sábado, 30 de novembro de 2024

O extensionista em queda livre!

       Marcos Antonio Dantas de Oliveira[1]

 

– O vagalume, Diogo Guerra ecoa: “Sentíamos a segurança de ter uma luz que nos conduzia para os nossos sonhos”. Essa atuação cheia de significados, ao aprender a conhecer, a fazer, a ser e que juntos daqueles que fazem a Asbraer, a Aber, a Faser, emulam a história, a identidade, a cultura extensionista. Mas a Extensão Rural, essa marca distintiva, está em viés de baixa na iniciativa estatal e ausente na iniciativa privada, ainda pode alavancar o Desenvolvimento Sustentável, à prosperidade, o bem viver?

 

E o Extensionista com sua autoestima e propósito em alta escolhe suas preferências temporais, individual e coletiva, hoje e amanhã, “não importa quão sejam primitivas as suas ações, ele precisa projetá-las no futuro e pesar as consequências; o que requer um processo conceitual – e um processo conceitual não pode ocorrer em um vácuo: ele requer um contexto. A escolha do homem não é se ele precisa de uma visão abrangente da vida, mas apenas se sua visão é verdadeira ou falsa. Se ela for falsa, isso o leva a agir como seu próprio destruidor” (Rand).

 

Sobretudo, após a extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e de Extensão Rural/Embrater pelo governo Collor, que teve como consequência a aniquilação do Sistema Brasileiro de Extensão Rural/Sibrater, deixando à deriva as entidades estaduais de Extensão Rural estatal, principalmente, as do Nordeste e do Norte – um caos para os agricultores e os Extensionistas.

 

A desorganização administrativa pela extinção da Embrater (e do Sibrater) continua causando danos ao balanço social das entidades estaduais estatais, aumentando a ineficiência de governo, inclusive tornando estes serviços clientelistas, condena-os ao ostracismo, torna-o mais caro e sem perspectiva; e gera um contínuo caos à relação entre Extensionista e Agricultor. Em Alagoas, 13 anos após a criação da autarquia, nova Emater, a lei não foi regulamentada. O precário serviço de extensão rural e pesquisa feito por bolsistas, deixou à toa o Extensionista. Esse título é válido para quem é bolsita?

 

Os governos estaduais continuam extinguindo-as, ora fundindo-as com outras empresas estatais estaduais, ou criando autarquias e departamento na secretaria de agricultura, inclusive com salários baixos e muitas sem realizarem concursos públicos, precariza-as, enquanto animadoras e impulsionadoras de prosperidade e bem-estar individual e familiar. E poucas continuam originais, entre elas: a Emater do Ceará, Brasília, Minas Gerais, Pará, Rio Grande do Sul e Rondônia. Por ora, a Epagri (resultado de fusões) é exitosa. Visite-a: https://www.epagri.sc.gov.br/balancosocial/2023/  A Epagri pode ser a chave para debater, um novo “Sibrater”.


E uma das saídas, necessária e oportuna, é criação de um sistema nacional estatal e de uma empresa pública de direito privado com recursos financeiros e humanos para planejar, gestar, capacitar,  representar e defender os interesses das entidades estaduais estatais de ATER; e assim assegure um serviço estadual eficiente e eficaz aos agricultores. É oportuno para as entidades de extensionistas e de agricultores, para os stakeholders e os governos estaduais e federal um debate sobre a criação de tal sistema nacional de ATER para a prosperidade e bem viver dos entes envolvidos.

 

À vista disso, nos últimos 30 anos, a ênfase do governo (federal, estadual, municipal e distrital) está na aplicação de políticas de mal-estar pela onipresença de instituições políticas extrativistas repercutindo negativamente na vida profissional e social dos Extensionistas e Agricultores. E, continua gerando em muitos municípios um passivo econômico, social e ambiental alto para os agricultores, ora pela não reposição dos bens de capital, do baixo consumo de bens e serviços, do pouco uso de inovações, da baixa produtividade de todos os fatores, e sem lucro. A baixa qualidade pelo ineficiente serviço de Extensão Rural, impossibilita-os de prosperarem rumo ao bem-estar individual, coletivo e à felicidade.

 

O extensionista, nesses mais de 75 anos, além de discutir, inovar e difundir os sistemas produtivos e sociais, ainda estimula a participação dessas categorias no processo decisório para deixar firme a reprodução de suas lógicas familiares, sob a complexa sustentabilidade ora imposta; reinventa suas relações sociais, ao se reproduzir. É inexorável, que ao reconhecer conflitos, diálogos e confiança fazem alianças melhora à qualidade de vida do rurícola, do citadino e dele, extensionista – Parabéns!



[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável e professor da UNEAL