Marcos Antonio
Dantas de Oliveira
Ao longo do processo evolutivo das espécies, a humana – homens e mulheres – tem
usado a comunicação [as redes sociais], uma poderosa ferramenta para perpetuação da espécie e de
aproximação entre si, sobretudo, em busca da concertação do bom convívio
social. Desse modo, eles e elas inventam e reinventam todos os dias as relações
sociais, reconhecendo nelas os conflitos, os diálogos e a confiabilidade das
alianças, que acabam, em alguns casos, se tornando marcas distintivas. É assim
que a Extensão Rural brasileira também se reproduz.
A história da Extensão Rural, nos últimos 66 anos, tem tido o reconhecimento da
sociedade, dos governos, dos organismos não governamentais, da academia, dos
rurícolas e, especialmente, dos agricultores e extrativistas familiares
[beneficiários da Lei 11.326 - estabelece os conceitos, princípios
e instrumentos destinados à formulação das políticas públicas direcionadas à
Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais], e
de suas famílias e organizações. É motivo de regozijo para os extensionistas,
homens e mulheres, que se dedicam diuturnamente a essa atividade, sobretudo,
pela busca incessante aos bens primários – autoestima, inteligência, imaginação, saúde e vigor, oportunidades, renda, riqueza, liberdades,
direitos, segundo Rawls (2002), ao bem-estar daqueles a
quem destinam seu esforço.
Esses extensionistas, num esforço continuado para servirem a comunidade, saem
de suas casas e se juntam a quatro dezenas de milhões de agricultores,
extrativistas, povos e comunidades tradicionais, homens, mulheres, jovens,
crianças e idosos, para emular assuntos importantes sobre seus estilos de vida,
sob a guarda do artigo 186 da Constituição Federal [da função social da
propriedade], do Estatuto da Criança e do Adolescente e da Lei Geral de ATER,
buscando pôr fora de perigo a perpetuação do bem-estar social e afetivo destas
categorias, em suas unidades geográficas e sociais, novas ou não; e
assegurar-lhes o acesso e o aumento da riqueza privada e da pública, amparado
em princípios ecológicos – interdependência, cooperação, reciclagem,
flexibilidade, diversidade, parceria.
Enfim, os extensionistas têm participado na
composição, decomposição e recomposição das relações sociais, econômicas e
culturais com os beneficiários da lei 11.326, e outros rurícolas, comunidades
rurais e citadinas, no estreitamento dessas relações, até mesmo através das
relações de compadrio, pois há um sentimento de pertencimento, um senso de
justiça que se cristaliza na possibilidade de servir, construir, relacionar-se com
os demais, em especial, com aqueles que precisam da liberdade individual e da
cidadania igual para melhorar suas posições sociais.
A marca distintiva da Extensão Rural, mesmo com as especificidades
regionais, é rigorosamente o/a extensionista – o sacerdócio de dezenas de
milhares de mulheres e homens extensionistas, pelo respeito que constroem nas
comunidades em que trabalham e divertem-se; e pelo autorrespeito animam o
serviço de Extensão Rural – Essa marca distintiva é sustentada também pelo
relacionamento com outros milhares de agentes sociais e econômicos. Sobretudo,
pode-se apurar uma característica vigorosa na relação
extensionista/extrativista e agricultor, comunidade e povo tradicional a intensa relação de confiança.
E a extensão rural, enquanto ofício de dezenas de milhares de extensionistas
país afora, necessita de luz própria que clareie este serviço, de forma
permanente e continuada, propiciando assim aos rurícolas, em especial, os
beneficiários da Lei 11.326 e técnicos bem-estar social, econômico e ecológico.
E o serviço de extensão rural, ora representado, tanto pela ASBRAER
[representação das entidades estaduais patronais], pelas ONGs, pela FASER
[representação das entidades estaduais dos extensionistas] e pela ABER que,
para exercerem seus papéis, têm encontrado dificuldades para operacionalizar
suas atribuições – PRECISA-SE DE LUZ.
Por isso, ainda adultos,
precisamos de vagalumes. Assim, recorremos à nossa memória de infância e nos
damos conta de quando corríamos atrás deles, os colocávamos em caixa de fósforo
e os soltávamos em nossos quartos para iluminá-los. “Sentíamos a segurança de
ter uma luz que nos conduzia para os nossos sonhos”, sentencia o extensionista,
Diogo Guerra, em seu livro de crônicas: Um Vaga-lume na escuridão.
A essa atuação cheia de significados [sacrifícios, realizações e prazeres], a
esse aprender a conhecer; aprender a fazer; aprender a ser; e aprender a viver
juntos, “onde a compreensão é a só tempo meio e fim da comunicação” [MORIN,
2000], que a ASBRAER, a FASER e a ABER, vaga-lumes emulem a história, a
identidade e a cultura extensionista.
Desejo vida longa ao Vagalume
Extensionista, mulher e homem [Salve 06 de dezembro]. Em especial aos doutorandos
em Extensão Rural da UFSM/RS – Paixão, Gelson, Neimar e Naiara.