Marcos Antonio Dantas
de Oliveira[1]
Em 2016, o Fórum
Econômico Mundial, divulgou um vídeo, “Você não possuirá nada. E será feliz”.
O exímio Homo
sapiens sapiens e as instituições políticas e econômicas extrativistas
têm empregado as think tanks (instituições de diferentes naturezas: podem ser
autônomas ou ligadas a governo, universidades, fundações, partidos políticos ou
ao setor privado) e stakeholders que atuam em diversas áreas:
segurança internacional, globalização, governança, economia internacional, meio
ambiente, informação (Era Digital), sociedade, mercado, marketing, redução de desigualdades, educação, saúde para atingir seus objetivos e metas; por conseguinte, demarca e mantém o
caos – oportuno e necessário abismo social entre os vários
segmentos da sociedade: homens e mulheres, ricos e pobres, brancos e índios,
brancos e pretos, índios e pretos escolarizados e analfabetos, príncipes e
servos. E, inexoravelmente, sem nenhuma razoabilidade exacerba o afeto insociável, como nos
ensina Adam Smith.
O Homo sapiens
sapiens apropria-se das instituições políticas e econômicas extrativistas
para exercer uma vigorosa ditadura para o (des)conforto de suas vidas, usa seus
julgamentos de valor que baseados na sua posição privilegiada e na "ética" de
compadrio engendra seus desejos e demandas como direito secular; uma cultura
senhorial, que usa o consumo como ferramenta para enfraquecer ou aniquilar
outrem.
Pois bem, a ditadura
da minoria assegura seu bem viver pelo fortalecimento das instituições
políticas e econômicas extrativistas, é uma ditadura exercida por pouquíssimas
pessoas que ajudam a devastar a natureza pela forma mais degradante de consumo
– ouro em pias e em ralos – a opulência [aqui se mede o tamanho da desigualdade
pela avareza, soberba, luxúria], ora por excesso de prerrogativas econômicas e
patrimoniais. Esses ditadores, ademais, usam suas influências e controles
para negar a muitos outros indivíduos a realização de suas preferências temporais individuais e
coletivas; bem como impossibilitá-los de exercitar o livre-arbítrio em todas as instâncias do fluxo circular da vida
humana, e assim provocarem danos irreversíveis aos biótipos, biótopos e
biomas, e com rigor a existência de muitas e muitas pessoas, mulheres e
crianças, severamente; nesse caso, surge uma ditadura da maioria imposta
por essas muitas e muitas pessoas que também devastam a natureza, ora pela forma mais
decidida de resistência – lenha para cozinhar, aquecer e vender – a
sobrevivência.
Essa ditadura da maioria, por certo, também se mede pela falta ou insuficiência de prerrogativas econômicas e patrimoniais e nessa condição há pelo menos 3 milhões de agricultores familiares presentes em todos os estados, desses 3 milhões, a maioria estão nos estados nortistas e nordestinos, inclusive, pela maior necessidade e oportunidade de um serviço estatal e não estatal de pesquisa agropecuária e extensão rural eficiente. Logo, esses 3 milhões vivem precariamente por não usufruir de bens primários, seus julgamentos de valor estão aprisionados pelas éticas de compadrio postas pelos mandatários dessas instituições extrativistas.
O exímio Homo sapiens sapiens, então, tanto na ditadura da minoria quanto na ditadura da maioria usa o exercício arbitrário; um utiliza o poder, age como condutor do controle social; o outro utiliza a troca (recompensas), age como chefe e faz o controle social, esses controles sociais são comuns nas suas instituições extrativistas políticas e econômicas, enquanto a poderosa ditadura da minoria detém muita riqueza e renda privadas, a frágil ditadura da maioria detém pouca riqueza e rendas privadas. Todavia, em ambas, o onipresente Estado coercitivo e compulsório está presente com sua vigorosa e rigorosa logística para fazer valer o império da lei.
É o exímio Homo
sapiens sapiens que emulando, competindo e cooperando pacífica e
espontaneamente nessa era digital interage como líder, usa a autoridade para
atingir a meta coletiva, e utiliza as think tanks e stakeholders para
levarem suas instituições inclusivas políticas e econômicas à prosperidade e ao
bem viver, salvaguardadas em Aristóteles pela ‘philia’, vínculo de
união ou de interesse entre os homens e pelo Estado de Direito – que
"significa que todas as ações do governo são regidas por normas
previamente estabelecidas e divulgadas – as quais tornam possível
prever com razoável grau de certeza de que modo a autoridade usará seus poderes
coercitivos em dadas circunstâncias, permitindo a cada um planejar suas
atividades com base nesse conhecimento" (HAYEK)”.
É o Homo sapiens sapiens no exercício de sua individualidade, virtudes e vícios –, pois "ação é a vontade posta em movimento e transformada em força atuante; é almejar fins e metas; é a significativa resposta do ego aos estímulos e às condições de seu ambiente; é o consciente ajuste de uma pessoa ao estado do universo que determina a sua vida", diz Mises – que pode e deve solucionar essas divergências ao exercitar o Estado de Direito e participar do banquete da liberdade individual para realizar suas preferências temporais, individual e coletiva, hoje e amanhã, livre numa ordem ampliada – ou “Você não possuirá nada. E será feliz”.
[1] Mestre em Desenvolvimento Sustentável, Engenheiro Agrônomo,
professor da Universidade Estadual de Alagoas/UNEAL, membro da
Academia Brasileira de Extensão Rural/ABER, dirigente sindical, articulista da
Tribuna Independente/Alagoas, Blog: sabecomquemestafalando.blogspot.com