domingo, 13 de agosto de 2017

INDIGNE-SE, depois, EXPIE-SE!

Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]
             
 Homens e mulheres por viverem em meio a tantas incertezas e inseguranças, torna urgente e necessário diminuir ou erradicar o fosso social, econômico, ecológico e patrimonial entre os que têm muito e os que têm pouco bem-estar pelo usufruto dos bens primários propostos Rawls [Uma Teoria da Justiça] – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos; o mal-estar dos agricultores e famílias, em pobreza extrema – “Pobreza extrema aumenta no Estado” [Gazeta de Alagoas, 3-4/12/2016].

  Vale lembrar que pobres com baixo nível de capital humano [desempregados, subempregados e empregados] não criam demandas por bens e serviços. E vão continuar deslocando e desacomodando suas famílias para atividades precárias e ilegais como prostituição infanto-juvenil e outras delinquências pelo descumprimento dos princípios da Administração Pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicização e eficiência, pois, esses diminuem a quantidade de atividades ilegais, incrementam a receita do governo e desconcentram a riqueza, como exemplo, o uso do imposto progressivo. A dispersão da riqueza privada [propriedade privada, tecnologia, produção e consumo de bens e serviços] e da riqueza pública [preservação dos ativos naturais, patrimônio imaterial e uso dos tributos] aos bilhões de desafortunados no mundo é urgente – https://www.ecodebate.com.br/2017/08/10/no-brasil-jovens-de-zero-14-anos-de-idade-na-linha-de-pobreza-chegam-402/.

   Ora para o rico, ora para o pobre o uso, conservação e preservação dos recursos naturais, do patrimônio imaterial e do tributo, em geral, é trabalhado numa visão em que o custo de oportunidade do dinheiro, pois, ele é o que todo mundo quer, todavia, não pode ser abundante, está sempre em conformidade com as exigências do capitalista. E dessa lógica nenhum trabalhador, nenhum servidor público escapam, principalmente, os beneficiários da Lei 11.326/2006, doravante, agricultores familiares, esses continuam em seus hábitats usando suas mais-valias para garantir a continuidade do ciclo produtivo e consumista, a vida luxuriosa desses poucos ricos.

    Decerto que, essas categorias em seus hábitats sofrem acossamento por parte de uns poucos inclinados a instituirem, cada vez mais, novas prerrogativas em detrimentos dos seus modos de produção, consumo e entretenimento tão degradantes aos potenciais ecológicos e a certos princípios e valores culturais. E, nos ensina Capra [A Teia da Vida]: alfabetize-se ecologicamente para o uso e não uso dos recursos naturais – ao produzir, consumir, divertir-se e preservar. Pois, ”a pressão da sociedade sobre o indivíduo pode voltar, sob uma nova forma, a ser tão grande quanto nas comunidades bárbaras, e as nações irão se vangloriar, cada vez mais, de suas realizações coletivas em detrimento das individuais”, diz Russel [Elogio ao Ócio].

   Atentai! Instituições extrativistas econômicas e políticas promovem proposital e desproporcionalmente a pobreza brasileira e alagoana – dos 207,7 milhões de brasileiros, 23,4% têm renda de um salário mínimo por mês. Em Maceió/AL, cerca de 500 mil pessoas tem renda mensal de um salário mínimo – http://gazetaweb.globo.com/gazetadealagoas/noticia.php?c=310694, enquanto, vorazes parlamentares praticam o patrimonialismo e transformam o Congresso Nacional em capitanias hereditárias  - http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/de-pai-para-filho-as-%E2%80%9Ccapitanias-hereditarias%E2%80%9D-do-congresso/#0

 Atentai! Alagoas detém o pior IDHM do Brasil, entre tantas razões para tal fato, o desvio de dinheiro público, a idolatrada impunidade, a onipresença da ética de compadrio, a ineficiência dos serviços de educação, saúde e segurança públicas, pesquisa agrícola e extensão rural [principalmente, no Norte e Nordeste do país] e a apatia da maioria da sociedade, de certo modo, cúmplice dessa situação faz tamanho sucesso nos governos. Vive-se um caos. Dados do Portal da Transparência do Estado indicam que a Secretaria de Estado da Saúde, no período de 2010 a 2016, apenas mediante dispensas de licitação, cujos valores individuais foram menores ou iguais a R$ 8.000,00, contratou a importância total de R$ 237.355.858,91  http://maceio.7segundos.ne10.uol.com.br/noticias/2017/08/08/93372/video-pf-desarticula-esquema-de-desvio-r-237-milhoes-no-sus-em-maceio-e-arapiraca.html

    Pois, a acumulação de riqueza e outras prerrogativas são desfrutadas por pouquíssimos, e, há o desempregado rico que gasta fortuna na compra de bens e serviços de obsolescência precoce ou programada. E, há aqueles que vivem do sobretrabalho, do subemprego e do desemprego, são bilhões de desafortunados no mundo. Assim, o enfrentamento dessas situações exige a onipresença da cidadania para o cumprimento do contrato social posto ou por um novo contrato, ambos necessitam de ambiente institucional e não institucional em que floresçam e dispersem as instituições inclusivas, essas, quando políticas "asseguram a ampla distribuição do poder e restringem seu exercício arbitrário.", quando econômicas "geram uma distribuição mais equitativa de recursos, facilitando a persistência de instituições políticas inclusivas", descreve-nas Acemoglu e Robinson [Por que as nações fracassam].

  E, que a dialética como ferramenta de aproximação e liberdade entre as pessoas inculque nos detentores do PIB mais próspero a maximização de oportunidades patrimoniais, sociais, econômicas e ecológicas aos agricultores familiares, rurícolas e aos citadinos, e àqueles que os sucederem; assegure-os uma condição de vida para além da liberdade de produzir, consumir e entreter-se, do trabalho e do não trabalho à liberdade de escolhas múltiplas: cidadania e benefício, lazer e afeto.
   
    Não obstante, o progresso econômico tem na riqueza pública e na privada; no planejamento [e gestão] estratégico e na imaginação, criatividade, inovação, produtividade, mercado e segurança jurídica às condições para a eficiência dos sistemas de produção e distribuição dos bens e serviços de consumo; no mercado, a possibilidade de reinvestir uma parte os lucros; e no exercício das liberdades fundamentais, o bem-estar. Assim, os homens e as mulheres dignificam suas labutas diárias ao inovarem seus sistemas produtivos, de distribuição e de consumo; assim, poderão liberar não só para uns poucos, mais para bilhões de pessoas, o bem-estar. Por isso, é necessário e oportuno empreender usando a inovação disruptiva - que gera novos mercados de empregos, serviços e produtos. 

   E, segundo Brynjolfsson e McAfee [A Segunda Era das Máquinas], os “ativos intangíveis: propriedade intelectual, capital organizacional, conteúdos gerados pelos usuários e capital humano” precisam ser melhores mensurados nas estatísticas para garantir que, “todo indivíduo nasce com um legítimo direito a uma certa forma de propriedade ou seu equivalente” defendia Thomas Paine, em 1795; e, comunga desse legitimo direito, o bilionário, Mark Zuckerberg, do Facebook: a renda básica poderia ser parte da resposta - http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2017/08/1907853-por-que-o-facebook-deveria-nos-pagar-uma-renda-minima.shtml e http://br.blastingnews.com/sociedade-opiniao/2017/08/facebook-deveria-pagar-renda-minima-aos-seus-usuarios-entenda-001918995.html

   Exercite a cidadania, formule, execute e maximize as políticas públicas [inclusive, à família e à cultura]. Avalie-as. Corrija-as, e se for o caso, substitua o governo ineficiente para assegurar seu bem-estar usufruindo dos bens primários propostos por Rawls – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos  o estado de direito.





[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável [engenheiro agrônomo], professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, diretor do Sindagro. Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com 



28 comentários:

  1. O mesmo ponto de vista de Paine e Zuckerberg, sobre renda básica, é tempo de debater tal tema. Mauricio

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  2. Os links sobre a pobreza em Alagoas e o sobre o Congresso Nacional nos revela caos social em que vivemos. Chico

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  3. Colocar em discussão a renda básica, foi oportuna, vou divulgar esse seu texto, vamos incluir esses bilionários nesse jogo. Toninho

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  4. Achei interessante a cobrança de Thomas Paine sobre renda básica e que o dono do facebook tem a disposição de levar adiante essa ideia. Gabi

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  5. Os links postos confirmam como precisamos usufruir de bem-estar. Vanessa

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  6. Vamos exercitar a cidadania. Benedito

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  7. De fato, vivemos um Brasil de instituições extrativistas econômicas e políticas brutais. vamos reagir? Mariana

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  8. Marcos
    Sou um assíduo leitor de seus artigos.
    Com o apreço de Severino

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  9. Concordo com sua opinião e o parabenizo pela coragem e determinação.

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  10. Finalizou bem, então, ao estado de direito. Claúdio

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  11. Bem lembrado, os princípios da administração pública são importantes para avançar no bem-estar. Alberto

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  12. Satisfeito com o texto. Celso

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  13. Continue nessa estrada, nos levando à reflexões sobre o campo brasileiro. Rosa

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  14. Um dos nossos problemas é o não exercício da cidadania. Concordo com você. Adolfo

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  15. Se Maceió tem 1,029 milhão de habitantes ter 500 pessoas ganhando um salário mínimo, estamos perto do caos. Mauricio

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  16. E os agricultores são os que mais sofrem com governo ineficiente. Ana

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  17. Como sempre muito provocativo. Abel

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  18. Continue indignado e expiando-se, parabéns pelo texto. Manoel

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  19. Um texto escrito de forma elegante para cobrar do governo o cumprimento de suas atribuições. Gilson

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  20. Seus textos valem a pena ler: claros e objetivos. Rui

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  21. No dia da Independência, descobro no texto quando falta fazem às liberdades reais. Antonio

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  22. Concordo com o Gilson. Otávio

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  23. Ao problemas e soluções levantados mostra que o texto é atual.Carla

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  24. A contextualização feita nos permite muitas reflexões e ações. Rute

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  25. Num primeiro momento, quero parabenizar -lo pelas colocações corajosas e pela audácia de tratar sobre um assunto tão verdadeiramente esquecido por aqueles que influenciam a sociedade; sinto que ao colocar -se tal como o fez, cumpre em parte seu dever cível de educador.
    Creio, que a muito que se galgar para que cheguemos a uma sociedade mais justa e igualitária, em seu parecer foi-nos apontados pontos importantes para que nos aproximemos (à passos largos) do almejado.
    Mas, creio ser de igual importância uma mudança cultural da sociedade como idividuo, especialmente no tocante à ética e a moral, nas palavras da famosa escritora americana Ellen White:"A maior necessidade do mundo é a de homens - homens que não se compram nem se vendam; homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos; homens que não temam chamar o erro pelo seu nome; homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que aconteça tudo errado".
    Jucinei Pereira

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  26. Concordo com Jucinei. Acredito que necessita drasticamente de uma mudança na cultura da população em geral. Pois, muitos são aqueles que falam da desigualdade, mas poucos dentre tantos, buscam de fato agir em prol de uma prosperidade da sociedade como um todo. Fato relato por Benedicto Ismael Camargo Dutra que é graduado pela Faculdade de Economia e Administração da USP, onde em seu artigo relata a desigualdade social e o julgo social que cresce cada vez mais de acordo com o crescimento populacional.

    Saulo Caetano

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