Marcos Antonio Dantas de Oliveira
A inclusão social é tão básica quanto os bens primários: liberdade, igualdade e fraternidade. Nesse aspecto, só compreendendo a condição humana é que os homens e as mulheres idealizam e protagonizam ações para romper a exclusão social: de brasileiros e de alagoanos, em particular de rurícolas, de agricultores e extrativistas familiares. E nesse sentido necessitamos nos interessar pelas pessoas que mal se abrigam, vestem, alimentam, produzem, consumem e se divertem no meio rural, e que ora vivem nessa vida caótica.
Esta compreensão deve estar posta para os citadinos ricos e mandatários como para os rurícolas e excluídos, para os governantes e governados e as instituições formais e informais não é só a possibilidade de aumentar a comunicação entre essas pessoas, mas sim de fazer cooperação para melhorar às condições de suas vidas.
Então, o modo de pensar de adultos, adolescentes e crianças permitem aprender, desaprender e reaprender o texto e o contexto, o multidimensional e o multifuncional, o pluriativo e o complexo, o local e o global; isto é, as condições do comportamento humano e de suas atitudes em suas relações com o outro, com a natureza e com o mundo, pela compreensão mútua baseada na dialética e na liberdade individual.
De maneira que, os ricos alagoanos continuam consumindo com superficialidade e obsolescência precoce os bens e serviços originários dos recursos naturais como os bens produzidos. Os rurícolas, os agricultores e os extrativistas familiares, pobres e indigentes alagoanos, como se comportarão ao ter que abdicar de seus modestos sonhos: ter alimentos, vestuário, abrigo e renda? Como conviver com uma mídia global que valoriza o comportamento antissocial e estimula padrões de consumo que poucos podem ter?
E falta ao Estado [planejamento, execução e ordenamento] capacidade para asseverar ao homem e a mulher aprendizagem e respeito à natureza e a condição de vida de todos; e ao distribuir a riqueza privada e a pública encontrar o justo lugar da cada um, citadino e rurícola. Enfim, vida digna aos que aqui convive.
Aliás, os rurícolas, os agricultores, os extrativistas e suas famílias devem lançar mão de estratégias e metodologias para o enfrentamento de qualquer tipo de exclusão. Assim, o planejamento e a regulação [a cobrança de impostos, inclusive aqueles que ganham até 02 salários mínimos pagam mais impostos (Ipea)] da produção e do consumo se faz corrigindo, fiscalizando e punindo os infratores pela incorporação de inovações ecologicamente viáveis, pela escolha quanto à localidade das atividades humanas, como por meio de punições pelas infrações aos códigos estabelecidos, ora alterando, ora permanecendo os estilos de vida; por fim, a cidadania igual, ainda em ritmo lentíssimo entre essas categorias.
E o discurso do arcebispo de Maceió, Dom Antonio Muniz sintetiza a dura realidade dos pobres e indigentes: “Tenho dúvidas se os governantes [alagoanos] estão conscientes das necessidades do povo” (Gazeta de Alagoas, 27/fev/2009), em abertura da Campanha da Fraternidade. Portanto, colocar os bens primários: riqueza, renda, poderes, prerrogativas, inteligência, bases sociais do autorrespeito..., de forma incondicional a essas pessoas é assegurar-lhes um nível de vida compatível com a riqueza produzida em Alagoas.
Pode-se iniciar com a melhoria dos serviços essenciais: segurança pública, saúde, educação, pesquisa agropecuária e extensão rural, pois a dignidade do alagoano, do rurícola, do agricultor e do extrativista familiares e do pobre é indissociável das liberdade reais, e dissociável da escolha dos bens primários e da caridade dos ricos, a todos as obrigações impostas pelos encargos e benefícios da cooperação social. E para todos, indagações de como conduzir melhor suas vidas.
É uma tarefa difícil que pode ser solucionada pela sabedoria e parcimônia das pessoas, ao se perguntarem: desenvolver e sustentar o quê? Quem? Até quando?
Mudanças exigem dos rurícolas e das sociedades comportamento solidário sincrônico e diacrônico com as gerações, assentado em critérios de equidade social, eficiência econômica, prudência ecológica, diversidade cultural e espacial. Portanto, deve estar no cotidiano dos rurícolas – comerciantes, agricultores, extrativistas, caboclos, índios e suas famílias – esta compreensão.
As lições deixadas ao longo do processo civilizatório apontam claramente para a árdua tarefa, que é como convencer alguém viver numa democracia – promover os dirigentes à condição de povo.
Ou vá reclamar ao Bispo, também dos sem-terra que ocupam Estação Experimental da Secretaria de Estado da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário em Igaci e Arapiraca [e agricultura é prioridade].
Publicado pelo jornal: Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010.
Aprecio seus bons artigos. Eduardo
ResponderExcluirEsses textos contribuem não só para o entendimento de como vivem os agricultores e pescadores; esclarecem os problemas e as soluções. Adriana
ResponderExcluirAs invasões a prédios públicos são até normais, contudo ocupações longas como essas é sinal de desinteresse do governo com os agricultores, com esses grandes contribuintes. Benedito
ResponderExcluirUm texto em bom tom sobre a ineficiência do governo em resolver as invasões de prédios públicos. Sebastião
ResponderExcluirAo ler esses bons textos, comecei a repassar para colegas que trabalham nessa área. Alexandre
ResponderExcluirLeio com atenção seus pontos de vista sobre a situação do agricultor familiar. Adair
ResponderExcluirIndignado com a situação do agricultor familiar. Luís
ResponderExcluirPara ler e ser discutido por todos que vivem da agricultura familiar.Ernesto
ResponderExcluirGostei do que li, e ainda repasso a outros colegas de trabalho. Sofia
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