domingo, 26 de março de 2017

"Um homem que NASCE ...


Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

...num mundo já ocupado, se sua família não possui meios de alimentá-lo ou se a sociedade não tem necessidade de seu trabalho, esse homem, repito, não tem o menor direito de reclamar uma porção qualquer de alimento: está em demasia na terra. No grande banquete da natureza, não há lugar para ele. A natureza lhe ordena que se vá e ela mesma não tardará a colocar essa ordem em execução...” (PROUDHON, Tomo I, p.65); ou o homem corrupto cumprirá essa execução ao apropriar-se do Estado, por exemplo, em Alagoas, desviando recursos públicos o “Canal do Sertão foi fatiado para facilitar propina” [http://novoextra.com.br/outras-edicoes/2017/918] – Operação Lava-Jato.

Decerto que o sistema capitalista ora vigente baseia-se numa ética, em que os atores evoluem e se comportam de modo a assegurar o fluxo da vida capitalista pelo descumprimento do código de preservação e uso dos recursos naturais para a produção e o consumo de uns pouquíssimos ricos – apropriação e acumulação de riquezas para reprodução do capital - http://g1.globo.com/economia/noticia/oxfam-critica-concentracao-indecente-de-riqueza-no-mundo.ghtml

E por danos sociais e patrimoniais causados pelo alto imposto regressivo, pela pouca riqueza privada de muitos e pela corrupção e impunidade; esses danos são abrandados pela ética de compadrio e pela hipnótica mídia geradas, executadas e fiscalizadas pelos “príncipes”[no legislativo, executivo, judiciário e nas empresas] que, ao apropriarem-se do Estado aumenta exponencialmente o mal-estar à grande maioria da população, principalmente, dos beneficiários da Lei 11.326/2006 [agricultores e extrativistas familiares], suas famílias e suas crianças http://especiais.g1.globo.com/politica/2017/lava-jato/delacao-da-odebrecht/

Não obstante esse sistema continua produzindo muita riqueza privada e pública. E mesmo com o PIB mundial em torno de 90 trilhões de dólares, o fosso entre pobres e ricos é brutal e crescente; porquanto, é um acinte que essa riqueza gerada continue aumentando a desigualdade em todos os aspectos da vida circular de homens e mulheres em qualquer quadrante terrestre, esteja sobre a prática do ensinamento de Maquiavel – “aquele que promove o poder de um outro perde o seu...” – no Brasil, Maquiavel impera - https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/02/24/deputados-de-alagoas-aumentam-o-proprio-salario-para-r-25-mil.htm

Nesse sentido, não há nenhuma razoabilidade no excesso de bens de uns poucos e na carência de bens de muitos, já observava o filósofo Aristóteles. Aliás, a concentração de renda e de poder gerou um colonialismo ambiental grave, exercido pelos ricos sobre os pobres. Nunca os problemas ambientais foram tão graves – o homem assume-se como “um fazedor de desertos” [Euclides da Cunha: Os Sertões]  as dimensões são globais. Nunca a liquidação das culturas tradicionais foi tão perversa e global.

E continua prevalecendo, esse projeto e prática senhorial sobre os recursos naturais e os tributos, usurpando os interesses da grande maioria dos povos, dos beneficiários da Lei 11.326/2006, suas famílias, suas crianças e, como resultado: os insustentáveis estilos de vida desses beneficiários comprometem os estilos de vida das futuras gerações.

Indigne-se!! Expie-se para reparar e ou erradicar o fosso social, econômico, ecológico e patrimonial entre os que usufruem muito e os que usufruem poucos dos bens primários propostos por Rawls [autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos]. Ora para o rico, ora para o pobre o uso e a preservação dos recursos naturais, do patrimônio imaterial e dos tributos, em geral, é trabalhado numa visão de que o custo de oportunidade deve estar em conformidade com a ética capitalista. E dessa lógica nenhum trabalhador, nenhum servidor público de renda baixa, nenhum beneficiário da Lei 11.326/2006 tem escapado.

Aliás, essas categorias em seus hábitats sofrem acossamento por parte de uns poucos inclinados a instituir, cada vez mais, novas prerrogativas em detrimentos dos seus modos de produção, consumo e entretenimento tão degradantes aos potenciais ecológicos e valores culturais - ”a pressão da sociedade sobre o indivíduo pode voltar, sob uma nova forma, a ser tão grande quanto nas comunidades bárbaras, e as nações irão se vangloriar, cada vez mais, de suas realizações coletivas em detrimento das individuais”, diz Bertrand Russel.

Como prosperar em bem-estar: se o usufruto dos bens primários propostos por Rawls [autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos], o uso dos bens naturais e tributos estão sob o jugo do “príncipe”?

“É absurdo e contraditório que o Soberano se dê um superior; obrigar-se a obedecer a um senhor é entregar-se sob plena liberdade”, argumentava Rouseau, 1762.




[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, engenheiro-agrônomo, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, diretor do SINDAGRO                                                     Blog:   sabecomquemestafalando.blogspot.com

10 comentários:

  1. Continua nos oferecendo uma boa leitura. Ricardo

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  2. Pode ser o dia [1 de abril]da mentira, todavia, nada é tão verdadeiro como tal texto. Edson

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  3. Qualquer notícia de Jornal ou internet tem repercussão neste texto. Aldo

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  4. O Brasil de hoje está tão atual como o mundo de PROUDHON. Alice

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  5. Vamos ressuscitar Rouseau. Carlos

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  6. Comentar a falta de compreensão sobre a atribuição do cidadão sobre a fiscalização dos impostos e recursos naturais, daí a corrupção. Ana

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  7. Reclamamos muito e agimos pouco para mudar essa situação. Gil

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