Uma porta para o aprender, o desaprender e o reaprender as lições do cotidiano para prosperar e bem viver.
sábado, 18 de dezembro de 2010
Quem procura ACHA
sábado, 27 de novembro de 2010
Flagrantes IN[SUSTENTÁVEIS]
sábado, 13 de novembro de 2010
Vá reclamar ao BISPO
sábado, 6 de novembro de 2010
A URGÊNCIA da questão
sábado, 30 de outubro de 2010
Sem LIBERDADE de escolhas
sábado, 23 de outubro de 2010
É um jogo de soma ZERO
Quando o relatório Brundtland anunciou ao mundo que o desenvolvimento sustentável - desenvolvimento durável - [recurso natural, demografia e PIB] tem como finalidade máxima: a capacidade de as gerações presentes atenderem suas necessidades sem comprometer a capacidade de as gerações futuras o fazerem; instalou-se a polêmica, o contradiscurso. E não teria sentido não tê-lo; é salutar para o debate.
Argumentações, a posteriori, exigem uma leitura, uma reflexão e uma ação sobre o uso e o não uso dos recursos e serviços naturais: dos modos de produção, distribuição e consumo de bens e serviços aos valores culturais: trabalho, lazer, norma de conduta, crença e utopia de cada sociedade, de cada categoria social, inclusive das tradicionais e das indígenas; inegavelmente um passo foi dado em busca do que se compreende por desenvolvimento e sustentabilidade.
Conquanto, por termos vivido, ao longo das últimas cinco décadas, um processo penoso de transição política, econômica, social e ecológica; este processo tem avançado, rapidamente, na área econômica, em virtude da crença nos valores de mercado e que esses são capazes através de seus próprios mecanismos, ao autocorrigir-se, redistribuir renda e riqueza, entretanto, ainda persiste a pobreza.
Estudos mostram que, a economia sozinha não tem sido capaz de maximizar a liberdade e a igualdade de oportunidade social, ecológica e econômica dos indivíduos, hoje; imagine amanhã! A economia e seus princípios não têm realizado as demandas da grande maioria dos alagoanos, notadamente dos rurícolas, dos agricultores e extrativistas familiares: do desejo de participar do banquete de bens e serviços, como garantir-lhes o acesso e uso dos bens primários – liberdade, autorrespeito, autoestima, moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, seguridade social, inovação, meio ambiente, família e cultura.
Assim, os valores sociais devem estar igualmente distribuídos, ou uma distribuição desigual de um indivíduo ou do conjunto de indivíduos garantam benefícios a todos. Esse é o desafio entre o acúmulo de riqueza por uma minoria e de pobreza por uma grande maioria onde quer que elas se localizem no campo ou na cidade.
É brutal, pública e notória: “a transferência de renda para os mais ricos,na forma de juros pelos titulos públicos, foi,no ano passado, de 380 bilhões [para cerca de 300 mil aplicadores]", enquanto “a transferência de renda para 12,6 milhões de famílias pobres [45 milhões de pessoas] custa 13,1 bilhões de reais [Bolsa Família]” (Gazeta de Alagoas, 2010). Em Alagoas, quase um milhão e setecentas mil pessoas vivem como pobres – aqueles com renda de até ½ salário minimo per capita domiciliar [IPEA], entre eles, uma multidão de moradores do campo, agricultores e extrativistas familiares.
Decididamente: não é um jogo de soma zero!
Então, demarcar uma posição original, por parte dos ricos, em abdicar da crescente onda de desejos realizáveis, como dos rurícolas, dos agricultores e dos extrativistas familiares em continuar, em maioria na pobreza, com seus sonhos de consumo irrealizáveis, exige um marco regulatório que garanta a distribuição da riqueza pública e o acesso e o incremento da riqueza privada a todos; é o ponto de partida.
Aliás, os moradores definem os parâmetros e possibilidades para apropriação e condução do desenvolvimento sustentável à sua plenitude; assim impedem que alguns poucos transforme-os em ferramenta política e/ou ideológica para atender seus interesses, do estado e do município – “Corrupção devasta mais de 67% das prefeituras em Alagoas”(Tribuna Independente, 25/mai/2008).
Só uma estrutura social com novas formas de lidar com os potenciais ecológicos, tributos e as relações sociais em sua diversidade romperá a penúria desses pobres – Cooperativa de Reclicadores de Alagoas/Cooprel que faturam em média R$ 280 por mês, cada. "Se não tivéssemos acreditado na ideia, nem mesmo esse pequeno salário teríamos para ser feliz ao fim do mês, diz Maria José [fundadora da Cooprel] (Gazeta de Alagoas, 22/ago/2010) como a do cortador de cana que recebe R$ 3,57/t cortada(Tribuna Independente, 2009). Quanta irresponsabilidade ecológica e social!
Para isso,é preciso criar redes de instituições estatais e não estatais, formais e informais, citadinas e rurais capazes de enfrentar essas situações incômodas ao desenvolvimento sustentável, é um processo dialético, de desinteresse mútuo, de cidadania igual e de liberdades reais, que compartilhado pelas diversas categorias [conflito] ao utilizarem, conservarem e preservarem os recursos naturais, transforma-os em bens e serviços: do autoconsumo ao mercado, do PIB às rendas [gestão] destinados ao bem-estar social e ecológico de todos no presente e no futuro [justiça - e à dignidade das pessoas, uma multidão de ruricolas, agricultores e extrativistas familiares. E ao se relacionarem, ajudem-se na construção de normas e de condições para manter e ou adotar inovações e adaptações, que assegurem o estado da vida humana como da não humana saudável nos territórios.
E na capacidade de trocar ideias e experiências, aliás, no incremento da capacidade de cooperar dos rurícolas e citadinos, entre si e entre eles, exercitando a dialética, a cidadania igual[igualdades de oportunidades: sociais, econômicas, políticas, o desinteresse mútuo, justiça social] sob o viés do uso, conservação e preservação dos recursos e serviços naturais e dos tributos, e salvaguardadas pela liberdade individual.
Publicado pelo jornal: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas.
domingo, 17 de outubro de 2010
ENCANTADO! INDIGNADO!
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
O homem e a mulher migram em busca de alimento, abrigo, vestuário e sexo em novos lugares, por isso migrar continua sendo uma condição importante para garantir-lhes à vida, primeiro como espécie; segundo para assegurar-lhes conforto material e espiritual [qualidade de vida]. Encantado!
Há 10 mil anos, iniciava-se a domesticação de plantas e animais por mulheres e homens, agora sedentários, a produção aumentava e estimulava o crescimento demográfico, novas crenças e valores eram estabelecidos; a partir desse novo modo de vida, agora assentados, está posta às condições para a exploração e apropriação da mão de obra, dos recursos e serviços naturais e dos tributos gerando riquezas, novos assentamentos humanos e posições sociais, mas também cidades desumanas e indivíduos em indigência e pobreza: “o crescimento da dívida de Alagoas está diretamente ligado à deterioração da qualidade de vida dos alagoanos” (Gazeta de Alagoas, 2009). Indignado!
Esse deslocamento migratório de indivíduos é saudável, pois dinamizam as regiões com sua mão de obra, renda, rituais, ritos, crença e valores, e produzem processos sociais [conflito, competição, cooperação, mediação, aliança, legitimação e poder], riquezas e barreiras, em especial as culturais. Face à facilidade de deslocar-se, uma grande massa de pessoas [maioria agricultores e extrativistas familiares] em condição de penúria move-se em direção à cidade – êxodo rural –, favelizando-as em busca de empregos e rendas mesmos indecentes e ilegais; essa crescente degenerescência do tecido social beira o caos.
Ora pela ausência de condições mínimas econômicas e lazer, o campo tem contribuído para aumentar a expulsão de contingentes populacionais, e os jovens são os mais atingidos – E o Censo Populacional de 2007, confirma, a cidade de Maceió tem 896.067 mil pessoas, mais gente do que a zona rural do Estado com 854.089. Denunciando assim a ineficácia das políticas públicas de permanência do homem, da mulher e de seus filhos no campo: da produção ao patrimônio imaterial salvaguardado; do consumo à renda produtiva; do planejamento familiar à renda não produtiva, e entre essas tantas: o ineficiente serviço de pesquisa agropecuária e extensão rural.
Então, enquanto espaço de vida e sociabilidade, os rurícolas, os extrativistas e os agricultores familiares sofrem com a deficiente infraestrutura de transportes, comunicações e serviços: estradas, internet, saneamento, energia, saúde, educação. E ainda, faltam-lhes motivações e ações para formular, ativar e corrigir essas políticas públicas ora em vigor. E por estarem sob o viés autoritário de certos grupos de interesses que ora comandam as ações de controle e dominação com práticas clientelistas, alimentam a degradação social e da natureza, e assim revelam as razões do baixo IDH dos municípios alagoanos.
Nesse sentido, esse modo de operar repercute ainda mais negativamente nos assentamentos rurais face à fragilidade de suas instituições - agentes sociais e econômicos, e movimentos sociais - dificultando saídas; em verdade os processos sociais que emergem dessa sociedade, de suas estruturas sociais em seu cotidiano mostram novos problemas: do relacionado aos movimentos associativistas e ecológicos à expansão dos direitos e deveres legais do agricultor e do extrativista familiar, sob o viés da distribuição da riqueza privada e pública [propriedade privada, PIB, recursos naturais, impostos...].
É a pouca riqueza privada, a dificuldade de acesso a riqueza pública, o difícil exercício da dialética, da cidadania igual, sobretudo, da liberdade individual na esfera pública os verdadeiros problemas dos rurícolas para melhorar sua incômoda posição social [sob o viés consumista], e não o seu modo de ser: matuto, capial, jeca e outros adjetivos pejorativos usados vigorosamente, e em geral, pelos citadinos, letrados, ricos...
Aliás, no lugar rural – há uma tradição citadina inculcada nesse modo de vida, o consumo superflúo – o pertencimento a diversos grupos sociais e interesses forja um ambiente de muita controvérsia: do acesso à informação a sua capacidade de exercer influência uns sobre os outros, inclusive na relação rural/citadina; e por sua natureza: instável, dinâmica e processual, a dialética [argumentações, mediações e consensos], tanto entre o rurícola e o citadino, como no meio deles, para aceitarem e adotarem a negociação e a legitimação de hábitos e representações como ferramentas de apreensão da realidade social e construção de práticas sociais que estabeleçam identidades e alianças para a permanência e ou migração.
Aliás, parece não ser mais possível identificar um agricultor, um extrativista familiar ou um grupo social demandante nos territórios: rural e da cidadania – gato de estimação recebe R$ 20 em Mato Grosso do Sul do Bolsa Família (Gazeta de Alagoas, 24/jan/2009); e “Trabalho infantil atinge 101 mil em Alagoas” (Tribuna Independente, 14/set/2010). Indignado!
Publicado pelo jornal: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010.
sábado, 2 de outubro de 2010
Tá na HORA de mudar!
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Por isso, os agricultores familiares minifundiários [até um módulo fiscal] – em maioria, no Brasil e em Alagoas – precisam se apropriar das estruturas do agronegócio: a montante [produção de sementes, misturadoras de fertilizantes e financiamentos] e a jusante [beneficiamento, comercialização e distribuição] para melhorar sua condição de vida e do seu entorno. E o cooperativismo e a cooperativa são soluções para tal apropriação; entretanto, é comum prática cooperativista rara, incipiente e apática pelo dono-cooperado – em Alagoas: “Justiça do Trabalho vai leiloar bens da Camila - MPE denuncia ex-diretores por estelionato" (Gazeta Rural, 09/jul/2010).
Aliás, pesquisadores da Universidade de Brasília constatam: “para cada R$ 1,00 gerado da agricultura familiar: R$ 0,18 ficam para quem comercializa sementes e outros insumos; R$ 0,70 ficam com quem industrializa e comercializa e somente R$ 0,12 ficam com o agricultor”. Então, da renda gerada por esse negócio, só 12% é apropriado pelo agricultor, confirmando sua penúria; por outro lado, são as estruturas, a montante e a jusante, que ganham muito dinheiro nesse negócio. É assim, que parte do trabalho familiar não remunerado, da jornada ampliada [... dos filhos e esposas], da baixa remuneração do serviço e do produto são transferidos aos setores econômicos dominantes: industrial, comercial e financeiro. E explica a persistente funcionalidade da agricultura familiar em relação ao sistema capitalista e o seu papel no processo de expropriação, apropriação e acumulação capitalista das rendas e riquezas por esses setores.
Esses distúrbios têm origem nos custos de produção, pois das universidades, agentes financeiros, organismos de assistência técnica às representações dos agricultores familiares são tratados como ferramenta quantificadora de coeficientes técnicos para o empréstimo bancário, autoritário, servindo de modo eficaz aos interesses do financiador, inclusive a exposição midiática - informando e formando opiniões sobre a eficiência do seu produto e ou serviço; mas, não da modificação de posição social do agricultor familiar. Todavia, custos de produção são indispensáveis a formulação, execução, avaliação e a correção das políticas públicas [da seguridade social ao acesso à terra] destinada ao agricultor familiar e outros rurícolas. Assim, esses custos devem ser construídos pelo agricultor familiar [e suas representações] e pelo técnico [entidades de assistência técnica e aquelas de extensão rural] assegurando não só decisão de plantar e ou criar suas culturas como o desdobramento de seus sistemas produtivos, de consumo e de mercados – e fortemente o interno.
E, têm também nas políticas públicas agrícolas e não agrícolas ineficazes, de ontem e hoje, a degradação das condições necessárias à vida digna dessa categoria, tais como: moradia, planejamento familiar, segurança alimentar, vestuário, escolaridade, lazer, rendas [produtivas e não produtivas], bem como, à preservação, conservação e utilização dos recursos e serviços naturais, por uso ou não uso [demografia e PIB], ora pela grave falta de um zoneamento ecológico-econômico.
Invariavelmente, a maioria dos agricultores familiares continua cultivando suas culturas: criações e lavouras com suas mais-valias [de toda a família, inclusive desrespeitando o Estatuto da Criança e do Adolescente], e orando para que seus santos protetores garantam as chuvas e as colheitas. Algumas vezes dá certo, usam o crédito da usura para assegurar o desenvolvimento e a produtividade de suas culturas. E para os que contratam o financiamento, o recurso disponibilizado por hectare é pouco para remunerar a mão de obra, para comprar os insumos: sementes e outros, bem como para sustentar práticas conservacionistas e preservacionistas em seus sistemas de produção.
Ainda assim, esses agricultores estão presentes na dinâmica dos negócios e impostos dos estados, dos municípios e das famílias [inclusive daquelas “com renda até 02 salários mínimos e que pagam 48,8% da renda em tributos; e daquelas com renda acima de 30, e que empenham cerca de 26,3% da renda’. ‘Pode-se concluir que, dos pobres, foram exigidos 197 dias para arcar com os tributos. Dos ricos, 106 dias – três meses a menos” (Gazeta de Alagoas, 01/jul/2009)].
Pois bem, aqueles que pagam 48,8% da renda em tributos, esses grandes contribuintes individuais, mesmo pagando mais impostos não têm um serviço decente de saúde, educação, segurança pública e até de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural – por exemplo: “Alagoas lidera as médias de analfabetismo, mortalidade infantil, assassinatos de jovens e ainda tem a menor expectativa de vida” (O Jornal, 19/09/2010).
Em Alagoas, os rurícolas, os agricultores assim como os extrativistas familiares ao transferirem continuadamente suas rendas a esses setores dominantes fragilizam suas identidades, suas lógicas; e potencializam suas dificuldades para participar da distribuição da riqueza [privada e pública], da renda e dos tributos, do exercício da dialética, da cidadania igual e da liberdade individual – como votar em seus dirigentes?
Publicado pelo jornal: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010.
sábado, 18 de setembro de 2010
Atentai! Voto é VIDA!
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Então, em Alagoas, aqueles 56,6% que vivem em pobreza absoluta [renda de até ½ salário mínimo, per capita domiciliar] como aqueles 32,3% que vivem em pobreza extrema [ganhos de até ¼ do salário mínimo] estão com o mundo desabando sobre suas cabeças, diariamente; ora pelo descaso com a saúde – filas para nascer e morrer, nas maternidades [“Na contramão do País, Estado teve aumento do índice de óbitos de grávidas e parturientes” (O Jornal, 12/mai/2010)]; ora pelo descaso com a educação – filas de matrículas, repetências e evasões ["Alagoas tem o pior índice de analfabetismo" (O Jornal, 10/set/2010)]; ora pelo descaso com a segurança pública – filas para entrar e sair de celas lotadas [“Alagoas é o estado onde mais se mata no País. Maceió aparece como a capital brasileira mais violenta e coloca Arapiraca entre as dez cidades de maior incidência da violência” (O Jornal, 31/mar/ 2010)]; ora por greves de servidores públicos.
Assim, o Estado continua como um dos maiores violadores dos direitos do cidadão. É o Estado com os piores indicadores sociais. E está moribundo, juntamente com a sociedade. Não é à toa que no País "lidera ranking de compra de votos" (Gazeta de Alagoas, 12/set/2010). "Faz a 3ª Campanha mais cara do Nordeste"(Tribuna Independente, 25/jul/2010). Então, faz sentido que o combate à miséria é desafio ao futuro governador de Alagoas (Gazeta de Alagoas, 25/jul/2010)?
Esse diagnóstico, alerta: não improvise seu voto e sua vida [a da família, do compadre, do vizinho, do alagoano, do brasileiro, inclusive do índio]. ATENTAI BEM!!
E por melhores dias, os agricultores, os pescadores e os extrativistas familiares observem os discursos e os atos, dia a dia, do governo. Observem seu descompromisso com a sociedade, em especial com vocês e o conjunto de suas famílias, enquanto categoria produtiva e social. Por isso, faz todo sentido, a frase de efeito dita pelo governador em encontro com os sindicalistas da FETAG: “Nasci entre um curral de boi e uma touceira de cana” – na casa grande (Gazeta de Alagoas, 24/jul/2009). Esse dito revela a indisposição desse governo em promover as condições necessárias para a fixação do homem no campo (Art.2, XIV da Constituição Estadual); pois, nas Alagoas do século 21, ainda é a ordem senhorial da Casa Grande que determina quem vai receber os benefícios do Estado – Em 2007, Lessa perdoa R$ 1 bilhão dos usineiros (Extra,26/jan a 01/fev/2007). Pouco! Em 2008, Governo Téo perdoa mais R$ 1,5 bilhão de usineiros (Extra,11 a 17/jul/2008).
Por outro lado, o governo emperra o debate sobre a criação de uma Empresa Pública de Direito Privado, opção já definida pelas representações dos agricultores nas oficinas do PPA 2008/11 e em documento entregue ao governador, em agosto de 2008, pela Fetag, Agrifuma e Sindagro. E com afirmações sem qualquer sustentação social e financeira, o governo enfatiza: “O agricultor precisa é do serviço, e para ele não vai importar se será por meio de uma empresa, autarquia ou oscip” (Alagoas24horas. com. br, 2009). A verdade é que o agricultor se importa sim e afirma: quer qualidade - em audiência pública na Assembleia Legislativa, "todos os oradores destacaram a importância da criação de uma empresa pública de pesquisa e extensão rural no Estado” (Tribuna Independente, 15/08/2009). E uma cópia de Anteprojeto de Lei para criar a empresa pública foi entregue ao Governador. Por enquanto, a contínua vida penosa mostra à urgência de cuidar do VOTO e da VIDA.
É urgente! O agricultor, o pescador e o extrativista familiares, o trabalhador de aluguel, enfim o rurícola devem entender de orçamentos, leis, políticas públicas, organização do trabalho e da teia da vida para contraditar e exercitar sua cidadania igual e a liberdade individual, e ora pelo voto, assegurar-lhes o acesso e o incremento da riqueza privada e da pública; e assim alterar sua incômoda posição social garantindo-lhes sustentabilidade a seus modos de produzir, distribuir, consumir, entreter e conviver em seus lugares de origem com dignidade. Ou confirmamos a inspirada frase do presidente da FETAG, no início desse governo: “A agricultura familiar só é prioridade dos governos nos discursos” (Gazeta de Alagoas, 21/jan/2007).
Publicado pela Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010.
sábado, 11 de setembro de 2010
É CONTRAINDICADO
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Não ter vida digna. E o agricultor e sua família, mesmo sendo responsáveis por 77% da mão de obra ocupada, por 54% da produção leiteira, 84% da produção de mandioca e por 67 % da produção de feijão, ainda não têm acesso aos bens e serviços de produção e de consumo, como um direito líquido e certo. E ao verificar sua baixa participação no PIB brasileiro [10%] confirma-se, essa sua condição. E mais, mesmo com 90% dos estabelecimentos agrícolas familiares, os bens e serviços produzidos nessas unidades produtivas deixam-lhes uma pequena renda, quase em geral sem lucro – “lucro é o que pode consumir durante uma semana e sentir-se tão bem no final como se sentia no início”, diz o economista Hicks (K.Most, Accounting Theory, 1977). Então, conhece algum agricultor familiar que obtém lucro?
Vida difícil, por isso é relevante entender como se realiza a lógica do agricultor e do extrativista familiares – terra, água e biodiversidade [cultivos, coletas e mitos], trabalho [ocupações e renda] e família [patrimônio imaterial e lazer, posse e transmissão] – em municípios com indicadores sociais, econômicos e ecológicos de regulares a ruins; e ainda com um cenário desfavorável para aqueles que cultivam pequenas áreas, a promover danos continuados ao tecido social e familiar. Aliás, nessa lógica impera a desigualdade, o egoísmo comuns à esfera privada; e também, é marcada por grande heterogeneidade: ora pelo tamanho da área [até 04 módulos fiscais]; alto grau de dependência por uso e não uso dos recursos naturais; acesso as inovações; difícil pelo alto grau de analfabetos; relação de dependência com atravessadores em suas compras e vendas; apática prática associativista; rendas baixas e instáveis sempre, à maioria; e ora pelo dificílimo acesso aos benefícios gerados pelos tributos, inclusive por serem grandes contribuintes individuais – a carga tributária sobre a renda familiar de até dois salários mínimos é de 54%, e acima de 30 salários é de 29% [IPEA].
Ao agricultor, à Lei da Agricultura Familiar [Lei 11.326] e à Lei da Ater [Lei 12.188] para acessar dos benefícios da inovação tecnológica e organizacional à seguridade social; confirmar critérios e graus de exigência para que a exploração de atividade produtiva cumpra sua função social [Art.186 da Constituição Federal]; exercitar a cidadania igual participando de decisões, que diz respeito a sua posição na distribuição dos bens primários: liberdade, riqueza, renda, inteligência, autorrespeito e outros; assegurar o serviço estatal de pesquisa e extensão rural com qualidade [via empresa pública de direito privado]; e assim, sustentar à lógica familiar: terra, trabalho e família, ao conquistar posições sociais confortáveis, ora pelo uso e controle dos recursos naturais e dos tributos.
Para avançar nessas posições, necessário se faz que a academia, o governo, os ricos, e ele, o rurícola, o agricultor, o extrativista familiar e o trabalhador de aluguel, sejam ousados para discutirem essa pauta e implementá-la: planejando, formulando, executando, avaliando as políticas públicas, e corrigindo aquelas que atendem ao clientelismo político e ao seu conformismo. Assim, é preciso reformar as mentes e os corações na perspectiva de que a distribuição desigual da riqueza privada, da riqueza pública e de outras prerrogativas são toleráveis se ela contribuir para melhorar-lhes à vida.
Em Alagoas, 60% dos 03 milhões de pessoas são pobres – ganhos até ½ salário mínimo per capita domiciliar [IPEA] –, inclusive catando lixo e ou vivendo do trabalho e prostituição infanto-juvenil. É um Estado que necessita abrir-se ao diálogo; precisa de sua gente para avançar na dialética em assuntos caros a sua existência e a sua essência: ocupações e rendas decentes e legais; planejamento familiar, saúde, educação, segurança pública e alimentar com qualidade; moradia e lazer salubres; e patrimônio imaterial salvaguardado.
Aliás: “todo indivíduo nasce com um legítimo direito a uma certa forma de propriedade ou seu equivalente”[Thomas Paine,1795] da riqueza econômica, ecológica e cultural gerada e a ser gerada em ambiente de cooperação social e democrático, crie e assegure-o em seu lugar de origem, vida digna, pelo exercício de sua liberdade individual, principalmente na esfera pública.
Artigo publicado pela: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010.
sábado, 21 de agosto de 2010
O QUÊ do contraditório!
sábado, 14 de agosto de 2010
Vida de trabalho e penosidade
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Absorve a compreensão de envolver, desdobrar, cultivar, preservar, distribuir e comunicar-se com a unidade e a diversidade, ora nas relações consigo, com os homens e com o mundo. Contudo, é um enfrentamento dramático, pois é um processo ora natural e ou artificial, ora inacabado ou inacabável, ora de desencantamento – “Hábitos das classes A e B devastam o meio ambiente’, noticia a Tribuna Independente em 2008; ora de encantamento – “Era um final de tarde, destes belos dias da primavera. Numa casa de madeira, com janelas também de madeira toda a família observava os encantos da natureza; uma chuva mansa se misturava com os últimos raios do sol, formando um inesquecível arco-íris. Por que será que as pessoas não vão mais as janelas?”, comenta Diogo Guerra em Crônicas de uma vida nem tão anunciada.
Dito isso, exige-se para o debate: argumentos, mediações e compromissos, estratégias e responsabilidades sobre idéias e experiências do citadino e rurícola, da sociedade e estado. Assim, é possível construir rituais e ritos de passagem, que devem ter [e ser] uma dimensão virtuosa tal qual foi à invenção da agricultura e da revolução industrial para as sociedades daquelas épocas, ora confirmando ora alterando seus estilos de vida.
E o desenvolvimento rural sustentável como processo multidimensional e multifuncional é dialético: requer envolvimento, rupturas, limitações, diálogos, procedimentos, ordenamentos. É a regulamentação política o instrumento de compromisso e de controle social deste processo: social, econômico, patrimonial e ecológico capaz de traçar os princípios de justiça como equidade, com base na cidadania igual e na posição original do indivíduo na sociedade, que adotada por todos sem qualquer distinção melhora a vida, essencialmente no presente, dos que moram no campo – comerciantes e comerciários, trabalhadores de aluguel, agricultores, extrativistas e pescadores e suas famílias [... quilombolas, caboclos e índios] –, bem como assegura-lhes autonomia na escolha de seus planos de vida espiritual.
E não mais o modo de produção dominante [tudo à venda], que depois de ter destruído o campesinato e boa parte dos artesãos urbanos; apelado para o exército de reserva de trabalhadores e imigrantes; criado a pobreza e o êxodo rural, e grandes aglomerações citadinas, dentro delas, as favelas ora desumanas e inadministráveis; desertificado regiões inteiras; e ainda marginaliza milhões de trabalhadores, inclusive crianças e adolescentes ao sobretrabalho, subemprego e ao desemprego.
Sobretudo, esse sistema no seu dia a dia gera e distribui muita riqueza e renda para uns poucos; no entanto, junto com o estado, ainda são incapazes de asseverar a existência de condições de vida digna para a grande maioria das pessoas. E, mais vulneráveis, estão os habitantes rurais face à precariedade da renda, da moradia, da alimentação, do lazer aos serviços essenciais, ora por políticas públicas autoritárias e clientelistas que solapam seus interesses; ora pela relação mal resolvida entre o rurícola e o citadino, agravando suas relações familiares, de amizade, de trabalho e facilmente as culturais como torna relevante o caráter tirânico da informação, da mídia, do dinheiro, da corrupção e do sabe com está falando.
Para diminuir esse processo de mercadorização crescente [tudo à venda]: dos recursos e serviços naturais às pessoas; as gerações presentes e futuras [famílias, empresas, governos, escolas, movimentos sociais e ecológicos] devem alfabetizar-se nos princípios ecológicos [interdependência, diversidade, reclicagem, cooperação, flexibilidade] em proveito de estilos de vida interdependentes e salutares. São reais, esses princípios nas sociedades: autóctone e tradicional, nelas inexistem a troca desigual econômica e ecológica.
Aliás, a pesquisa agropecuária e a extensão rural baseadas nesses princípios são ferramentas para construir tipos de desenvolvimento rural sustentável; por ajudar a descentralizar decisões e a institucionalizar a democracia nos diversos territórios; enfim, auxiliam os agricultores, os extrativistas, os pescadores, os trabalhadores de aluguel, os rurícolas e familiares superarem a separação de funções e tarefas típicas da sociedade industrial: padrão, hierarquização, massificação, experts, machos alfa.
Convém, indagar e corrigir atitudes, práticas e políticas: do uso, conservação e preservação dos potenciais ecológicos ao patrimônio imaterial – “A lagoa está cheia de lixo. Não tem mais lama no fundo da lagoa para que o sururu possa se reproduzir”, diz Maria Cícera {O Jornal, jul. 2010}; do sentimento de pertencimento ao projeto pedagógico de educação à vida digna – “Aqui já fizemos um monte de coisas, criatório de galinhas caipira, carneiro, porco, mas algumas coisas não deram certo, o problema é o escoamento da produção”, afirma Vavá, que nasceu no Serrotinho [Ouro Branco/AL] e nunca pensou em sair de lá”. “O que falta é assistência técnica e políticas públicas para evitar o êxodo rural”, emenda Joeci {Gazeta de Alagoas, jan, 2010}; e por fim, o direito inalienável dos rurícolas: à liberdade individual para escolher e sustentar seus estilos de vida, também pelo acúmulo de riqueza privada e maior acesso à riqueza pública.
Artigo Publicado pelo jornal:Tribuna Independente, Maceió - Alagoas, 2010
sábado, 7 de agosto de 2010
Anote o RECADO!
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Em Alagoas, é de relevância observar os indicadores educacionais sob o ponto de vista do PEA [População Economicamente Ativa] eles oferecem uma oportunidade ímpar para revelar, segundo o IBGE/PNAD [2005], que o número elevado de indivíduos sem instrução [26%], bem como, aqueles que têm de 1 a 7 anos de estudo [43%], é de maioria adulta. E como os rurícolas, os agricultores, extrativistas, pescadores e suas famílias aqui se situam; é dramática, a baixa escolaridade dos responsáveis pelos estabelecimentos o que acarreta-lhes dificuldades para o exercício da cidadania, do contraditório e até do simples diálogo; sobretudo, é traumática, porque é baixo o processo de aceitação e adoção de inovações em suas unidades de produção, extração [agrícola, extrativista e pesqueira] e social, em seus modos de vida – quando da produção e uso de alimentos, fibras e [bio]energia no campo como no interior de seus lares.
Outro dado importante: no perfil do eleitorado, 44% de analfabetos com direito a voto [TRE/AL, 2007] evidencia a prática de interlocução: “sabe com quem está falando” ou “do homem cordial”; que de autoritária e hierárquica, é usual e propaga-se com vigor nos Brasis, e ainda mais rigorosamente em Alagoas, solapando o acesso dos agricultores, dos extrativistas, dos pescadores, dos familiares e dos seus organismos sociais à liberdade individual e coletiva: ao mundo democrático da internet e ao estado de bem-estar da [e de] vida humana, por exemplos.
Importante também: o lucro líquido no primeiro semestre de 2010, do Bradesco foi de 4,51 bilhões de reais [Gazeta de Alagoas, 29/jul/2010]. Seus donos estão na classe A [acima de 30 salários mínimos, e com consumo voraz dos bens e serviços naturais e produzidos]. Entretanto, para o ministro Paulo Bernardo [Tribuna Independente, 12/nov/2009]: “É um recado bom para a sociedade porque os bancos estão ganhando dinheiro com operações de mercado e com juros mais baratos” – É barato! Taxa média de juros pessoa física de 40,4% ao ano [Gazeta de Alagoas, 28/jul/2010], enquanto, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) é de 4,60%, nos últimos 12 meses [IBGE] – uma brutal transferência de renda a terceiros, ou melhor, principalmente à conta corrente dos setores industrial, comercial e financeiro, numa clara demonstração de como os negócios privados [esfera privada onde impera a desigualdade, o egoísmo] se apropriam da riqueza privada e pública de todos.
E relevante: entre os tomadores do crédito consignado, 79,8% ganham até um salário mínimo [INSS, 2008], e estão na classe E [até dois salários mínimos, dá para consumir o quê?] e utilizam o crédito usurário para comprar roupas e alimentos, principalmente, e revelam sua penúria social e patrimonial; entre eles, rurícolas, os extrativistas, pescadores, agricultores familiares – o agricultor familiar fica R$ 0,12 de cada R$ 1,00 gerado da agricultura familiar, enquanto, R$ 0,18 com quem comercializa sementes e outros insumos e R$ 0,70 com quem industrializa e comercializa, afirma Duarte et al.,(2006). E essa renda transferida escraviza os que mais trabalharam e trabalham, e menos ganham – aposentados e rurícolas – “SPC em Alagoas: 34,86% sem crédito” [Tribuna Independente, 25/jul/2010].
Nesta condição, o crédito usurário alivia momentaneamente a precariedade social, mas logo a seguir repercute negativamente na unidade familiar pelo endividamento e posteriormante pela alta inadimplência, repercute também na unidade social. Primeiro, às pequenas mercearias, em seguida aos bancos, acentuando a dilaceração do tecido familiar e do entorno.
Ainda mais quando, Alagoas tem 123.331 estabelecimentos, e desses 77,7% teem até 10 ha, e ocupam 10,5% da área total (Censo Agropecuário, 2006). Em Alagoas, o faturamento anual do setor foi de R$ 1.100,00 por ha/ano (IBGE, 2008). É uma situação bem mais caótica, que no nordeste; e o nordeste está em situação muito pior que as três regiões [Centro-Oeste, Sudeste e Sul]. Somente as classes de área igual ou superior a 200 ha oferecem remuneração superior ao salário mínimo. Ademais, tanto o estabelecimento minifundiário como a renda baixa e instável precarizam a situação da família campesina e às do seu entorno. Aqui, uma das explicações para o êxodo rural, que continua vigoroso no Nordeste e em Alagoas.
Agricultores, extrativistas, pescadores, rurícolas, suas famílias e suas representações, ainda mais pelas suas penúrias: social, patrimonial e ecológica, ao exercitar suas individualidades, ora expressa pela cidadania igual e pelas liberdades reais para escolher os encargos e benefícios sociais da vida em sociedade; assegurem que o resultado de suas labutas diárias proporcione-lhes: acúmulo de riqueza privada e participações na distribuição da riqueza pública; e oportunizam o acesso aos direitos [moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, seguridade social, propriedade, renda não produtiva...], e aos deveres [defender e preservar à natureza, à família, o patrimônio imaterial], enfim, seus modos de vida.
Está dado o recado.
Artigo publicado pela Tribuna Independente, Maceió - Alagoas, 2010 publicado pelo jornal: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
SINDAGRO entrega documento ao ministro sobre empresa pública

domingo, 27 de junho de 2010
Rurícola, por uma livre escolha
Álvaro Afonso Simon[1]
Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Historicamente o meio rural tem sido visto como um resíduo de tudo aquilo que é urbano, em especial quando se trata das políticas públicas. A palavra rural vem do latim: rus, ruris, (campo, terras de lavoura) significando o oposto à cidade urbs urbis, que significa cidade. O conceito de rural é muito mais amplo, foi cunhado nos anos 30, mas se encontra defasado diante da complexidade da realidade atual.
Um problema que emerge no rural contemporâneo na verdade é um conjunto de problemas e por conta disso exigem um conjunto de soluções. Isso determina o fim das fórmulas convencionais baseadas na causa e efeito que na maioria das vezes, resolvem um problema, mas acabam produzindo outros como efeito colateral. Por conta disso um novo conceito de rural está sendo gestado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário - MDA capaz de orientar novas políticas e reorientar políticas já consolidadas como o caso do Pronaf.
O desenvolvimento rural ficou esquecido inclusive nos debates acadêmicos retornou nos anos 90 e ganha força mais recentemente com a ascensão da abordagem territorial do desenvolvimento rural. Mas o que pode definir um outro paradigma para mundo rural é a aprovação da Lei de Assistência Técnica e Extensão Rural e a PDBR - Política de Desenvolvimento para o Brasil Rural.
Estes dois instrumentos têm a possibilidade de auxiliar a construção de um novo mundo rural, afirmando-o como um espaço de vida [identidade e patrimônio imaterial], de produção de serviços ambientais além da valorização da produção agrícola. Pesquisas recentes mostraram que um pouco mais da metade da população brasileira está nos centros urbanos, mas não revelaram que quase metade está no meio rural. Essa interpretação retira a importância do rural no desenvolvimento do país, diminuindo com isso os investimentos que poderiam melhorar a qualidade de vida dos rurícolas.
A legislação brasileira atual não define o que é rural. Rural é então o que sobra, por enquanto. Nessa perspectiva quando o rural se desenvolve passa a ser urbano e a idéia de um rural melhor não existe. Por conta disso, só vive no campo quem tem alguma ligação com a terra, mesmo sem o acesso a bens, serviços e emprego.
Isso tudo traduz os desafios mais imediatos que o governo – e o Estado – deve enfrentar: diminuir o isolamento das populações rurais, e garantir a cidadania igual de homens e mulheres [adultos, crianças, adolescentes e idosos] que vivem na zona rural; aos rurícolas definir seu lugar na distribuição da riqueza, ora privada e pública; enfim, ambos devem estar comprometidos com a melhoria da qualidade de vida dos habitantes rurais.
Experiências neste sentido tem produzido pouco resultado, nosso aprendizado nos diz que o campo terá gente feliz quando todo brasileiro que lá vive não será estigmatizado e terá seus direitos e deveres de cidadania igual garantidos. Desta forma sua permanência [e a reprodução de sua lógica familiar] no campo será fruto de uma escolha livre e saudável e seu desenvolvimento não será tomado como algo isolado dos cidadãos citadinos.
Artigo publicado pelo jornal: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010