dos bens primários. Celebre a dignidade!
Ecô! Ecô!
Em tempo: A presidente Dilma Rousseff sancionou o Estatuto da Juventude nesta segunda-feira (05). O texto do estatuto mantém a meia-entrada para estudante e jovens de baixa renda até o total de 40% dos ingressos disponíveis para o evento. Parabéns aos jovens, e em especial aos membros do Comitê Permanente de Juventude Rural.
Link: Estatuto da Juventude http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm
Em tempo: A presidente Dilma Rousseff sancionou o Estatuto da Juventude nesta segunda-feira (05). O texto do estatuto mantém a meia-entrada para estudante e jovens de baixa renda até o total de 40% dos ingressos disponíveis para o evento. Parabéns aos jovens, e em especial aos membros do Comitê Permanente de Juventude Rural.
Link: Estatuto da Juventude http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12852.htm
[1]
Engenheiro Agrônomo, mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da Academia
Brasileira de Extensão Rural/ABER, vice-presidente da Sociedade dos Engenheiros
Agrônomos de Alagoas/SEAGRA, professor da Universidade Estadual de
Alagoas/UNEAL, e extensionista da EMATER/AL
[2]
Revista Veja, 08 de maio de 2013
[3]
G1.globo.com/natureza/noticia/2013/ribeirinhos-transformam-riquezas-da-amazonia-de-maneira-sustentavel.html
[4]
Tribuna Independente, 18/julho/2010
[5] Alagoas em
números, 2012
[6] www.ecodebate.com.br/2013/01/07/quilombolas-expoem-miseria-brasileira-75-vivem-em-situacao-de-extrema-pobreza/
[7] Revista Veja,
23/janeiro/ 2013
[8] Revista Veja, 03/
julho/ 2013
[9] Correio Brasiliense
- economia, 06/junho/2013
[10] Gazeta de Alagoas, 22/julho/2010
[11]
Gazeta de Alagoas, 03/agosto/2013
Em tempo de manifestações, um texto oportuno. Marcelo
ResponderExcluirA maioria dos brasileiros continuam longe da felicidade. Por isso, exercite a cidadania já! Gabriela
ResponderExcluirNeste país rico de gente pobre. Boa lembrança citar Graciliano Ramos. Vera
ResponderExcluirA tirania da conformidade de tão presente virou senso comum. Vamos acordar gente. Mauricio
ResponderExcluirContinue esse trabalho de nos informar e formar opiniões. Lúcia
ResponderExcluirSua reflexão é oportuna. Falta-nos agora emocionar-se e agir. Toninho
ResponderExcluirParabéns pelo texto. Tonho
ResponderExcluirPronto para começar a segunda-feira, após essa leitura desse texto. Ari
ResponderExcluirOs links disposto ao longo do texto reforça seus ótimos argumentos sobre a precariedade social e patrimonial dos povos e comunidades tradicionais, principalmente. Davi
ResponderExcluirUm texto lúcido e elegante. Parabéns, Vanessa
ResponderExcluirParabéns aos que fazem o Comitê de Juventude rural.Carlos
ResponderExcluirVamos fazer ecô! João
ResponderExcluirÁgua como bem comum teve estar sobre os critérios de uso exigidos pela saúde pública. Chega de diarreias pela qualidade da água usada pelo moradores do campo, principalmente. Jason
ResponderExcluirParabéns pelo oportuno texto. Paulo
ResponderExcluirAtualíssimo. Pedro
ResponderExcluirA agricultura familiar continua no século XVII, com baixa produtividade e renda baixa. Oto
ResponderExcluirNão há como abrir mão do tirocínio escolar - do fundamental ao universitário - para avançar no bem-estar do rurícola, em geral.
ResponderExcluirUm país que gasta quase 0,5 trilhão em má gestão, e que a corrupção leva mais 69 bilhões,precisa de governantes e gerentes aptos para promover o bem-estar de todos. Vamos à luta, Chico
ResponderExcluirTambém são oportunos os comentários. Hélio
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