domingo, 25 de maio de 2014

2014 – Ano Internacional da Agricultura Familiar

                                                  Álvaro Simon[1]
                                     Marcos Antonio Dantas de Oliveira[2]

   Você sabe o que come? Você sabe quem produz a comida que chega à nossa mesa? A agricultura familiar, camponesa e indígena produz 70% dos alimentos consumidos no mundo. Estes trabalhadores(as) representam um terço da humanidade e 90% de todos os estabelecimentos agropecuários. No Brasil, representam 84% dos estabelecimentos e 24% da área cultivada, empregam 74% da mão de obra na agropecuária. Em Alagoas, cerca de 95 mil estabelecimentos têm até 10 hectares; assim, a grande maioria dos agricultores familiares, povos e comunidades tradicionais brasileiros não consegue empreender, inovar e agregar valor aos produtos e serviços para promover bem-estar, dignidade à suas famílias pelo usufruto dos bens primários – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, direitos, liberdades e oportunidades, renda, riqueza.

  A Agricultura Familiar consiste em um meio de organização das produções agrícola, florestal, pesqueira, pastoril e aquícola que são gerenciadas e operadas por uma família e predominantemente dependente de mão de obra familiar, tanto de mulheres quanto de homens. A família e a exploração estão vinculadas, coevoluem e combinam funções econômicas, ambientais, reprodutivas, sociais e culturais. Por isso, ao falarmos de Agricultura Familiar, beneficiários da Lei 11.326 – Lei da Agricultura Familiar e dos Empreendimentos Familiares Rurais, também nos referimos aos pescadores artesanais, pastores, quebradeiras de coco, catadoras de mangaba, fundo de pasto, faxinais, recolectores, trabalhadores sem terra e as comunidades indígenas.

  A importância desse setor para o desenvolvimento sustentável das nações é incontestável, a par disso a Assembleia Geral da ONU aprovou por unanimidade a celebração do “Ano Internacional da Agricultura Familiar, em 2014” (AIAF-2014). O lançamento oficial aconteceu no dia 22 de novembro de 2013, na sede da ONU em Nova York. No Brasil, cabe ao comitê coordenado pelo o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) planejar, propor, promover, articular e organizar as atividades do AIAF.

  O Comitê Consultivo Mundial (CCM) do AIAF, composto pela sociedade civil, reunido em Bruxelas, no dia 28 de novembro de 2013, definiu como temas centrais: a importância da aliança local, regional e internacional por terra, alimentos saudáveis e trabalho decente; agricultores(as) familiares organizados, mas com atitude autônoma; direito ao trabalho na terra, ao mercado local e à organização; direito a uma educação permanente, técnica e específica para o campo. 

  Segundo a Contag, ao trabalhar esses conteúdos, as representações presentes na reunião chegaram à conclusão que os atores fundamentais do AIAF são as mulheres e a juventude. As mulheres devido à sua atuação, principalmente no tema da agrodiversidade e a juventude porque, em vários países, estão saindo do campo por falta de oportunidade. Em outros, estão voltando com proposições de qualidade, inclusive de novas tecnologias agrícolas, pesquisas e extensão rural. Com isso, o tema da sucessão rural será aprofundado, e nada melhor do que colocar esse público em evidência durante o Ano Internacional da Agricultura Familiar.

  Contudo, a intensa participação da Agricultura Familiar na economia dos países, não esconde a realidade de um mundo rural ainda marcado pela pobreza. No Brasil, quase metade dos 24 milhões de miseráveis vivem no meio rural. Por tudo isso, o AIAF 2014 tem o objetivo de reposicionar a Agricultura Familiar no centro das políticas agrícolas, ambientais, econômicas e sociais nas agendas nacional e internacional, identificando maneiras eficientes de apoio, para que toda pessoa tenha direito igual a um conjunto mais extenso de liberdades fundamentais.

Em tempo:

FAPER RECEBE HOMENAGEM NO PARLAMENTO CATARINENSE

  No dia 21 de maio de 2014, a Faper e outras entidades ligadas à Agricultura Familiar, entre elas a Epagri, foram homenageadas pela Assembleia Legislativa de Santa Catarina (ALESC) por proposição do Deputado Dirceu Dresch. Esse evento faz parte das comemorações do Ano [2014] Internacional da Agricultura Familiar, declarado pela Assembleia Geral da ONU.

  A homenagem é um reconhecimento da ALESC pela forma como a Faper vem colaborando na luta por direitos e na formulação de políticas públicas em benefício dos Agricultores Familiares de Santa Catarina. A Faper foi representada pelo seu Coordenador de Políticas Institucionais, Álvaro Simon.

  A diretoria da Faper considera que esse é um prêmio de todos trabalhadores da pesquisa e extensão rural catarinense e suas organizações, que se dedicam àqueles que mais necessitam.


Publicado pela Tribuna Independente, Maceió/Alagoas


[1] Engenheiro Agrônomo, Doutor Interdisciplinar em Ciências Humanas, Coordenador Regional Sul da FASER. Analista de Pesquisa e Extensão Rural da EPAGRI /CEPA. simonlagoa@gmail.com
[2] Engenheiro Agrônomo, mestre em Desenvolvimento Sustentável, membro da Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, extensionista da EMATER/CARHP, professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL               
                              

5 comentários:

  1. Precisamos intervir mais em favor da agricultura familiar, se não ela continua minguando. Toninho

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  2. Neste Ano Internacional da Agricultura Familiar vamos expor a situação de penúria da grande maioria dos agricultores, sem cidadania e liberdades, sem terra e sem renda, sem vida digna. Oto

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  3. Marcos Dantas, Parabéns pela síntese do bom texto.
    Um abraço,
    Verneck

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  4. Valeu pelo oportuno texto, Álvaro e Marcos. Carlos

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  5. A agricultura familiar estar bem só nos discursos dos governos. Mauricio

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