domingo, 1 de dezembro de 2013

SALTA aos olhos, a CONFIANÇA

Marcos Antonio Dantas de Oliveira

   Ao longo do processo evolutivo das espécies, a humana – homens e mulheres – tem usado a comunicação, uma poderosa ferramenta para perpetuação da espécie como de aproximação entre si e terceiros, sobretudo em busca da concertação do bom convívio social. Desse modo, eles e elas inventam e reinventam todos os dias as relações sociais reconhecendo nelas os conflitos, os diálogos e a confiabilidade das alianças, que acabam em alguns casos se tornando marcas distintivas. É assim que a Extensão Rural brasileira também se reproduz.

  Assim, o serviço de Extensão Rural deve orientar seu objetivo para o bem-estar, para o usufruto dos bens primários [autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos (Rawls, 2002)] daqueles a quem destinam seu esforço – extrativistas e agricultores familiares, comunidades e povos tradicionais, de maioria analfabeta e na classe E, com renda até 2 salários; ao uso, conservação e preservação dos recursos naturais; a saúde pública; e ao exercício das liberdades e da cidadania dessas categorias, para corrigir as imperfeições do processo capitalista, da jusante à montante da produção agrícola, garantindo-lhes tipos de desenvolvimento sustentável que respeitem as formas e estilos de vida, em resposta à sua capacidade de discernir, aceitar, trocar, adotar, manter e indagar as relações consigo, com os outros e com o mundo.

  É verdade, os extensionistas estão em júbilo, pois, nos últimos 60 anos, além de discutir, manter, inovar e/ou difundir os sistemas produtivos e sociais com repercussões positivas à vida citadina, e ao cotidiano extensionista estimulam a participação no processo decisório: municipal, estadual e federal dos agricultores e extrativistas, comunidades e povos tradicionais, para deixar firme e segura a reprodução de suas lógicas familiares – terra e água [coleta, policultivo, natureza], trabalho [mais-valia e renda] e família [propriedade privada e comum, gestão, sucessão, patrimônio imaterial]– mesmo sob a complexidade da sustentabilidade: econômica, social e ecológica, ora imposta; assegurar-lhes o usufruto da riqueza privada e pública. É motivo de regozijo para os extensionistas, homens e mulheres, essa dedicação, promover o bem-estar.

 Os extensionistas têm se somado aos agricultores, aos extrativistas e suas famílias para protagonizarem debates sobre temas relevantes para o rural, agropecuário e não agropecuário, multifuncional e pluriativo, buscando pôr fora de perigo o bem-estar social e afetivo deles, onde nasceram. Eles e elas participam ativamente da composição, decomposição e recomposição das relações sociais, econômicas e culturais com essas categorias e as comunidades rurais e urbanas, e no estreitamento dessas relações pelo debate nos espaços públicos e pela relação de compadrio, o hábito de abrir portas e janelas para pensar, dialogar e agir sobre o dia a dia de suas vidas.

 E os extensionistas têm mais um desafio: o aumento da expectativa de vida do brasileiro requer serviços e políticas públicas [distributivas, redistributivas e reguladoras] eficazes aos agricultores e extrativistas familiares, às comunidades e povos tradicionais, para que eles continuem incrementando a produtividade da terra, da mão de obra e de todos os fatores, bem como minimizem e ou eliminem a cultura do desperdício na produção, transporte, armazenamento, indústria e consumo nos lares e restaurante

  O Brasil é autossuficiente na produção, mas, o desperdício é grande. Entre na luta contra o desperdício [acesse: http://www.bancodealimentos.org.br/o-desperdicio-de-alimentos-no-brasil/ ], por exemplo, usando inovações [emprego de drones ...], sistema de gestão [inclusive acompanhamento técnico ...] e fiscalizações [aumentar o número de fiscais em saúde pública ...] eficientes para que o negócio agrícola e sua multifuncionalidade seja longevo, inclusive para planejar a sucessão; gerando empregos decentes e legais e renda líquida positiva; usufruindo [e acumulando] a riqueza privada e a pública [recursos naturais, repartição dos tributos  encargos e benefícios]; e assegurando que o usufruto dos bens primários propostos por Rawls promovam bem-estar aos agricultores e extrativistas familiares, às comunidades e povos tradicionais.

 Assim, a marca distintiva da Extensão Rural, mesmo com as especificidades regionais, é rigorosamente o extensionista – o sacerdócio de dezenas de milhares de mulheres e homens extensionistas, pelo respeito que constroem nas comunidades em que trabalham e divertem-se; e pelo autorrespeito animam o serviço de Extensão Rural. Essa marca distintiva é sustentada também pelo relacionamento com outros milhares agentes sociais e econômicos. Há um sentimento de pertencimento, um senso de justiça que se cristaliza na possibilidade de servir, construir, relacionar-se aos demais, em especial com aqueles que precisam da liberdade individual e da cidadania igual para melhorar suas posições sociais.

  A essa atuação cheia de significados [sacrifícios, realizações e prazeres], a esse aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a ser; e aprender a viver junto, “onde a compreensão é a só tempo meio e fim da comunicação” (MORIN, 2000) para enfrentar as incertezas.

 Contudo, invariavelmente, pode-se apurar uma característica vigorosa na relação extensionista/rurícola – extrativista e agricultor familiares e comunidade e povo tradicionais: a intensa relação de confiança. Por isso, desejo vida longa, a mulher e ao homem extensionista – Salve 06 de dezembro.





13 comentários:

  1. Contente com essa sua saudação aos extensionistas. Vanessa

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  2. Que maravilha esse elogio. Toninho

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  3. A frase de Morin, repercute a nobre função extensionista. Mauricio

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  4. Como é importante o extensionista num país de agricultores analfabetos, parabéns pelo artigo. Manoel

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  5. Gostei, e estou repassando aos amigos. Gustavo

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  6. Seguimos nesta caminhada extensionista. Vera

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  7. Um artigo bem posto sobre o função do extensionista. Roberto

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  8. Que beleza de texto. Paulo

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