Marcos Antonio Dantas de Oliveira
Esse é o desafio aos mais de 03 milhões de alagoanos, entre eles, os agricultores e extrativistas familiares. Pois, uns poucos ricos, homens e mulheres acumulam os bens primários [riqueza, renda, liberdade, inteligência, lazer, inovação, terra, felicidade...] – Em Alagoas, “cerca de 1% da população sustenta mercado do luxo”- Alagoas possui uma das frotas de veículos mais novas do país. (Tribuna Independente, 19/abr/2009).
Enquanto uma maioria de outros homens e mulheres ora na cidade, ora no campo, é destituída desses bens – quase 1,7 milhão de alagoanos vivem na condição de pobre com renda de até 1/2 salário mínimo per capita domiciliar – e até dos serviços essenciais: educação, saúde, seguridade social e de pesquisa agropecuária e extensão rural – “Hoje nossa principal luta é para a implantação da empresa pública de assistência técnica”, afirma Genivaldo de Oliveira, presidente da FETAG (Gazeta de Alagoas, Rural, 31/12/2010) –, e atinge em cheio: crianças, adolescentes, idosas, mulheres, pretas, e agricultores e extrativistas familiares.
Essa condição é agravada pela malversação do dinheiro público [“Alagoas recebe cerca de R$ 6,5 bilhões, dinheiro para a educação, saúde e outras áreas menos conhecidas. R$ 2,6 bilhões, ou seja 40% são desviados quase sempre, para os bolsos dos prefeitos”, (CGU, O jornal, 03/01/2009)], e ausência do Estado – que repercute negativamente em Dois Riachos [renda per capita de R$ 244]: “sem emprego, muitos jovens precisam deixar o município, e os que ficam, quase sempre terminam se envolvendo com drogas” (Gazeta de Alagoas, 30/01/2011) – Alagoas detém os piores indicadores sociais.
O enfrentamento dessa situação – concentração de poder, renda, consumo dos recursos naturais e a relação mal resolvida entre citadinos e rurícolas – tem como ponto de partida uma posição original na distribuição da riqueza privada e pública, tanto por parte dos poucos ricos e citadinos em abdicar do seu crescente consumismo supérfluo, como por parte dos rurícolas, de maioria pobre, em continuar com suas vidas precárias.
É uma tarefa difícil que pode ser solucionada pela sabedoria, parcimônia, desinteresse mútuo de homens e mulheres livres ao pensar, perguntam: desenvolver e sustentar quem? O quê? Quando? Até quando? No dia a dia é uma árdua tarefa, ainda mais sob a influência de uma mídia global e poderosa que estimula padrões de consumo que poucos podem ter; inclusive a maioria citadina, também.
Aos agricultores e extrativistas familiares, à questão central é que avanços na melhoria de suas posições sociais necessitam também de estímulos de suas representações, para um máximo necessário de satisfação das necessidades básicas e assim afaste-os da exclusão e da marginalização; um máximo de recursos e tecnologias para o uso, conservação e preservação dos biomas, biótopos e biótipos e assim assegure o fluxo dos ciclos naturais e de seus sistemas produtivos; um máximo de recursos, capacidades e políticas públicas para que essas categorias sejam capazes de reivindicar o direito de manifestar sua própria identidade e cumprir com seus deveres.
Ao contrário, a desigual distribuição dos bens primários continua legitimando e contribuindo para piorar a vida da classe E [até 02 salários], de maioria rurícola; pois na classe A [mais de 30 salários mínimos], por exemplo, a vida é nababesca, com muito luxo e luxúria.
Solucionar esse comportamento antissocial só dialetizando, via esfera pública, os problemas e as soluções.
Então, pela liberdade individual e pela cidadania igual vida digna ao agricultor e ao extrativista familiares [...quilombola, caboclo e índio] que livres estabelecem relações de proximidade com os ricos, citadinos e os consumidores de seus produtos e serviços artesanais; argumentem e defendam a significância de seus modos de vida com seus pares, e os visitantes; como protetores da natureza usem práticas eficientes em seus sistemas de cultivo, beneficiamento e distribuição de seus produtos; e como promotores de ascensão social desenvolvam uma sociedade livre e solidária.
E assim sustentem suas lógicas: terra e água [cultivos, natureza e mitos], trabalho [ocupação e mais-valia] e família [propriedade privada e sucessão, propriedade comum e patrimônio imaterial, renda e lazer], e as relações sociais com os homens e as mulheres em um mundo comum – espaço multidimensional e de intersujetividade humana –, hoje a amanhã.
Publicado pela Tribuna Independente, Maceió - Alagoas, 2011
Recomendado por um amigo, passei a ler seus textos a partir de hoje. Excelentes. Rodrigo
ResponderExcluirComo sempre oportuno, parabéns. Alexandre
ResponderExcluirEstou aprendendo cada vez mais sobre os problemas dos agricultores familiares. Edson
ResponderExcluirDivulgo sempre seus textos. Alice
ResponderExcluirOs comentários feitos sobre o texto mostram mostram a oportunidade para o debate sobre a importância da agricultura familiar. Helena
ResponderExcluirExcelente. Aldo
ResponderExcluirPara sustentar suas lógicas familiares o agricultor e o pescador precisam fazer o debate político, primeiramente. Geraldo
ResponderExcluirOs agricultores familiares precisam sustentar suas lógicas: terra e água [cultivos, natureza e mitos], trabalho [ocupação e mais-valia] e família [transmissão e posse, renda e cultura]como afirma o autor do texto, cidadania é a garantia de continuar no campo. Vitor
ResponderExcluirMarcos, aprecio bastante seus textos. Rui
ResponderExcluirSeus artigos estão sempre em alerta sobre a insustentabilidade social, política e ambiental dos agricultores familiares. Everton
ResponderExcluirGostei do que li.Helena
ResponderExcluirLeio e tenho recomendado a outros colegas. Fátima
ResponderExcluirGosto da contundência dos textos. Agnaldo
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