sábado, 6 de novembro de 2010

A URGÊNCIA da questão

Marcos Antonio Dantas de Oliveira


Como pôr fora de perigo à vida campesina?

Sendo capaz de criar mecanismos para o uso, conservação e proteção à natureza e de sustentar vida saudável, vida digna. Então, as pessoas, os governos e os demais agentes devem construir uma agenda de compromisso com estratégias para desenvolvimento sustentável [recurso natural, demografia, PIB, conflito, gestão e justiça social] do ambiente rural e citadino, diminuindo a precariedade social de mais 1,5 milhão de alagoanos que vivem na pobreza [ganhos de até 1/2 salário mínimo] e na indigência [até 1/4 salário], entre eles, agricultores, extrativistas e suas famílias, e aqueles que não são alcançados nem por essas condições, como os índios.

Ademais, os agentes econômicos e sociais têm melhorado a produtividade agrícola e industrial e alongado a expectativa de vida das pessoas nesses últimos 30 anos, têm produzido muita riqueza privada e pública, contudo continuam poucos interessados em mitigar os danos à preservação, conservação e ao uso dos recursos naturais [pelo lixo produzido, por aqueles que podem gastar]; à penúria social de centenas de milhares de alagoanos; e no diálogo entre as culturas orais e as letradas.

Aliás, atitudes e ações dos moradores rurais, agricultores, pescadores e extrativistas familiares para romperem esse ciclo perverso de vida indigna, são necessárias, pois a essência de suas vidas está ligada a uma teia de relações íntimas: de problemas e soluções, de desejos e prazeres ora sobre o viés econômico e social como mitológico e espiritual, inclusive sob o ponto de vista da riqueza dos seus patrimônios imateriais.

Sobretudo, porque, as ações e as políticas públicas sustentáveis [nos territórios da cidadania é o baixo valor per capita por metas e por indivíduos] requerem serviços de qualidade, inclusive os sociais [e entre eles, o serviço de pesquisa agropecuária e extensão rural, ora ineficaz]; e assim anulam à tirania discursiva e midiática dos benfeitores como à apatia dos beneficiários.

Esses fatos confirmam: em Alagoas estão os piores indicadores sociais do país.

E, para reverter este cenário, só entendendo as imperfeições do processo produtivo e consumista, e as perfeições gestadas pelos processos naturais. Assim, o rurícola, o agricultor e o extrativista familiares por suas fortes ligações com as manifestações culturais [do processo produtivo às festividades das colheitas, por exemplos] aprimoram seus modos de vida; ao regularem o uso dos recursos naturais, dos tributos, e o comportamento dos indivíduos – do perfil demográfico às categoria sociais; da posse à transmissão de bens, dos princípios ecológicos à economia.

Aliás, homens e mulheres, ao escolherem quais benefícios lhes interessam, constroem espaços de vida democráticos e identificados com a vida digna, com o patrimônio imaterial e a biodiversidade, salvaguardados – “Crianças aprendem noções de preservação ao meio ambiente (O Jornal, 18/mai/2010).

É desenvolvimento sustentável o resultado da combinação da equação: desenvolvimento econômico, prudência ecológica, equidade social, relevância cultural, políticas públicas e seus processos de planejamento, execução, avaliação, controle e correção. Por isso, o agricultor, o extrativista, o rurícola, o citadino e suas famílias necessitam ter liberdades reais para dialetizar os problemas e as soluções, e assim oportunizarem a distribuição dos benefícios e encargos da cooperação social.

Pois, neste mundo submetido a pressões ecológicas, econômicas e sociais cada vez mais fortes, só podemos esperar que o interesse pela vida digna produza algum impacto, se uma alta percentagem dos moradores, das sociedades e das nações aceitarem e adotarem: ideias e práticas emancipadoras, portadoras de uma consciência ecológica, comum a uma concepção de vida solidária – compartilhar os bens primários – felicidade, riqueza, renda, inteligência, autorrespeito e outros.

Aliás, é preciso construir e estabelecer um ordenamento em que os direitos e deveres patrimoniais, sociais, ecológicos e culturais sejam assegurados e ampliados, de modo que o indivíduo livre ocupe duas posições na sociedade: a cidadania igual e a posição na distribuição da riqueza, ora privada e pública.

Publicado pelo jornal:Tribuna Independente, Maceió – Alagoas, 2010.

10 comentários:

  1. Cada vez que leio esses excelentes artigos, mas acredito que a vida pode mudar para a grande maioria das pessoas. Fernando

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  2. Concordo com o autor. Ademar

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  3. Como é agradável ler os artigos desse blog aos domingos. Rita

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  4. Pela clareza do texto, é a dialética e a cidadania igual as ferramentas para avançar em posições sociais, avante agricultores. edgar

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  5. Aprecio sua forma de colocar problemas e soluções. Otávio

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  6. Uma boa pergunta: até quando os rurícolas vão continuar sem direitos? Antônio

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  7. É agradável ler esses excelentes artigos. Lúcia

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  8. Bem colocado: é a posição na distribuição da riqueza privada e da pública quem diz quem você é. Para avançar só exercitando a cidadania igual, Lourdes

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