domingo, 7 de julho de 2013

Uma Mulher, um Homem, UM VOTO

                  Marcos Antonio Dantas de Oliveira       

É o dono-cooperado, ativista e praticante do estatuto da cooperativa, o agente transformador e garantidor de justiça social. Aliás, é também vital a vigilância do dono-cooperado sobre o controle dos recursos e serviços naturais e dos tributos para o êxito da prática cooperativista - Salve a prática cooperativista.

Como assegurar o usufruto dos bens primários, com a ridícula renda mensal familiar [família numerosa] de R$ 300, caso dos cooperados da Cooprel? [1]. “Alagoas tem a maior taxa de miséria do País” – um insulto aos alagoanos.

Acrescente-se a isso as dificuldades de acesso e uso dos recursos naturais, às oportunidades econômicas, às liberdades de expressão, de consciência, de pensamento, de direito à propriedade [inclusive acesso a terra, principalmente aos jovens], aos serviços sociais, ao serviço de pesquisa agrícola e ATER – para aqueles com renda de até dois salários mínimos [e na Classe E - segundo a FECOMÉRCIO]; entre eles estão os nordestinos, os alagoanos, os povos e as comunidades tradicionais, agricultores familiares, trabalhadores de aluguel [crianças, adolescentes, mulheres, jovens, velhos], os mais atingidos em seu estado de direito, pelo alto número de analfabetos, por exemplo. Essas categorias estão com vida caótica pela pouca riqueza privada e pelo pouco acesso e uso da riqueza pública, a maioria vive em insegurança jurídica.

Aliás, essas dificuldades têm origem nos processos de exploração, expropriação, apropriação e acumulação da riqueza privada, da riqueza pública e de outras prerrogativas pelos ‘donos dos meios de produção e da natureza’; que ora, consideram os recursos naturais, renováveis e não renováveis, como eventos substituíveis e, usam a grande reserva da mão de obra disponível como estratégia para assegurar-lhes grandes lucros.

Sem sofisma. Os contratos sociais devem ser inclusivos por usar critérios de oportunidades: social e econômica e, por critérios de diferenças, pois, a brutal distribuição desigual dos bens primários [segundo Rawls (2002) são bens primários: autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades, direitos] só é tolerável se essa desigualdade contribuir para melhorar a condição de vida dessas categorias. O Estado e a iniciativa privada devem colocar em suas agendas, ações públicas que promovam e garantam vida digna aos menos favorecidos - justiça social.

Então, o associativismo e a cooperativa também são ferramentas para enfrentar essa penúria. E a Carta Magna assegura no artigo 5º [XVII: é plena a liberdade de associação..., e XVIII: a criação de associações [...] de cooperativas independem de autorização...]. Assim, os direitos e deveres individuais e coletivos dessas categorias e suas famílias são autênticos para mitigar e ou combater as desigualdades regionais e sociais e a degradação da natureza. É usando a Carta que podem e devem protagonizar maneiras eficazes para enfrentar sua penúria social e patrimonial; resguardando a natureza e seu patrimônio imaterial.

É imprescindível ao cooperado, citadino, rurícola, índio, agricultor e extrativista familiares a cidadania igual, a dialética, a liberdade individual, a prática cooperativista como estratégias para viabilizar melhorias das condições de suas vidas indignas passa pelo exercício da democracia direta [é aquela praticada pelos donos-cooperados nas assembleias, como instância máxima de deliberações].

E solidários reconheçam-se no outro ao compartilhar as relações culturais; e encantem-se com a ajuda mútua, com a cooperativa, com o associativismo e com a democracia direta para empoderar-se [pensar, dialogar e agir] nos princípios rochdaleanos.

Por isso é necessária uma práxis que seja capaz de refundar os espaços públicos e democráticos de suas estruturas sociais e de poder, que reflitam e criem condições para planejar, executar, avaliar, controlar e corrigir os atuais processos que drenam os recursos patrimoniais, econômicos, sociais e ecológicos de todos, para uma minoria privilegiada; e sim, assegure a todos sem condicionalidades, os bens primários; e, sobretudo, transformem, mantenham e valorizem os rituais e os ritos [prosaicos e poéticos] de seus estilos de vida.

E a máxima rochdaleana: um homem, uma mulher, um voto, como princípio democrático [democrático aquele que se constrange em exercer o poder sobre seus iguais], continua atual e pode fazer a diferença em todas as eleições, porque, "aquele que promove o poder de um outro perde o seu" (Maquiavel).






[1]  Tribuna Independente [de Alagoas] – Tribuna Cooperativa , 06/jul/2012

8 comentários:

  1. Importante ressaltar a apatia dos cooperados no que diz respeito a sua prática cooperativista. Toninho

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  2. Estimado Marcos,
    Parabéns pela escrita continuada de artigos que convidam para uma reflexão sobre o Brasil que temos e o Brasil que queremos.
    Abraços
    Mário Amorim

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  3. Parabéns,Toninho e Mário, pelos oportunos comentários. Vera

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  4. As manifestações que ora ocorrem e esse texto têm em comum a indignação com os serviços de má qualidade. Oto

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  5. Cooperado chega de apatia!Maria

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  6. Uma vez mais nos brinda um texto reflexivo, parabéns colega. Marcelo

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  7. Li e enviei para outros colegas. Tonho

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  8. Texto Realmente muito bom e inteligente! Paulo josé - Adm Pública PROESP

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