domingo, 14 de dezembro de 2014

Para ALÉM do Natal

 Marcos Antonio Dantas de Oliveira

Solape os pecados capitais [gula, inveja, preguiça, ira, soberba, avareza, luxúria] – “Mendicância cresce em período natalino” [1]. A miséria é de uma elegância frugal - http://g1.globo.com/al/alagoas/altv-1edicao/videos/t/edicoes/v/mais-de-35-das-familias-alagoanas-vivem-com-menos-de-r-140-por-mes/3825535/

Solape o egoísmo - Corrupção aniquila BEM-ESTAR - http://www.revoltabrasil.com.br/seguranca/4681-corrupcao-desvia-ate-200-bilhoes-por-ano-mas-presos-por-corrupcao-sao-apenas-01-no-brasil.html

Solape o abandono de  centenas de milhões de crianças por todos nós - https://www.youtube.com/watch?v=3bDnB2tI8nE&list=UUBLdmg9Tn_-elWqAP3MAdog

E erradicá-los: é protagonizar, é cooperar, é ajudar a promover convicções, responsabilidades e estratégias que garantam a reciprocidade como fator indivisível para o desenvolvimento das pessoas e das comunidades para o BEM-ESTAR pelo acesso e usufruto dos bens primários – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos, segundo Rawls (2002). 

Celebre a vida! Este objetivo é alcançado se sustentado pelo sentimento de pertencimento a um lugar – como os povos da floresta; pelo sentimento existencial – como a mãe que amamenta sua filha; pelo sentimento de solidariedade – por laços afetivos; e pelo sentimento de cooperação – por ajuda mútua nas relações sociais entre os moradores da cidade e do campo para compartilhar os encargos e benefícios da cooperação social com todos, em especial, para a expressão máxima de qualquer sociedade, as crianças – Celebre o nascimento do menino Jesus! 

Esses sentimentos são encontrados com intensidade e riqueza na vida rural dos povos e comunidades tradicionais, de agricultores e extrativistas familiares, e outros rurícolas que [re]construindo esses ambientes, ora de aproximação com as pessoas, fazem-nas reviver em si. Daí a origem e a opulência do caráter emancipador, conservador e utópico dessas categorias em sustentar e satisfazer-se em seu labor, em sua ação para demandar os prazeres materiais, culturais, lúdicos e espirituais. Nas comunidades rurais, o Natal é comemorado com rituais próprios, que dão uma conotação vigorosa aos seus modos de vida, assim pressupõe a existência de relações sociais [e religiosas com fervor] e ecológicas [com a natureza e seus mitos] intra e intergeracional.

Esse modo de vida não é somente uma ação normativa em si; é um estado de [da] vida. É renovado pelo diálogo das famílias e das pessoas. Do autorrespeito das pessoas e comunidades pela decisão de cumprir princípios e responsabilidades; da predisposição em renovar essas atitudes e comportamentos; e da boa vontade dessa geração em garantir a identidade, a história e os valores culturais dos povos sob a guarda dos princípios ecológicos exaltados por Capra (2002); indagar qual a nossa disposição para partilhar o uso e o não uso dos recursos e serviços naturais: a produção, o consumo, o lazer aos presentes; e assegurar também às futuras gerações vida saudável.

E na esfera pública, ao exercitar a cidadania igual, apropriar-se dos benefícios e encargos da cooperação social. E ao dialogar com os valores, crenças e tradições, a cultura local encontra indagações e respostas criativas para superar o desejo utilitarista de uma cultura global em produzir bens e serviços em volumes que ninguém terá tempo de consumi-los; diminuindo assim o fosso entre aqueles que têm as condições materiais e imateriais para realizar suas demandas e desejos, e àqueles desprovidos dos bens primários [em Rawls] pelo difícil acesso à riqueza, privada e pública [inclusive aos tributos], e ao exercício das liberdades fundamentais.

A partir dessas demandas e desejos, o homem e a mulher vão se definindo por sua capacidade de libertar-se, por sua história, por sua inquietação moral, e por aperfeiçoar-se ao longo da vida; eles, no particular e no universal, contemporizam-se para encontrarem-se na história; e ao escrevê-la revivem, vivem o dia a dia e garantem sua continuidade.

Por sinal, no período natalino, nesta festa cristã, a história da humanidade é recontada e atualizada com o intuito de iluminar o coração e a mente para o exercício da boa vontade; como auxiliar no enfrentamento de conflitos, seja pelos atos de brutalidade, indiferença e corrupção, seja pelo trabalho de crianças e adolescentes nas carvoarias, lixões, prostituição etc.; além das relações indigestas entre os credos; entre o bilionário e o que não tem o tostão ou pouco tostão; como de si para si.

Esses conflitos confirmam: “o homem desacomodado não é mais do que um pobre animal, nu e dividido”, diz o Rei Lear [Shakespeare]. Ignorá-lo ou fingir ignorá-lo é forjar as relações consigo, a natureza e o mundo.

Celebre no espaço público e privado - o encontro entre as pessoas – às virtudes [Caridade, Castidade, Diligência, Humildade e Generosidade]!

Celebre o nascimento e a ressurreição de Cristo! Celebre o amor! Celebre a vida!

E para celebrar a vida, as Boas Festas, os rurícolas, agricultores, extrativistas [quilombolas, quebradeiras de coco, caboclos e índios] e os citadinos, homens e mulheres livres e iguais. 

São meus Votos!!




[1]  O Jornal [de Alagoas], 21/dez/2010

26 comentários:

  1. Li e gostei desse texto com o espirito natalino, contudo sem abrir mão da lucidez e oportunidade. Toninho

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  2. Oportuno neste período. Jason

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  3. Para além do Natal está sob medida, ótimo texto. Rafael

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  4. Parabéns pelo texto. Boas Festas para você e sua família. Roberto

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  5. Belo texto, boas festas e um ano feliz.

    Álvaro Simon

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  6. Faço minhas palavras as do Álvaro. Chico

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  7. Boa observação sobre a elegante miséria frugal do brasileiro e do alagoano. Vanessa

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  8. Um texto da frugal. Mauricio

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  9. Esses links melhoram nosso entendimento sobre à luta contra a miséria. Marcelo

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  10. Repassei a outros colegas. Luís

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  11. Mais gente precisa ler seus textos lúcidos e oportunos. Amélia

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  12. Feliz Natal e Ano-Novo. Hélio

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  13. Que no próximo ano você continue nos brindando com seus textos e falas. Vera

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  14. Acabei de lê seu ótimo texto. Adriano

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  15. Para uma boa reflexão sobre nossa solidariedade natalina. Rita

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  16. Bom de lê-lo neste dia, pois, começarei a ano mais exigente. Lourdes

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  17. Depois de um governo ineficaz, surge um novo governo. Portanto, seus últimos textos nos colocar a par da situção de penúria do agricultor familiar alagoano. Bravo Marcos! Oto

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  18. Valeu pelo ótimo texto. Renato

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  19. Pois é, só como cidadãos iguais e livres avançamos para o bem-estar. Bem dito, Henrique

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  20. Aqui vai uma dica: Esses textos são oportunos para os governantes. Márcio

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